“Um Estudo Dos Fatores Afetivos e Crenças Na Aquisição De Uma Segunda Língua”

 

AUTORES: SILVA, Roxane Kelly Barbosa

VIEIRA JÚNIOR, Paulo Antônio

 

UNIDADE ACADÊMICA: UFG/ Campus de Catalão

E-MAIL: pauloantvie@bol.com.br/ rkellybs@hotmail.com

PALAVRAS-CHAVE: Estudo – Fatores afetivos – Crenças – Segunda-Língua

JUSTIFICATIVA/ REFERENCIAL TEÓRICO

    A partir da década de 50, presenciou-se a expansão de uma área até então não muito explorada dentro dos estudos lingüísticos: o estudo da aquisição de uma outra língua, devido à crescente globalização e a necessidade geral de comunicação e interação com pessoas que falam outras línguas.

     Esta expressão Aquisição de Segunda Língua tem sido utilizada na literatura para referir-se tanto ao processo de aquisição de outra língua à parte da L1, seja ela uma segunda ou terceira língua e assim por diante ou ainda, uma língua estrangeira, em ambiente natural ou de instrução, quanto aos estudos feitos a respeito desse processo (Ellis, 1985).

       Sabemos também que a Lingüística Aplicada tem experimentado, nos últimos anos, uma conscientização crescente da importância do estudo da personalidade humana em pesquisas de aquisição de segunda língua. Conforme Malley e Duff (1982) “o homem é um ser uno. Nossas mentes estão ligadas ao nosso corpo, nosso intelecto à nossa emoção. Qualquer de nossas ações intelectuais estão circundadas e permeadas pelas nossas emoções”.  É, portanto, neste sentido que se faz necessário um olhar para o domínio afetivo no intuito de obter uma compreensão mais completa da aquisição de segunda língua.

          Tendo reconhecimento do papel desempenhado pelas variáveis afetivas no processo de aquisição e aprendizagem grandes contribuições foram acrescentadas ao ensino de língua estrangeira nos últimos tempos. Inclusive a adoção de novas abordagens, como a Abordagem Comunicativa de Ensino de Língua, que surgiu no final da década de 70 como uma reação ao estruturalismo e métodos como o audiolingual, que não consideravam o lado afetivo como parte importante no processo de aprendizagem, além de não ensiná-los a se comunicarem de modo eficaz. Dentre outras abordagens que leva em consideração os fatores afetivos pode-se citar: A Abordagem Natural, desenvolvida por Krashen e Terrell (1983) que, introduz o conceito do “filtro afetivo”, em que o fator estresse deve ser reduzido para que a aprendizagem aconteça de maneira eficaz.

          Como todo processo de aprendizagem e uso da língua em geral baseia-se na interação entre indivíduos, cada indivíduo que se relaciona carrega em si um lado emocional inerente e intrínseco a ele, que em nenhum momento é posto de lado, mesmo que se queira. Portanto, os fatores relacionais (de indivíduo para indivíduo), não podem ser considerados isoladamente dos fatores individuais. Aqui, faz-se necessário colocar a perspectiva pela qual Arnold e Brown (1999) tratam os fatores afetivos: “São considerados, portanto, aspectos como inibição, extroversão/ introversão, auto-estima, motivação e ansiedade.”

          Muitos alunos vivenciam um processo de aprendizagem de uma língua estrangeira permeado de ansiedade, inibição, baixa auto-estima, o que sabemos que compromete a aprendizagem, principalmente no que tange à comunicação oral.

Estamos tratando, portanto, no projeto dos conceitos de ansiedade e crenças e sua relação intrínseca, como também alguns dos estudos já realizados nesta área.

       Abordaremos neste projeto as crenças mais comuns dos aprendizes de língua estrangeira e seus efeitos refletidos na aprendizagem de língua estrangeira e não só estabelecendo a relação destas (vários estudos já comprovaram) como também apresentando de que forma algumas crenças podem contribuir para permanente aumento da ansiedade em sala de aula.

