O Professor educa e a criança obedece? Práticas educativas disciplinadoras na educação da infância
Autores: Prof. Dra. Ivone Garcia Barbosa Renato Barros de Almeida (Bolsista Prolicen) Prof. Dda. Solange M. O. Magalhães
Unidade Acadêmica: Faculdade de Educação
E-mails: garciasoares@cultura.com.br renatoufgfe@yahoo.com.br
RESUMO: Esta proposta de trabalho está vinculada ao projeto de pesquisa “Políticas públicas e educação da Infância em Goiás: história, concepções, projetos e práticas”, coordenado pelas professoras Dra. Ivone Garcia Barbosa e Solange Martins Oliveira Magalhães, da Faculdade de Educação/UFG. O projeto propõe, entre outros objetivos, analisar a constituição de práticas educativas de crianças em diferentes contextos, buscando explicitar as possíveis articulações entre os aspectos macro e micro/sociais e políticos. É nesse sentido que elegemos a temática da disciplinarização e educação, considerando-a organicamente ligada à atual conjuntura brasileira e internacional e que pode vir a desvelar aspectos interessantes para compreendermos a relação criança-sociedade, mediada por atividades educativas, onde o adulto aparece como parceiro privilegiado. A pesquisa que ora propomos pretende buscar informações concretas sobre as práticas socializadoras de crianças, compreendendo suas articulações com o movimento da realidade, apontando possíveis indícios de posições corretoras tradicionais ou de novas formas de se pensar tais práticas pelos professores de educação infantil de algumas instituições educativas do município de Goiânia.PALAVRAS CHAVES: infância, práticas disciplinadoras, educadores. JUSTIFICATIVA / REFERENCIAL TEÓRICO: Nossa pesquisa busca informações concretas sobre as práticas socializadoras na escola, no sentido de tentar compreender suas articulações com a realidade, apontando possíveis indícios de posições corretoras tradicionais ou de novas formas de pensar tais práticas pelos professores e pelas crianças. Em outras palavras, tentamos identificar se são velhas práticas educativas que vêm sendo utilizadas pelos adultos em novos tempos da educação da infãncia.
Interessa-nos o modo como as crianças são socializadas, sobretudo as práticas disciplinadoras que, de forma aparentemente natural, são efetivadas como norma socialmente aceita. Algumas questões parecem ser de suma relevância para se compreender esse processo: como as crianças são disciplinadas pelo/a professor/a. Professores seguem o mesmo estilo e a mesma concepção sobre educação de crianças as quais eles foram educados? Quando o adulto naturaliza sua autoridade sobre a criança, procurando “discipliná-la”, estará sendo, de alguma forma, violento? Qual a representação que as professoras e as crianças têm desse processo? A forma de trabalhar com o conceito de disciplina e as atitudes que a esta se ajustam podem estar se repetindo na escola justificando a violência contra a criança? Essas são questões que nos orientarão neste projeto de pesquisa.
O interesse pela infância surgiu quando a sociedade humana começou a perceber a particularidade infantil. Dentre as várias preocupações foram manifestadas pelos adultos. Porém, atualmente, a mais inquiridora tem sido: o que não é mais adequado na socialização dos filhos?
As discussões em torno deste assunto tomam como eixo principal as concepções de família e infância, um conceito que é sócio-histórico, porque se entende que através deles, é possível explicar o modo como as práticas educativas foram alterando-se ao longo do anos. Dessa forma, este trabalho se propõe a estudar e identificar técnicas disciplinadoras, chamadas de “adequadas e não adequadas”, na tentativa de redimensionar a questão da socialização das crianças. Em um mundo, considerado predominantemente adulto, onde as relações são pautadas por uma autoridade naturalizada, justifica nossa preocupação enquanto futuros educadores, no modo como as práticas disciplinadoras estão sendo desenvolvidas, e até conservadas e exacerbadas, no contexto escolar.
De acordo com Biasoli-Alves (1999), a ação do socializador pode acontecer em dois momentos diferentes: antes de a criança se comportar e depois que a criança agiu. A ação do socializando pode ser segundo o desejado pelo ambiente ou contrário a isto. Os socializadores trabalham com contingências remediativas para o comportamento inadequado ou seja a ação é apenas correção ao que a criança fez errado. Por outro lado, a aprendizagem do “adequado” tende a ser menos elaborada pelo adulto, o “adequado” é natural e pode ser aprendido através de “bons exemplos”, de conselhos e da situação que a criança é exposta.
Assim a ação dos pais, posteriormente também dos professores, se volta mais para os encontros disciplinares que visam eliminar os “comportamentos indesejáveis” e conseqüentemente a contingência mais comum é uma retribuição ao erro, uma punição, seja ela física, verbal, simbólica.. Os limites? Podem transcender a simples vontade dos socializadores, sejam eles os pais ou os professores (Alvarenga, 2000). Material e Método: O projeto propõe uma metodologia qualitativa, utilizando, para obtenção de informações no campo da educação infantil, questionários que serão propostos a trinta (30) professoras que atuam em diferentes instituições educativas – Creches, Orfanatos e Pré-escolas, preferencialmente públicos – que atendem crianças de três (03) a seis (06) anos de idade, em Goiânia. Pretende-se, ainda, utilizar de entrevistas com pelo menos 50% delas. Também serão propostas discussões em grupo com pelo menos 15 crianças das diferentes instituições pesquisadas.
No registro de dados, serão utilizados: diário de campo (protocolo do pesquisador); fotografias e filmagens (com a devida autorização da instituição, dos professores, das crianças e seus responsáveis). CONCLUSÃO: Como toda conclusão, aquela que queremos manifestar aqui é ainda parcial e, certamente não mostra a totalidade do processo de pesquisa. Participar dessa investigação, como bolsista, tem sido fundamental para minha formação acadêmica e pessoal. Do ponto de vista pessoal, temos ampliado nossa visão sobre a realidade e sobre a vida e relações interpessoais, especialmente no que tange a perceber de modo mais aguçado as relações que se estabelecem entre alunos e professores. Referências Bibliográficas
ALVARENGA, P.). Práticas Educativas Maternas e Problemas de Comportamento na Infância. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000 (Dissertação de Mestrado).
BIASOLI-ALVES, Z. M. M. Família-Socialização- Desenvolvimento. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 1999. (Tese de Livre Docência).