O Brasil Grande (1960/1970): a problemática da integração e identidade dos  afros-descendentes.

Bolsista: Patrícia da Silva Soares                  

Coordenadora do projeto: Prof. Dr. Élio Cantalício Serpa

Unidade acadêmica: FCHF- Departamento de História

E-mail: patriciassoares@ig.com.br

             ecserpa@brturbo.com.br

Palavras-chave: Tecnologia, Integração,  Identidade, Afro-descendente

 

Justificativa

 

No pós-64 os militares imbuídos do propósito dito “revolucionário”, investiram no tripé educação, desenvolvimento e integração.

A integração, na forma proposta pelo governo autoritário, pós 64, é mercadológica, é territorial, é social, é cultural e política, balizada na premissa básica do regime militar de promover o desenvolvimento econômico, eliminando a dispersão, juntando as partes ao todo pela lógica do mercado e dos interesses de grupos privilegiados.

O governo acreditava que um Estado forte moldaria a sociedade brasileira segundo seu projeto político, social econômico e cultural. Estava se forjando uma nova identidade para o brasileiro. Os militares objetivavam operar na população mudanças na sua autopercepção e na do mundo, dentro do país tecnocrata em criação,foram criadas estratégias de construção da identidade desejada - do sujeito nacionalista tecnocrata. Os que não se inseriam nesses novos modelos da era tecnológica, que achavam impossibilitados de compreender o mundo da técnica por deficiências econômicas e educacionais, se achavam as margens da sociedade, eram os outros o diferente, em um momento onde o diferente era visto como: anormal, abominável, atraso, antinatural.

O que propomos neste trabalho é justamente o estudo de um segmento desses que estão no processo mais a margem, os afro-descendentes. A forma de como estão sendo vistos e incorporados a essa nova sociedade, neste momento onde uma nova identidade do brasileiro está sendo forjada, identidade esta que nos é remanescente.

Peso que o resgate da história do afro-descendente é essencial na discussão das questões de natureza etino raciais, mais do que ser branco ou negro, é preciso compreender que essa caracterização de cor vem carregada de significações que foram sendo construídas ao longo da história. Vários estudos vêm sendo realizados no sentido de compreender que as diferenças foram se estabelecendo ao longo da história e se dão em termos de acesso diferencial à educação, desigualdades de classe e status sócio-econômico; a comunidade negra está sistematicamente exposta a desvantagens sócio-econômicas de qualidade de vida ao nascer, oportunidade de mobilidade social, participação no mercado de trabalho e na distribuição de renda². O estudante, entretanto, não dispõe dessa reflexão. Compreender as ideologias discriminatórias sobre o negro, que foram forjadas na história, é essencial para o estudante  refletir sobre idéias e valores preconceituosos reproduzidos pela sociedade e, às vezes assimiladas pelo próprio afro-descendente, e superá-las.

Pretendo resgatar no passado, como foram sendo construídas e incorporadas algumas das visões preconceituosas e distorcidas, que a sociedade tem sobre o negro hoje. E o pós-64, com o projeto dos militares de um país tecnocrático, constitui um momento privilegiado para o estudo das representações do negro e da sua inserção na sociedade brasileira, por ter sido um período onde a visão do brasileiro sobre si e sobre o mundo está sendo remodelada. Não que algumas representações do negro num passado mais distante tenham desaparecido (como a questão de sempre relacionar negro=escravo, que suscita uma suposta inferioridade a este), mas o enfoque neste período é, por ser um momento crucial para a definição da identidade nacional, e que se encontra bem próximo de nós. Pautamos este resgate do passado histórico por questões do presente, nos PCNs, que propõem aos professores de historia a orientação de trabalhos com a realidade presente, relacionando-a e comparando-a com momentos significativos do passado.

      Este projeto trata-se de uma proposta que visa a transposição dos conhecimentos produzidos sobre o projeto de integração nacional formulado pelos militares, ligados ao processo de construção histórica da identidade dos afros-descendentes no Brasil, para situações de ensino.

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Metodologia

 

                 Se pretendermos que o nosso aluno compreenda conhecimento histórico como conhecimento construído é preciso dar-lhes a oportunidade de vivenciar o “fazer histórico” ou o da escrita da história. Para tanto nos propomos a promover a seleção, bem como propor atividades de análise e interpretação de documentos, resgatados em revistas de circulação nacional, publicadas durante a ditadura militar no Brasil (1960-1970), a exemplo de Manchete e Cruzeiro.  Pesquisaremos como o negro está sendo representado nessas revistas, que eram formadoras de opinião e de valores, e operavam na dimensão de tornar compreensível a população os avanços tecnológicos, constituindo sujeitos para nação desejada pelos militares. Com esse procedimento pretendemos que o aluno compreenda que se o conhecimento histórico é provisório e passível de revisões, sua produção é rigorosa, feita dentro das regras do método de investigação próprio da disciplina.

Teremos que propor diferentes atividades didáticas que possibilitem o aluno pensar as diferenças e semelhanças, as transformações e permanências, as continuidades e descontinuidades históricas. Este projeto pretende percorrer, noções e conceitos fundamentais no ensino/aprendizagem de história. As noções de sujeito histórico, tempo histórico, espaço, natureza, sociedade, relações sociais, entre outras, produzindo através de textos, exercícios e de propostas de atividades, situações de ensino que propiciem a elaboração e reelaboração de conhecimentos pelos estudantes.

 

Análise dos Dados e Conclusões

 

Pesquisa em andamento, com levantamento de fontes nas revistas Manchete e Cruzeiro.

 

Bibliografia

 

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Fonte de Financiamento do Projeto: UFG

 

 

 

 

 

Goiânia,03 de outubro de 2004