1. TÍTULO

 

CRIAÇÃO DE UM BANCO DE DADOS PARA PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA

Diana Barbosa Tavares (IC) e Agustina Rosa Echeverría (PQ)

Universidade Federal de Goiás - Instituto de Química

Agustina@quimica.ufg.br e dianaquimica@bol.com.br

 

2.      PALAVRAS CHAVES

 

Ensino de química, pesquisa em sala de aula, ensino-aprendizagem de conceitos científicos.

 

3.      JUSTIFICATIVA

 

Um pouco de história...

               Desde 1998, até 2002 a disciplina Didática e Prática de Ensino de Química tem tido a seguinte dinâmica: após discussão em sala de aula (no IQ) os alunos licenciandos decidem, juntamente com a professora, qual tema químico será abordado na prática de ensino. Os temas químicos são escolhidos dentro da abordagem de CTS (Ciência Tecnologia e Sociedade) (SANTOS e SCHNETZLER, 1997) que tem norteado a elaboração de materiais didáticos alternativos nos últimos anos (AMERICAN CHEMICAL SOCIETY,1993; LUTFI, 1992; MÓL e PEREIRA DOS SANTOS 2000). A idéia central desta abordagem é de ensinar Química a partir de temas de relevância social.

               Após a escolha dos temas químicos (água, energia, o acidente radioativo com o césio – 137, drogas etc) os alunos elaboram, juntamente com a professora materiais didáticos que são utilizados por eles mesmos na prática de ensino. Qual a idéia que norteia esta atividade de elaboração de material didático? Fundamentalmente a de formar professores capazes de discutir, decidir e tomar decisões adequadas acerca do que ensinar e a partir disso, exercitar, também, a capacidade de elaborar o material instrucional a ser utilizado. É conhecido o fato de que os professores têm grandes dificuldades em agirem de forma autônoma em relação à escolha e utilização do livro didático. Mais do que adotar livros didáticos, os professores são adotados pelos livros. (CHASSOT, 1998).

               Uma vez elaborado o material instrucional em forma de módulos e observando as regras de edição, isto último com o objetivo de exercitar os licenciandos nas formas escritas da língua (sabe-se da dificuldade dos alunos, mesmo dos últimos anos dos cursos em escrever), começa a última etapa do trabalho que é a realização da prática de ensino propriamente dita.

               Essa prática tem, também, uma dinâmica própria. Todas as aulas são filmadas e após o término delas são assistidas, nas dependências do IQ, pela turma toda. O objetivo de assistir as aulas é analisar, à luz de todas as questões teóricas estudadas e discutidas ao longo do ano, a prática executada por cada aluno. Isto gera um rico debate, coordenado pela professora, que envolve todos os licenciandos.

               É importante assinalar que ao longo de todos esses anos (de 1999 a 2002) tanto na filmagem das aulas como nos momentos posteriores de análise e discussão das mesmas, os constrangimentos previstos e ocorridos foram rapidamente superados pelo envolvimento dos alunos com o conteúdo das discussões.

 

A justificativa propriamente dita deste projeto...

 

               O trabalho até aqui relatado gerou uma quantidade muito grande de material produzido que representa uma importantíssima fonte de pesquisa para a educação química. São dezenas de fitas de vídeo com as aulas gravadas, de disquetes com os módulos instrucionais gravados que precisavam ser catalogados e organizados.

Por que da necessidade de organizar este material? Os motivos são vários:

·        Em 2003 foi criada uma nova linha de pesquisa no mestrado do Instituto de Química da UFG, a de Educação. O material produzido pelo trabalho da disciplina Didática e prática de ensino de Química pode transforma-se numa rica fonte de pesquisa para aqueles mestrandos que optem pela nova linha de pesquisa. Isto por sua vez viria a contribuir para o estabelecimento do desejado vínculo entre a graduação e após-graduação;

·        O encurtamento dos prazos para defesa de dissertações de mestrado impostos pela CAPES tem criado sérias dificuldades na execução dos trabalhos de pesquisas. A existência de um banco de dados para pesquisa poderia contribuir enormemente para minimizar essas dificuldades;

·        A necessidade de preservar os documentos sobre Educação. Esta necessidade surge de uma realidade apontada por vários pesquisadores brasileiros: “... O material existente, além de escasso, nem sempre está completo, pois não há interesse em preservar os documentos sobre Educação no Brasil. Ao final de cada gestão, estes são queimados, e começa-se tudo da estaca zero – isto constitui uma dificuldade imensa ao pesquisador e aos educadores de maneira geral” (FAZENDA, 1999). A necessidade aqui apontada vale, também, para a UFG e mais especificamente para as licenciaturas.

               No novo Projeto Político Pedagógico do Instituto de Química da UFG coloca-se a pesquisa como eixo epistemológico e norteador da configuração do perfil dos profissionais que queremos formar, sejam eles bacharéis ou licenciados. Sendo assim, a criação de um banco de dados com conteúdos vinculados à licenciatura viria a facilitar futuras pesquisas não somente no mestrado, mas também, na graduação.

 

4.      METODOS

 

1)     Análise de todas as fitas, registrando os tempos de duração e os temas das aulas fazendo breves descrições das mesmas;

2)     Edição das fitas de vídeo;

3)     Organização dos módulos instrucionais produzidos pelos licenciandos desde 1999.

 

 

5.      CONCLUSÃO

 

               A criação deste banco de dados, apesar de ser um trabalho técnico, foi para mim uma experiência importante, pois pude perceber a importância da elaboração de aulas e da aplicação das mesmas a partir de temas presentes no dia a dia dos aprendizes, enfocando a parte química sem que a aula fique sem sentido para grande maioria dos alunos.

               O material produzido foi utilizado numa pesquisa que já produziu um trabalho científico que foi apresentado na 27ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química que aconteceu em Salvador – BA entre 30 de maio e 02 de junho de 2004. O banco de dados já se mostrou de grande utilidade para a pesquisa na área de Educação, especificamente para o NUPEC (Núcleo de Pesquisas em Ensino de Ciências) que conta com a participação de alunos da graduação, do mestrado, de professores da licenciatura e professores do Ensino Básico, além da minha própria.

      Os dados catalogados neste trabalho foram utilizados, também, na elaboração de um minicurso sobre o tratamento do tema Drogas nas aulas de Química do Ensino Médio que foi ministrado no XII ENEQ – Encontro Nacional de ensino de Química que aconteceu no IQ - UFG entre 27 e 30 de julho de 2004, e servirá como material de pesquisa para futuros projetos.

 

 

6.      BIBLIOGRAFIA

 

AMERICAN CHEMICAL SOCIETY, ChemCom – Chemistry in the Community, Second Edition. Iowa: 1993.

CHASSOT, A. Catalisando transformações na Educação. Ijuí: Unijuí, 1998.

FAZENDA, I.(org), Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez, 1999.

LUTFI, M., Os ferrados e os cromados – Produção social e apropriação privada do conhecimento químico. Ijuí: Unijuí, 1992.

MÓL, G. de S. e PEREIRA DOS SANTOS, W. Química na sociedade. Brasília: Ed. da UnB, 2000.

OLIVEIRA, S. L. de. Tratado de metodologia científica – projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira,1997.

SANTOS, W. P. dos e SCHNETZLER, R. P., Educação em Química – compromisso com a cidadania. Ijuí: Unijuí, 1997

 

  1. FONTE FINANCIADORA

 

PROLICEN