       Posteriormente, mas não isoladamente, estaremos tratando da ansiedade, que se pode ser considerada como conseqüência da auto-estima, ou seja, uma criança sem auto-estima torna-se uma criança ansiosa e possivelmente quando adulto também o será. Finalmente, estaremos “costurando em um só tecido,” a auto-estima (o que a falta da auto-estima provoca no aprendiz), a ansiedade e as crenças dos aprendizes, tendo como corpus de análise o mais variado possível: entrevistas (tanto orais quanto em forma de questionários), observação de aulas e diário de classe dos alunos de 1o e 2o anos de Letras bem como os de alunos participantes do projeto de extensão do Centro de Línguas, do Departamento de Letras, Campus de Catalão.

          Trataremos também, no projeto, da consciência do professor quanto à importância da afetividade no ensino de uma segunda língua que segundo Underhill (1989), o professor que não considera esse domínio pode estar perdendo alguns dos ingredientes mais importantes na gestão de uma aprendizagem bem-sucedida.

          Como o objetivo do trabalho é fazer um estudo dos fatores afetivos: auto-estima, ansiedade e crenças dos aprendizes, estaremos relacionando-as, uma vez que uma pode ser tida como conseqüência da outra (Falta de auto-estima →  Ansiedade → Crenças).

                 

METODOLOGIA: a pesquisa acontecerá através da análise da bibliografia específica e fichamento dos mesmos (para boa fundamentação teórica); elaboração de questionários ou entrevistas para detectar a ansiedade e crenças dos aprendizes de língua inglesa; coleta de dados através de entrevistas (sob forma de questionários ou entrevistas mesmo) tanto dos alunos graduandos de 1o e 2o anos de Letras quanto dos professores docentes de língua inglesa (estudo de caso); produção de texto, possivelmente um artigo abrangendo os resultados da pesquisa, de forma que o aluno produzirá um texto e a professora orientadora outro; divulgação dos resultados da pesquisa em eventos científicos.

 

ANÁLISE DE DADOS: por estarmos ainda em fase de análise bibliográfica, apenas eu, bolsista Paulo Antônio Vieira Júnior, estou assistindo as aulas da graduação do curso de Letras e do projeto de extensão “Centro de Línguas”, fazendo anotações dos comentários dos alunos e posteriormente, na última semana de outubro, de 25 a 29, estaremos aplicando o questionário para detectar as possíveis crenças dos alunos aprendizes de uma segunda língua. Através dos questionários e as entrevistas informais então é que estaremos chegando à conclusão final de nosso projeto de pesquisa.

 

CONCLUSÕES: este projeto é de extrema importância para a docência de segunda língua em Licenciaturas de Letras, pois estará, a partir da problemática levantada, propondo alternativas que diminuam a ansiedade e crença dos alunos quanto à aquisição de segunda língua e propondo soluções que desenvolva sua auto-estima, diminua a ansiedade e crenças, para que a aprendizagem e a aquisição de segunda língua aconteça de forma plena e efetiva.

       Este projeto estará também, de certa forma, dando continuidade a um projeto anteriormente desenvolvido no PROLICEN /2002: “Inglês no Ensino Médio”, que tratava da docência do inglês no ensino médio, as concepções dos professores e abordagens utilizadas, os PCNs e material didático. Isto implica, portanto, em uma relação direta, afinal a falta de consciência teórico-pragmática dos professores de inglês pode gerar vários problemas em seus alunos, inclusive fazendo com que estes passem a acreditar em “coisas” que não são verdadeiras, e o que irá gerar uma baixa auto-estima e muita ansiedade.

          Especialmente para o aluno (em meu caso) este projeto será de grande ajuda da Graduação de Letras e na futura docência de Língua estrangeira, pois pretendo dar aulas talvez não de inglês, mas sim de Literaturas Americana e Britânica, o que estará também envolvendo muito mais crenças e ansiedades, pois muitos alunos de Graduação sabem apenas razoavelmente a língua estrangeira, no caso o inglês, e têm que aprender sobre as literaturas na própria língua para não se perder a essência e originalidade da obra. Tendo consciência da problemática estarei também ciente das possíveis soluções para que o aluno aprenda de forma eficaz e sem estresses na aprendizagem, tornando-a muito mais prazeirosa e dinâmica.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WALTZ, G & BLEUER, J. Student’s Self-Esteem: a Vital Element of School Success. Ann Arbor: Counseling and Personnel Services, 1992.

 

 

FONTE DE FINANCIAMENTO: PROLICEN/ 2004