Áreas cerebrais do Macaco
Prego (Cebus apella Linnaeus, 1766)
LADD, F,V,L; SILVA, R.A;
FERREIRA, J.R
UFG/ Campus Avançado de
Jataí – Coordenação de Ciências Biológicas
fernandobiolobo@yahoo.com.br; / corrosi@pop.com.br
Palavras chave: Morfologia,
Neuroanatomia, Cérebro, Cebus Apella
Introdução:
A pesquisa morfológica de uma espécie tão bem adaptada
à biomas brasileiros como o Cebus apella contribui
para o desenvolvimento da morfologia comparada e evidencia o senso de
conservação de um patrimônio genético importante da ordem dos primatas. Ao
realizar um estudo anatômico comparativo, somos capazes de tecer relações
filéticas e compreender as conexões que ainda estão ocultas no processo de
similaridade evolutiva, bem como obter dados para inferir conclusões sobre a
organização espacial e estrutural que relacionam as inumeráveis espécies
existentes, podendo então definir
homologizações entre os grupos animais (Gillilan,1967, 1982). Watanabe & Madeira (1982), afirmam
que a encefalização dos cérebros dos primatas tem sido descrita por vários
autores, mas existem poucas referências sobre encefalização do Cebus apella. Este trabalho, possui
importância impar, porque descrevemos anatomicamente as áreas cerebrais do macaco
prego (Cebus apella, linnaeus 1766) destacando
seus lobos, sulcos, fissuras e giros. Analisando a organização cerebral do Cebus apella podemos construir
comparações evolutivas e estruturais com primatas incluindo o homem, porque “seria
bem difícil resolver os inumeráveis problemas que apresenta a anatomia do corpo
humano sem os considerar, ao mesmo tempo em todos os primatas”, (Antony et al 1948).
Metodologia:
Para esta pesquisa foram utilizadas no total trinta
(30) peças de hemisférios cerebrais do Cebus apella divididos em dezessete (17)
hemisférios esquerdo e treze (13) hemisférios direito, obtidos separados. Essas
peças foram provenientes do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, que pertenciam ao acervo
de material de pesquisa, atualmente as peças se encontram armazenadas no
Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Goiás de onde foram transportadas para o Campus Avançado de Jataí,
local de realização do estudo.
Utilizamos
técnicas de dissecação macroscópica sob mesoscopia de luz. Durante a dissecação
confeccionamos os esquemas e fotografamos as peças para ilustrar o aspecto da
disposição dos sulcos, giros e fissuras presentes em cada hemisfério. Através
destes esquemas identificamos e evidenciamos os principais sulcos e giros
observados numerando–os e nomeando–os, de acordo com os trabalhos realizados com
primatas descritos por Hershkovitz (1948); Hill (1966) e Le Gross Clark (1962).
Todas as peças foram analisadas nas vistas: lateral, medial, cranial e caudal.
Após dissecadas, esquematizadas e fotografadas, armazenamos as peças em frascos
lacrados e identificados contendo solução aquosa em álcool 70% para conservação
e manutenção.
Resultados e discussão:
Os sulcos encontrados na observação da
superfície lateral foram: O sulco rectus em 100% no antímero direito e 88% no
antímero esquerdo; o sulco frontal médio
em 46% no antímero direito e 53% no antímero esquerdo; sulco ramo horizontal
pré-central em 92% no antímero
direito e 82% no antímero esquerdo;
sulco superior subcentral em 77% no antímero direito e 71% no antímero
esquerdo; sulco arcuatus em 100% no antímero direito e 100% no antímero
esquerdo; sulco lateral em 100% no
antimero direito e esquerdo; sulco paralelo
em 100% nos antimeros direito e esquerdo; o sulco temporal inferior em 85% no antímero direito e 100% no antímero
esquerdo; sulco central em 100% nos antimeros direito e esquerdo; sulco
intraprietal em 100% nos antímeros direito e esquerdo; o sulco angular em 100%
no antímero direito e 94% no antímero esquerdo; sulco pré-occipital transverso
em 54% no antímero direito e 53% no antímero esquerdo; sulco occipital
transverso ou lunatus em 100% nos antimeros direito e esquerdo; sulco occipital
médio em 92% no antímero direito e 35% no antímero esquerdo; sulco occipital
inferior em 100%, antimeros direito e esquerdo; sulco occipital superior em 62%
no antímero direito e 35% no antímero esquerdo; sulco parieto-occipital em 77%
no antímero direito e 71% no antímero esquerdo; o sulco temporal transverso em
46% no antímero direito e 65% no antímero direito; o sulco pré-central superior
em 23% no antímero direito e 24% no antímero esquerdo; o sulco frontal superior
em 31% no antímero direito e 12% no antímero esquerdo; o sulco pós-central
superior em 17,5% no antimero esquerdo e 7,7% no antimero direito. Descrevemos os
seguintes giros na superfície lateral: frontal, frontal médio, triangular
frontal, frontal superior, pré-central, central, pós-central, intraparietal,
angular, occipital transverso, occipital superior, occipital médio, occipital
inferior, temporal superior, temporal inferior.
Os sulcos encontrados na superfície
medial foram: O sulco occipital inferior cuja origem é na superfície medial em
62% no antímero direito e 41% no antímero esquerdo; o sulco parieto-occipital cuja
origem é na superfície medial em 92% no antímero direito e 100% no antímero
esquerdo; o sulco temporal transverso cuja origem é na superfície medial em 46%
no antímero direito e 71% no antímero esquerdo; o sulco calcarino ocorre em
100%, nos antimeros direito e esquerdo; sulco para-calcarino em 92% no antímero
direito e 100% no antímero esquerdo; sulco retro calcarino em 92% das
observações no antímero direito e 94% no antímero esquerdo; sulco
colateral em 85% no antímero direito e
100% no antímero esquerdo; sulco occipito-temporal em 85% das observações no
antímero direito e 100% no antímero esquerdo; o sulco caloso marginal em 100%
nos antimeros direito e esquerdo; o sulco rostral em 77% no antímero direito e
53% no antímero esquerdo; sulco rinal em 100% nos antímeros direito e esquerdo.
Os giros descritos na superfície medial foram: paracalcarino, retrocalcarino,
occipito temporal, cíngulo e rostral.
Conclusão:
Consideramos
que o lobo frontal apresenta maior grau de complexidade morfológica em relação
à quantidade de sulcos, comparado aos lobos parietal, temporal e occipital.
Destacamos que os sulcos lateral, paralelo, central, intraparietal e lunatus na
face lateral do hemisfério cerebral são constantes, enquanto os demais sulcos,
variam de forma nos antímeros. Na vista medial em 100% encontramos os sulcos
parieto-occipital, caloso marginal e calcarino. A configuração morfológica dos
giros, a presença ou ausência dos sulcos e suas variações indica-nos a
complexidade de área do córtex cerebral, pois os lobos do cérebro no Cebus apella apresentam diferenças na
organização estrutural. Os sulcos variam em suas profundidades nas regiões especializadas da visão e da área motora
indicativo da importância destes aspectos para o comportamento desta espécie.
Referência
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Pesquisa financiada pelo CNPq.