Educação Ambiental: Uma proposta de formação continuada para professores do ensino fundamental da rede pública de Jataí

PARANHOS, R. D1*.; COSTA, S. S2. PIOCHON, E. F. M2.

1Acadêmico Lic. Ciências Biológicas do Campus Avançado de Jataí (CAJ/UFG). paranhosbio2000@yahoo.com.br/

2 – Docentes do Curso de Ciências Biológicas do Campus Avançado de Jataí (CAJ/UFG.) ssobralcosta@yahoo.com.br/

 

Palavras Chaves: Educação Ambiental, Formação Continuada, Interdisciplinaridade.

 

RESUMO:

Este trabalho visa levantar dificuldades encontradas por professores, preparar e ministrar para os mesmos, atividades de formação. Aplicou-se 34 questionários a professores da 1ª e 2ª fase do ensino fundamental de duas escolas públicas de Jataí. A maioria dos professores entrevistados afirmou abordar a temática ambiental em sala (87%), sendo que menos de 1/3 encontraram dificuldades em abordá-la e relacioná-la com a disciplina trabalhada. As principais dificuldades foram à falta de metodologias e material adequado. Embora estes dados pareçam satisfatórios não é realizado trabalho interdisciplinar. Percebeu-se também que o conceito de EA é inconstante entre os professores, sendo que 1/3 destes apresentam uma concepção limitada aos aspectos naturais. Levantou-se também que os professores adquirem seus conhecimentos de EA de várias formas (jornais, revistas, livros, palestras, programas de televisão, cursos e palestras, etc.) sendo que a educação formal foi raramente citada, mostrando deficiência na abordagem da EA na formação acadêmica dos mesmos. Embora os professores relatem envolverem a temática ambiental em suas aulas, notou-se que ainda possuem o conceito que EA e ensino de ecologia são sinônimos, e que ainda não usam interdisciplinaridade em parceria com contextualização da problemática ambiental, o que possibilitaria ao aluno uma maior compreensão do tema.

* Aluno bolsista PROLICEN

 

1 – REFERENCIAL TEÓRICO.

 A Educação Ambiental (EA) surgiu com o objetivo de discutir os problemas relacionados ao ambiente oriundos do modelo de desenvolvimento praticado nos séc. XIX e XX, que deram ênfase ao crescimento econômico em detrimento da proteção dos interesses sociais e da conservação dos recursos naturais. A EA quando inserida no ensino formal deverá contribuir para a formação dos alunos promovendo mudanças de comportamento, atitudes e valores e ao mesmo tempo possibilitando ao que os mesmos tornem-se agentes ativos na construção de sua cidadania. Mas qual é a realidade da EA no ensino formal do Brasil, especificamente na cidade de Jataí? A Constituição Federal, promulgada em 1988, no artigo 225, diz que para a garantia de um meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida é necessário promover a EA em todos os níveis de ensino. Outros documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), propõem o trabalho com a temática ambiental de forma transversal e interdisciplinar, ressaltando a importância de temas ligados ao ambiente para a formação do aluno enquanto cidadão. Mediante ao exposto acima, alguns autores como DIAS (2000) relatam que professores encontram dificuldades em estar inserindo o meio ambiente no cotidiano de sua prática pedagógica. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo verificar a realidade da prática de EA no ensino fundamental da rede de ensino público de Jataí, bem como levantar as dificuldades encontradas pelos professores em estar trabalhando a questão ambiental na escola e preparar e aplicar atividades de formação, baseadas nas dificuldades levantadas.

2 – METODOLOGIA.

 Para a execução do trabalho foram eleitas duas escolas de ensino fundamental da rede municipal ensino de Jataí (Escola Municipal Caminha da Luz, Escola Municipal Irmã Sheilla) e aplicado um questionário para 34 professores, objetivando levantar as dificuldades encontradas pelos mesmos no que diz respeito ao desenvolvimento de atividades de EA. Em uma segunda fase serão elaboradas atividades relacionadas às dificuldades encontradas pelos professores por meio de encontros periódicos.

3 – RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS.

