Número de cadastro PRPPG:1900000085
NOVA METODOLOGIA PARA A OBTENÇÃO DE TITANATOS DE SÓDIO E
ALGUMAS MODIFICAÇÕES.
Sousa, B. W.; Nunes, L. M.*; Cunha, G. O.
UFG-Instituto de Química
Resumo
A fim de minimizar alguns inconvenientes da
reação no estado, uma nova metodologia, denominada de método Pechinni, foi
utilizada na síntese do trititanato de sódio. A reação no estado é a mistura estequiométrica do TiO2 e o
carbonato de sódio, aquecida à temperatura de 800 ºC por 40 h. No processo
Pechini, a reação ocorreu pela quelação dos cátions metálicos (isopropóxido de
titânio e carbonato de sódio) pelo ácido cítrico. Os citratos foram homogeneizados
em etileno glicol, seguido pela polimerização à 350ºC por 1 hora e calcinado.
Os resultados confirmaram a eficiência das metodologias, embora o método
Pechini seja retratado como uma metodologia no qual é possível controlar a
formação de fase indesejada, este não foi o comportamento observado para a
síntese desse lamelar. Assim, a síntese via o estado sólido foi priorizada na
obtenção do titanato de sódio. A matriz alcalina obtida, foi submetida ao
processo de troca iônica para obtenção da matriz ácida, e esta foi submetida à
reação de intercalação com as aminas, Os resultados das análises,
mostraram eficiência. O processo de
inserção de íons Cr3+, apresentou a seguinte seqüência quanto ao
número de mols fixos: alcalina < ácida < octildiamina <
3aminopiridina.
Palavras-chave: titanatos, lamelares, intercalação.
Introdução
Os sólidos lamelares são assim denominados em
razão de sua estrutura ser formada por camadas de átomos ligados entre si, no
mesmo plano, por ligações covalentes, e numa direção perpendicular por forças
de van der Waals,1,2devido às fracas forças que unem um plano a
outro, é possível introduzir entre eles, íons ou moléculas de diversos tamanhos
para alterar as propriedades físicas, químicas e mecânicas de uma ou de ambas
as partes, conseqüentemente poderá haver aumento no espaço interplanar, sendo
assim, os compostos lamelares podem ser utilizados como trocadores iônicos e
compostos de intercalação. (CLEARFIELD
A. et al., 1982).
A
estrutura lamelar do trititanato de sódio (Na2Ti3O7)
é constituída por três octaedros de TiO6 compartilhando
extremidades, os quais são unidos a blocos semelhantes acima e abaixo formando
um ziguezague de octaedros. Assim, as lamelas tornam-se carregadas
negativamente, e a região interlamelar é ocupada pelos íons sódio.
O processo de troca iônica é utilizado para
alterar as propriedades ópticas e elétricas dos sólidos, e dependem da natureza
do cátion e sua concentração. Muitos compostos de características lamelares
estão sendo estudados devido as suas propriedades semicondutoras e catalíticas (CHOY J. H
et al.,1995).
O método convencional para obtenção destes
titanatos é conhecido como reação no estado sólido4, no qual é
realizada a mistura de óxidos em temperaturas superiores a 800ºC. Entretanto,
este método pode apresentar alguns inconvenientes, tais como: baixo controle
estequiométrico, formação de fases indesejáveis e dificuldade no controle do
tamanho de partículas.
O método Pechini consiste inicialmente na
obtenção de um quelato formado entre o cátion metálico e um ácido carboxílico
como o ácido cítrico. Posteriormente, este quelato é polimerizado utilizando um
poliálcool, ocorrendo a formação de um poliéster, que possui na sua estrutura,
complexos de íons metálicos homogeneamente distribuídos (KAKIHANA M et al., 1996).
Metodologia
Síntese do
trititanato de sódio pelo Método Pechini
Para a preparação do citrato de titânio foi dissolvido em 500mL de água, 19,7g de
ácido cítrico hidratado sob agitação constante. Após total dissolução do ácido,
foi adicionado 8,6 mL de isopropóxido de titânio. Essa solução ficou sob
agitação por três dias, a temperatura ambiente. A quantidade de titânio
presente no citrato foi determinada por análise gravimétrica, utilizando 2,0 mL
do citrato a temperatura de 1000 ºC por 1 hora, o qual resultou em 2,66x10-3
g/mL de TiO2.
A síntese do trititanato de sódio foi realizada
utilizando 100 mL do citrato (3,37 x10-3 mol de titânio), 1,34 g de
carbonato de sódio, 16,0 g ácido cítrico e 6,2 mL de etilenoglicol, sob
agitação constante e temperatura de 65ºC. Após a dissolução, a temperatura foi
aumentada para 110ºC para reduzir o volume da solução à metade, obtendo-se um
gel, o qual foi calcinado lentamente até a temperatura de 350ºC por 1 hora,
obtendo dessa forma o “puff” que foi macerado e calcinado por 1 hora a 900ºC.
