FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ADAPTADA: A VISÃO DOS EGRESSOS

 

FERREIRA, L.B– Acadêmica do Curso de Educação física ( CAJ/UFG)   lorenabf@bol.com.br

GONÇALVES, V. O– Mestre em Educação Física (UNICAMP) – Docente doCAJ/UFG nanifef@hotmail.com

 

INTRODUÇÃO

 

                   O tema formação profissional é freqüente em diversos debates, discussões e congressos. Em cada área  de trabalho são necessários profissionais qualificados, ou seja, com uma boa formação, que estejam abertos às mudanças e a realizar capacitadamente o seu serviço. Sabemos que a Educação Física Adaptada necessita de profissionais capacitados, que possuam qualificação para que possam atuar no mercado de trabalho. Muitos dos professores, ao saírem da faculdade, não se sentem seguros para trabalhar com portadores de necessidades especiais e, devido a este fato, surge a necessidade de discussões a respeito da formação profissional na área.

Outro fator relevante que denotou a necessidade de desenvolver esse estudo foi o fato de termos participado do projeto de pesquisa com o título: Avaliar o comportamento adaptativo: um caminho para o trabalho motor com alunos com deficiência mental em uma escola de educação especial no município de Jataí/GO. Dentro das observações feitas neste projeto, foi possível notar a dificuldade que os profissionais possuem ou julgam ter em trabalhar com pessoas com necessidades especiais, tornando-se importante verificar a visão dos professores que atuam no mercado com relação à formação profissional recebida no curso de Educação Física do Campus Avançado de Jataí, da Universidade Federal de Goiás (CAJ/UFG), destacando-se,  assim, como  mais um fator importante   no interesse por essa pesquisa.

. Para PELLEGRINE E JUNGHANNEL (1985), o termo EFA pode ser compreendido como um programa diversificado de atividades desenvolvimentistas, jogos e ritmos apropriados aos interesses, capacidades e limitações de estudantes com deficiências que não podem se engajar sem restrição, em atividades vigorosas de um programa de educação física geral.

                   Para melhor compreender o enfoque dado a essa pesquisa, é necessário entender também o significado do termo formação profissional, que pode ser representada como sendo a área de conhecimentos, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da didática e da organização escolar, estuda os processos por meio dos quais os professores – em formação ou em exercício – se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem por meio das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem (BAUMEL; CASTRO, 2002, p.7, citando GARCIA, 1999).

O objetivo desta pesquisa é verificar a visão dos egressos do curso de Educação Física do CAJ/UFG em relação à formação profissional em Educação Física Adaptada. Os objetivos específicos são: investigar a visão de deficiência e Educação Física Adaptada dos egressos; conhecer a opinião dos egressos em relação a contribuição da disciplina Educação Física Adaptada  para  sua formação profissional; verificar as principais dificuldades encontradas pelos egressos na sua prática pedagógica com a Educação Física Adaptada; contribuir para estudos e reflexões acerca da Formação profissional em Educação Física Adaptada.

 

METODOLOGIA

 

                               Essa pesquisa se caracteriza como  qualitativa sendo também um estudo exploratório, e como toda pesquisa exige, utilizamos também a pesquisa bibliográfica, que é utilizada ao longo de todo o processo de produção  deste trabalho monográfico.

                   A pesquisa de campo foi realizada no município de Jataí/GO, nas escolas especiais, estaduais, municipais e academias. As escolas são três no total, sendo uma de ensino especial, uma estadual, uma municipal e uma academia. Os locais de pesquisa foram selecionados a partir da constatação de que trabalham com portadores de necessidades especiais. Os sujeitos selecionados são egressos do curso de Educação Física do (CAJ/UFG)  que trabalham na área de Educação Física Adaptada e que também são professores de Educação Física dos locais escolhidos, totalizando cinco. O número de sujeitos não pode ser maior devido a inexistência de mais profissionais trabalhando na área de Educação Física Adaptada nos referidos locais de escolha. A identificação dos locais e dos sujeitos foram feitos por nomes fictícios, de forma a proporcionar anonimato aos mesmos, atribuindo-lhes maior segurança e confiabilidade quanto à seriedade da pesquisa.

