COMPARAÇÃO ENTRE O DESENHO ENVIADO AO LABORATÓRIO DE PRÓTESE DENTAL E A
ESTRUTURA METÁLICA DA PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL RECEBIDA
HARTMANN, R.;
ZAVANELLI, R. A.
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás
razava@odonto.ufg.br ou zavanelli@uol.com.br
RESUMO: A comunicação estabelecida entre profissional e laboratório de prótese dentária (LPD) é uma etapa essencial para o sucesso do tratamento reabilitador com prótese parcial removível (PPR). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi de realizar uma análise comparativa entre o desenho enviado ao LPD e a estrutura metálica da PPR recebida pelos alunos do 4º e 5º da disciplina de Clínica Integrada I e II da FO-UFG durante o ano de 2003. Em adição, foi realizado um mapeamento dos principais erros, assim como a incidência de arcadas dentárias parcialmente desdentadas. Foram comparadas 38 estruturas metálicas a partir de 38 modelos de trabalhos de 29 pacientes. A prescrição da PPR foi realizada em duas vias, sendo que a primeira serviu de comparação entre o desenho enviado e a estrutura da PPR recebida. Verificou-se que, 30 das 38 estruturas metálicas confeccionadas, apresentaram 100% de concordância e 08 estruturas apresentaram concordância menores que 100% em relação ao desenho enviado e prescrição. Os principais erros foram relacionados com a presença de apoios e grampos não solicitados na prescrição. Houve uma incidência de 28,94% para arcadas classe I, 23,68% para classe II, 44,73% para classe III e 2,65% para classe IV.
PALAVRAS-CHAVE: prótese parcial removível; prescrição; estrutura metálica.
INTRODUÇÃO: Todos os participantes (profissional, paciente e protético) envolvidos nas etapas de confecção da PPR podem contribuir para o sucesso ou fracasso do tratamento protético reabilitador (RUDD & RUDD, 2001). Assim, falhas aparentemente inócuas ocorridas durante todas as fases de confecção da PPR podem ser acumuladas e causarem sérios problemas ao final do tratamento. Os insucessos e fracassos iniciam quando a PPR altera o funcionamento do sistema estomatognático, lesando seus componentes e causando destruição, trauma ou mobilidade nos dentes que são suporte da prótese ou provendo reações maléficas à distância, como as dores craniomandibulares (BONACHELA & DI CREDDO, 1990). Um diagnóstico, planejamento e plano de tratamento incorreto, o uso inadequado do delineador, a ausência de preparo de boca, uma comunicação deficiente entre o profissional e o LPD, uma execução laboratorial inadequada, a falta de orientação e esclarecimentos ao paciente foram relatados como fatores causais do fracasso da PPR (VIEIRA & TODESCAN, 1972). Considerando que nenhum desses fatores foi quantificado, nem tão pouco estabelecido, o objetivo desse trabalho será de verificar a incidência de erros cometidos pelo LPD, bem como mapeá-los e procurar estabelecer uma correlação entre sucesso e fracasso acarretado por essa falha. Paralelamente, será analisada também a prevalência de desdentados parciais considerando a classificação topográfica universal de Kennedy.
METODOLOGIA: Todos os modelos de trabalho de pacientes que foram requisitados tratamento reabilitador com PPR na Disciplina de Clínica Integrada I e II da FO-UFG foram submetidos à análise comparativa “in vitro” entre o desenho elaborado pela equipe de professores da disciplina de PPR e a estrutura metálica fundida da PPR. Os dados foram coletados contendo as seguintes informações: (1) Gênero do paciente, (2) Idade do paciente, (3) Tipo de arcada parcialmente desdentado, (4) Presença de defeitos na estrutura metálica da PPR (5) Índice de correlação entre o desenho prévio e a estrutura metálica da PPR (estabelecido em 0%, 25%, 50%, 75% ou 100%), (6) Aferição, com auxílio de paquímetro, das áreas de alívio e justaposição, (7) Aferição do limite distal do conector maior e o último dente da arcada, (8) Aferição entre o limite terminal da peça protética e a margem gengival, (9) Aferição da distância entre margem gengival livre e assoalho bucal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram avaliadas um total de 38 estruturas
metálicas de próteses parciais removíveis a partir dos modelos de trabalho de
29 pacientes, sendo 18 pacientes do sexo feminino (62,07%) e 11 do sexo
masculino (37,93%). Das 38 estruturas metálicas, 13 foram maxilares (34,21%) e
25 mandibulares (65,79%). A prevalência de arcadas parcialmente desdentadas
verificada foi distribuída em 28,94% para classe I (n=11), 23,68% para classe
II (n=9), 44,73% para classe III (n=17) e 2,65% (n=1) para classe IV. O
conector maior mais utilizado para as arcadas parcialmente desdentadas superior
foi a barra antero-posterior (AP) com 76,92% (n=10), seguido pela barra
palatina em “U” com 15,39% (n=2) e pela barra palatina anterior com 7,69%
(n=1).O conector maior mais utilizado para as arcadas parcialmente desdentadas
inferior foi a barra lingual com 96% (n=24), seguido pela placa lingual com 4%
(n=1). As médias para o conector AP foram de: 4,10; 4,76; 1,23; sendo que para
o conector Barra em “U” foram de 3,80; 4,75; 1,42 referindo-se, em ambos os
casos citados, a distância da margem gengival, largura e espessura da peça
respectivamente. No tocante as arcadas inferiores, as médias para o conector do
tipo Barra – Lingual foram de 2,82; 3,70; 1,82 respectivamente. Foi encontrado
apenas um caso de Placa – Lingual tendo os valores de 13,04 (largura) e 1,73 (espessura).Com
relação ao índice de correlação verificou-se que das 38 estruturas metálicas
enviadas e recebidas do laboratório de prótese dental, 30 (78,9%) apresentaram
o mesmo desenho planejado inicialmente e 08 estruturas (21,1%) apresentaram
desenhos diferentes do planejamento solicitado. Os erros mais comuns para o índice de
correlação igual a 75% foram: conector maior diferente do solicitado, conector
maior com forma inadequada, ausência de placas proximais modificadas. Para 50%,
foram: grampo circunferencial não solicitado, uso de apoio adicional na região
cervical. Com Índice de 25%, os problemas encontrados foram: presença de apoio
em local inadequado, presença de braço de oposição em local inadequado.
CONCLUSÃO: 1) Esta modalidade de tratamento reabilitador apresenta problemas devido a falhas no elo de comunicação entre o profissional e o laboratório de prótese. 2) Ocorre uma falta de padronização dos valores encontrados para distância da margem gengival, largura e espessura. 3) Ocorre uma prevalência de arcadas parcialmente desdentadas do tipo classe III de Kennedy. 4) Os conectores maiores mais utilizados foram a barra antero-posterior para a maxila e barra lingual para a mandíbula.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
BONACHELA, W.C.;DI CREDDO, R.C. Insucessos das próteses removíveis. RGO, Porto Alegre, v.38, n.4, p.262-264, jul./ago., 1990.
RUDD, R.W.; RUDD,
K.D. A review of243 errors possible during the fabrication of a removable
partial denture: Part I. J Prosthetic Dent, Saint
Louis, v.86, n.3, p.262-276, sept., 2001.
VIEIRA, D.F.; TODESCAN, R. Estarrecedora situação da prótese removível. Rev. APCD, São Paulo, v.26, n.6, p.299-310, nov./dez.,1972.