Síntese do
trititanato de sódio pela Reação no Estado Sólido
Os titanatos foram obtidos utilizando quantidades estequiométricas
do óxido de titânio e o carbonato de sódio em um cadinho de platina e aquecido
a 800ºC por 20 horas, após esse tempo, a mistura é agitada, homogeneizada e
novamente aquecida por 20 horas à 800ºC.
Síntese da matriz
ácida H2Ti3O7
A matriz ácida
foi obtida pela troca iônica do íon sódio da matriz alcalina pelo íon
hidrogênio do ácido clorídrico. Neste procedimento, foi utilizado 1,0g da
matriz alcalina para 20,0 cm3 de uma solução 3,0 molL-1 de
ácido clorídrico, sob agitação mecânica constante, e à temperatura de 60 ºC.
Após três dias, o material foi separado por centrifugação, lavando com água
destilada a pH entre 5,0 - 6,0 e seco a 35ºC com umidade relativa de 70%.
Intercalação da
matriz ácida por moléculas orgânicas
Após a obtenção e caracterização da matriz
ácida, foram realizadas as reações de intercalação com as aminas octildiamina,
3-aminopiridina e piperazina. Para tanto, adicionou-se a 4,0g da
matriz ácida H2Ti3O7 a 200 cm3 de solução da amina 0,3 mol L-1,
sob agitação constante em temperatura de 60º C por 10 dias. O material foi
separado por centrifugação e lavado com água destilada até pH 7,0 e seco a
temperatura de 40ºC.
Inserção do íon
Crômio (III)
O processo de inserção do íon crômio nas matrizes alcalina, ácida
e intercaladas (octildiamina e 3-aminopiridina) foram realizados pela suspensão
de 0,15 g das matrizes em 20,0 mL da solução aquosa do íon crômio 0,1molL-1.
O sistema foi mantido sob agitação mecânica orbital durante 4 horas em banho
termostatizado a 30 ºC. Em seguida, o material sólido obtido foi separado por
centrifugação, lavado com água destilada e seco a temperatura de 40 ºC.
Resultados e Discussão
Os sólidos foram analisados por difração de raios x, o Na2Ti3O7,
obtido pela reação no estado sólido e
pelo método Pechini apresenta o conjunto de picos característicos da formação
da fase desejada, referente à distância interlamelar de 8,34 Å. A análise da
matriz ácida obtida, mostra um conjunto de picos característicos da formação da
fase desejada, referente à distância interlamelar de 8,7 Å, caracterizando a
formação da estrutura lamelar.
O processo de intercalação com a
octildiamina promoveu um aumento
líquido de 7,9 Å, na distância interlamelar da matriz. Entretanto,
observa-se que o processo de
intercalação não foi homogêneo na
superfície do sólido, uma vez que é possível observar a coexistência do pico
característico da matriz, localizado em 2q = 10,1º. Os espectros de infravermelho
mostraram presença dos grupos aminados, nos sólidos intercalados com a
3-aminopiridina. A intercalação com piperazina não apresentou bons resultados.
A
inserção dos íons crômio é mais eficiente na matriz com aminopiridina, isto é,
duas vezes maior que nas demais superfícies. Partindo do pressuposto que a
amina não se encontra na região interlamelar, e sim na superfície do sólido,
parte desses íons metálicos estariam adsorvidos nas aminas e parte teria sido
trocado pelos hidrogênio presente no interior da lamela.
Conclusões
De modo geral, a
metodologia proposta por Pechini não foi eficiente na síntese do trititanato de
sódio. Como conseqüência disso, a avaliação dos processos de intercalação e da
troca iônica em relação as diferentes metodologias torna-se impraticável, uma
vez que os sólidos obtidos pelo método Pechini apresentam fases indesejáveis..
O processo de
intercalação ficou evidente para com a octildiamina, onde foi observado aumento
da distância interlamelar. Entretanto, o processo com a aminopiridina não
promoveu nenhuma modificação no difratograma de raios X, sugerindo que a amina
esteja na superfície da matriz. Por outro lado, esta superfície foi a mais
eficiente na adsorção de íons crômio. Quando ao processo com a piperazina,
nenhuma evidência foi observada quanto à presença da mesma no sólido. A
intercalação das moléculas orgânicas na matriz ácida mostrou bons resultados
exceto para a piperazina.
A adsorção do íon
Cr3+ apresentou melhores resultados para a matriz intercalada com
3-aminopiridina.
Referências Bibliográficas
CLEARFIELD A. ; Inorganic Ion
exchange Materials, CRC Press, Boca Raton, Florida, 1982.
CHOY J. H., HAN Y. S., PARK N. G., KIM H. ; Synthetic Metals, 71 (1995) 2053
KAKIHANA M. ; J. Sol-Gel Sci and
Tech., 6 (1996) 7.
Agradecimentos
Agradecemos
ao CNPQ e à FUNAPE pelo incentivo à pesquisa e pelo suporte financeiro.