                   O instrumento de pesquisa utilizado foi a entrevista semi – estruturada que, para TRIVINÕS (1987), em alguns tipos de pesquisa qualitativa, é um dos meios principais que o investigador possui para realizar a coleta de dados. A entrevista foi gravada e em seguida transcrita, sendo realizada no local de trabalho dos profissionais e tendo uma duração média de dez minutos. Ressaltamos que não houveram problemas durante a realização das entrevistas.

              

ANÁLISE DE DADOS

 

Após realizada as entrevistas e a leitura do material foi possível reunir os dados coletados, de onde emergiram duas categorias de análise que nos possibilitaram a realização da referida análise. As categorias de análise são apresentadas como:

·        Os conceitos e as dificuldades apresentadas pelos sujeitos;

·        A formação profissional em EFA: abordagens e contribuições.

A primeira categoria de análise destaca os conceitos referentes à EFA e às pessoas com necessidades especiais apresentados pelos sujeitos, e ainda as dificuldades apresentadas pelos mesmos com relação à prática pedagógica. A segunda categoria refere-se às contribuições que a disciplina EFA ofereceu aos egressos do curso de Educação Física e ainda  ao que esses consideram importante ser abordado em um curso de formação profissional na área visando o trabalho com pessoas com necessidades especiais.

Com relação à primeira categoria, podemos denotar que todos os sujeitos possuem uma visão ampla e aproximada sobre o  termo Educação Física Adaptada, e que a visão dos autores vai de encontro com o que os pesquisados relataram na pesquisa. No que se refere ao conceito de portadores de necessidades especiais, identificamos discordâncias entre alguns entrevistados, assim como para alguns autores, ficando explícito as diferentes visões a respeito deste termo. Na primeira categoria foi relatado também questões como a dificuldade apresentada pelos profissionais de Educação Física em estar trabalhando com a deficiência, onde percebemos que a maioria dos profissionais atuantes na EFA possuem sim dificuldades na prática pedagógica.

Na segunda categoria, relacionada às contribuições da disciplina na formação profissional dos sujeitos, destacamos que a disciplina referente à Educação Física Adaptada para os pesquisados foi de suma importância para o ingresso no mercado de trabalho, e os que não tiveram deixaram explícito o interesse em tê-la, pois, dessa forma, teriam um maior embasamento para o campo de trabalho. Percebemos ainda que todos os profissionais relataram vários aspectos que seriam interessantes serem abordado em um curso de formação em Educação Física, sendo os mais variados, denotando assim a especificidade de cada profissional, pois cada profissional é único e possui a sua dificuldade.

                   Podemos relatar, através dessa pesquisa, que possuímos poucos profissionais trabalhando na área de Educação Física Adaptada, porém, temos o curso de Educação Física na cidade que forma cerca de 30 profissionais por ano, sendo que todos recebem embasamento teórico-prático durante a graduação. Através dos pesquisados denotamos que esse embasamento não satisfaz todas as necessidades dos profissionais, mas que certamente é um grande ponta pé inicial para os mesmos, servindo de alicerce para que possam buscar se aperfeiçoar e aprofundar no assunto, e que, além disso, existem os projetos de pesquisa e extensão que com certeza vem também a contribuir com a formação dos profissionais da área, sendo estes realizados  também durante a graduação.

                   O intuito dessa pesquisa não foi de apontar soluções para o campo profissional na área da EFA, mas de contribuir para estudos e reflexões acerca do assunto. A partir deste trabalho talvez despontem novas pesquisas que possam vir a suprir essas necessidades.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ARAÚJO, P. F. Desporto adaptado no Brasil: origem, institucionalização e atualidade. Brasília: MEC/INDESP, 1998.

BAUMEL, Roseli C. Rocha de C; CASTRO, Adriano Monteiro de. Formação de professores e a escola inclusiva: questões atuais. Revista Integração, Brasília, nº 24, p.06-11, 2002.

BRASIL. Decreto-lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 96. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Goiânia: UFG, 1997.

PELLEGRINI, A. M. e JUNGHANNEL, V. A educação física no ensino de  primeiro grau e a pessoa portadora de deficiência, 1985, (mimeo).

TRIVINÕS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

 WERNER, Tania. Tendências da formação para Educação Física Adaptada: abordagens icônica ou da singularidade. In: COSTA, Vera Lúcia de Menezes (Org.). Formação Profissional Universitária em Educação Física. Rio de Janeiro: Editora Central da Universidade Gama Filho, 1997.

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