N º cadastro : 2300000069

Avaliação da atividade antifúngica de extratos de plantas sobre o crescimento de fitopatógenos

COSTA, A. R. T. ;  BARA, M. T. F

Laboratório de Farmacognosia, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Goiás

anetrento@uol.com.br; mbara@farmacia.ugf.br

 

Palavras-chave: fitopatógenos, antifúngicos, extratos de plantas.

 

Resumo

O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antifúngica de extratosde aroeira, araticum, cravo-da-índia, copaíba, lobeira, pequi, pitanga, neene orégano sobre o crescimento de fungos fitopatogênicos, como Fusariumoxysporum, Fusarium solani, Macrophomina phaseolina, Rhizoctonia solani eSclerotium rolfsii. Os extratos foram adicionados ao meio de cultura naconcentração de 1% (v/v). O extrato bruto de cravo-da-índia levou a uma completainibição de F. oxysporum, F. solani, R. solani e S. rolfsii. Esta planta foiselecionada para ensaios, nos quais se utilizou o seu óleo essencial. Aconcentração inibitória mínima (CIM) obtida foi de 0,05% (v/v). Por meio decromatografia gasosa comprovou-se a presença de eugenol como componentemajoritário da essência de cravo. Para se investigar o efeito deste compostosobre as células fúngicas, as culturas foram colocadas em contato com aessência numa concentração de 0,15% (v/v) e, após 12 horas de incubação, foramobservadas em microscópio óptico ou reinoculadas em meio de culturaágar BDA. Observou-se que o óleo de cravo demonstrou uma atividadefungicida para F. oxysporum, F. solani, R. solani e S. rolfsii.Paralelamente, constatou-se a presença de intensas alterações morfológicasnas hifas, tais como desorganização da parede celular e presença de vacúolosno citoplasma.

 

Introdução  

 A agricultura moderna vem implementando estratégias a fim de  minimizar o uso de produtos sintéticos no controle fitopatógenos. O desenvolvimento de pesquisas com extratos de plantas representa uma possibilidade de substituição dos agroquímicos e pode contribuir para o uso de novos agentes pesticidas.O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antifúngica de extratos de plantas sobre fitopatógenos; assim como investigar os possíveis compostos químicos relacionados com essa atividade.

 

Material e Métodos

Os fitopatógenos estudados foram Fusarium oxysporum, Fusarium solani, Macrophomina phaseolina, Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii, sendo que os fungos foram inoculados em placas de Petri cujo meio de cultura utilizado foi o BDA, sendo mantida a temperatura ambiente. As plantas utilizadas foram: Aroeira (M.urundeuva), Araticum (A.crassiflora), Copaíba (C.langsdorffii), Lobeira (S.lycocarpum), Pequi (C.brasiliense), Pitanga (E.uniflora), Cravo-da-índia (S. aromaticum), Neen (A.indica) e Orégano (O. vulgare). A obtenção do extrato bruto etanólico foi feita por maceração a frio em etanol 96% das plantas dessecadas, seguida de rotaevaporação.

 Para avaliar a bioatividade dos extratos, estes foram adicionados ao meio de cultura ágar BDA numa concentração de 1% (v/v). Foi selecionado o cravo-da-índia para novos estudos, cujos botões florais foram submetidos a um tratamento de hidrodestilação, e a sua fração volátil foi acrescentada em concentrações variadas ao meio BDA, para se determinar a concentração inibitória mínima (CIM).

Paralelamente foi feita a cromatografia gasosa deste óleo, para identificar seus componentes químicos e também foram realizados ensaios com eugenol purificado (Sigma), para se buscar correlacionar sua atividade antifúngica à do óleo essencial. 

Para se investigar o efeito antifúngico do óleo de cravo, as culturas foram colocadas em contato com o mesmo numa concentração de 0,15% (v/v), em meio de cultura caldo Sabouraud. Após 12 horas de incubação, as culturas foram observadas em microscópio óptico acoplado a um sistema de captura de imagens. Posteriormente foram feitos ensaios consistindo da reinoculação em ágar BDA dos discos contendo micélios tratados com cravo, para se investigar o potencial fungicida ou fungistático deste óleo.

 

Resultados e Discussão

O extrato bruto de cravo-da-índia a 1% demonstrou uma acentuada atividade antifúngica, inibindo completamente  Fusarium oxysporum, Fusarium solani, Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii. Em função deste resultado, foram realizados experimentos com o óleo essencial dessa planta, nas concentrações de 1%, até se determinar a CIM. A CIM obtida para o óleo essencial de cravo da índia foi de 0,05% (v/v). Orégano, neen e copaíba mostraram-se pouco eficazes contra os fungos estudados, enquanto as outras plantas não apresentaram nenhuma atividade antifúngica.

Por meio de cromatografia gasosa comprovou-se que o composto majoritário do óleo essencial de cravo-da-índia é o eugenol, sendo atribuído  a este composto o efeito antifúngico, uma vez que num ensaio realizado com eugenol purificado (Sigma), observou-se o mesmo resultado.

Ao se investigar o efeito do óleo de cravo-da-índia sobre o crescimento dos fungos F. oxysporum, F. solani, R. solani e S. rolfsii  verificou-se o seu efeito fungicida, uma vez que reinoculando-se  de discos contendo o micélio dos fungos em ágar BDA, após incubação de 12 horas em meio líquido,  não houve uma  retomada do crescimento fúngico. Além disso, pôde-se observar em microscopia óptica, alterações morfológicas nas células fúngicas, tais como destruição da parede celular, intensa vacuolização e fragmentação das hifas, caracterizando morte celular. M. phaseolina foi inibida pelo óleo de cravo apenas na concentração de 1% (v/v), sendo resistente a concentrações mais baixas.

 

Conclusões

            Os resultados permitem sugerir que o cravo-da-índia possui potencial para ser usado como antifúngico contra os fitopatógenos estudados. Maiores estudos devem ser realizados para investigar o mecanismo de ação e o comportamento in vivo do extrato e do óleo essencial de cravo-da-índia em casa de vegetação.