Ao relatar os dados obtidos, ressaltamos que esta pesquisa é de ordem qualitativa. Grande parte dos professores entrevistados ministra aulas de português, matemática, história, geografia e ciências (Ensino Fundamental – 1ª Fase 89% e 2ª fase 85%), e a maioria disse já ter abordado a questão ambiental em suas aulas, fazendo uso de desenvolvimento de temáticas através de cartazes, murais, redações e utilizando os conteúdos de ciências, sendo que alguns encontraram dificuldades enquanto a maioria não (Tabela 1). Outro fato de interesse observado é que os professores que apresentaram dificuldade em abordar a temática de EA também apresentaram dificuldade em relacioná-la com a disciplina que ministra. As dificuldades foram justificadas por falta de metodologias e material adequado para ilustrar as discussões. Analisando os questionários, podemos notar que como recurso ou método utilizado para as aulas de EA, o que prevaleceu foram às aulas expositivas.

Tabela 1: Questões relacionadas com a Educação Ambiental.

Questão

1ª Fase

2ª Fase

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A temática já foi abordada em aula

91%

9%

83%

17%

Encontrou dificuldades para abordá-la

38%

62%

0%

100%

Dificuldade em relacionar EA / disciplina trabalhada

38%

62%

0%

100%

Trabalha com professores de outras disciplinas

21%

79%

40%

60%


 

Os dados apresentados na tabela 1 parecem em primeiro momento satisfatórios, no entanto, devemos levar em consideração outros pontos, como a não realização de trabalho interdisciplinar, tornando a abordagem da EA isolada e fragmentada, o que é questionado por BRASIL (1998). Os professores que afirmaram trabalhar de forma interdisciplinar o fazem não na prática, mas através de trocas de experiências em reuniões pedagógicas. As dificuldades relatadas por não terem material e metodologias adequadas, nos mostram a falta de contextualização do tema, pois a realidade local é um excelente tema de estudo envolvendo o meio ambiente, como propõe BRASIL (1998).

 Percebeu-se também que o conceito de EA não é constante entre os professores, sendo que aproximadamente um terço destes apresentam uma concepção limitada aos aspectos naturais, ou seja, ligada aos conceitos de ecologia como demonstrado por DIAS (2000). PENTEANDO (1997), diz que a questão ambiental deve ser analisada através das dimensões econômicas e políticas, o que a diferencia do ensino de ecologia. Este dado nos mostra a necessidade de uma melhor formação destes docentes. Nota-se no Gráfico 1 que os professores adquirem conhecimentos das mais variadas formas, sendo que a educação formal foi citada em poucos casos, mostrando a deficiência na abordagem da EA na formação acadêmica dos mesmos.

A educação continuada com professores é justificada como relata INVERNIZZI (2004), pois é o momento onde o professor irá discutir o significado das mensagens veiculadas pelos documentos oficiais, adquirindo desta forma os limites e potencialidades do seu espaço de intervenção pedagógica.

 

 

Gráfico 1:

 Formas de obtenção do conhecimento sobre EA (os entrevistados podiam citar várias fontes de obtenção de conhecimento).

 

4 – CONCLUSÃO.

Embora os professores relatem estarem envolvendo a temática ambiental em suas aulas, notou-se que eles ainda possuem o conceito de que a EA e o ensino de ecologia são sinônimos. E que estes ainda não fazem uso da interdisciplinaridade em parceria com a contextualização da problemática ambiental, o que iria possibilitar ao aluno uma maior compreensão do tema.

 

5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

 

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, 436p.

 

CATALÃO, V. M. L. Educação Ambiental e Escola: retorno ao naturalismo ou senha para transformação? Universidade de Brasília, Faculdade de Educação. Mestrado em Educação. Brasília, 1993.

 

DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 6 ed. São Paulo: Gaia, 2000, 251p.

 

INVERNIZZI, M. C.; et al. A educação ambiental e o espaço de intervenção dos professores segundo os PCNs. Abril, 2004. Disponível: http://168.96.200.17/arlibros/anped/1309.pdf  Acesso em : 16/04/2004.

 

PENTEADO, M. Meio Ambiente e formação de professores. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1997, 119p.