UMA INVESTIGAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE CONCEITOS QUÍMICOS NO ENSINO MÉDIO A PARTIR DAS RESPOSTAS DADAS A UMA QUESTÃO DA PROVA DE QUÍMICA DA SEGUNDA ETAPA DO CONCURSO VESTIBULAR DO ANO DE 2004 DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

 

Profª Drª Agustina Rosa Echeverría (PQ) e Aline Souza de Camargo (IC)

Universidade Federal de Goiás – Instituto de Química

Agustina@quimica.ufg.br e alinesouzadecamargo@yahoo.com.br

 

 

PALAVRAS CHAVES

Aprendizagem de conceitos científicos, Vestibular de Química, Química no ensino médio.

 

 

JUSTIFICATIVA

            Os exames vestibulares adotados no Brasil têm, como um dos objetivos mais importantes, classificar alunos, provindos do ensino médio, para a entrada nas universidades.

               Ao longo dos últimos 30 anos, o aumento desproporcional entre a população do país e de universidades publicas (estas permanecem quase as mesmas) fez com que esses processos seletivos tenham se tornado uma feroz corrida de milhares de jovens por uma das insuficientes vagas oferecidas. “Dicas” sobre alimentação, descanso, formas de estudar, ocupam as páginas dos jornais e revistas nos dias anteriores às provas. Nos dias posteriores, os mesmos espaços são ocupados pela resolução, às vezes, comentada das questões.

               Entretanto, os processos seletivos podem servir, também, para avaliar a aprendizagem dos alunos e, de forma indireta, o ensino ministrado no nível médio. Isto por sua vez, pode apontar problemas e sinalizar soluções a serem discutidos e pesquisados nos cursos de formação inicial de professores.

               Afirma-se com freqüência que para passar no vestibular tem que se “decorar” uma montanha de fórmulas e “macetes”, num ritual que pouco tem a ver com a produção do conhecimento científico (Mortimer, E. F., Mol, G. e Duarte, L. P., 1994). Esta afirmação às vezes é verdadeira, mas em outras, é um pretexto para professores que, habituados à transmissão não problemática de conhecimentos se amparam numa visão de senso comum de que quanto mais seja memorizado, melhor.

               Um fato que contribui para essa visão a respeito dos objetivos do ensino médio e sua relação com os processos seletivos é a preponderância de professores leigos nas escolas de nível médio (esta situação está sendo melhorada na rede estadual com a contratação, através de concurso público, de licenciados nas diferentes disciplinas, mas continua na rede particular). Esses professores não passaram pelo processo de formação inicial nos cursos de licenciatura onde se estudam e discutem questões específicas sobre a natureza do conhecimento científico (Driver, R. et ali, 1999) e sobre o seu tratamento na sala de aula (Gonçalves, T. O. e Gonçalves, T. V. O.), como assim tampouco sobre os referenciais teóricos que argumentam a respeito dos prováveis mecanismos através dos quais os sujeitos aprendem (Echeverría, A. R., 1993; Machado, A. H., 1999).

               As deficiências na formação do professor levam a um outro problema: a dependência exagerada dos professores ao livro didático. Sem autonomia para a tomada de decisões pedagógicas têm, usualmente seus programas de Química determinados pelos autores de livros-texto, e estes “se sucedem num copismo fantástico que decreta a quase universalidade dos programas” (Chassot, A., 1995)

Defendemos o ensino de Química para a formação da cidadania e o desenvolvimento cognitivo dos alunos e propomos discutir, a partir das respostas dadas a uma pergunta da prova de Química da segunda etapa do Concurso Vestibular do ano de 2004, da Universidade Federal de Goiás, o significado que os alunos atribuem a certos conceitos químicos.

Desta forma, o processo seletivo pode se constituir numa fonte de pesquisas para a educação.

 

 

MÉTODOS

1.      Tabulação de todas as respostas dadas pelos alunos a uma questão da prova de Química da segunda etapa do concurso vestibular do ano de 2004 da Universidade Federal de Goiás;

2.      Organização das respostas em categorias para posterior análise;

3.      Elaboração de critérios de análise referenciados na literatura;

4.      Analise e discussão dos dados fornecidos pelas respostas dos alunos;

  1. Elaboração de considerações finais;
  2. Elaboração de relatório final.

 

 

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

A questão investigada diz respeito a diferentes interações intermoleculares e demanda dos alunos o estabelecimento de relações conceituais qualitativas.

Após tabular todas as respostas, criaram-se quatro categorias de análise para agrupá-las, sendo a categoria I aquela em que o aluno acertou toda a questão, a categoria II é aquela em que o aluno acertou 75% da questão, a categoria III é aquela em que o aluno acertou a metade da questão, a categoria IV é aquela em que o aluno errou toda a questão e a categoria V é aquela em que o aluno deixou toda a questão em branco. As porcentagens obtidas dessas categorias foram: categoria I – 6%; a categoria II – 26%; a categoria III – 29%; a categoria IV – 33% e a categoria V – 6%.

Resultados preliminares apontam:

1)     a dificuldade dos alunos em estabelecer relações conceituais (somente 6 % acertaram a questão na totalidade);

2)      a atribuição, por parte dos alunos, de características macroscópicas e “animistas” a entidades microscópicas;

3)     a utilização freqüente e inadequada de termos do senso comum em situações que exigem linguagem científica.

 

            A pesquisa encontra-se, ainda, na etapa de análise de dados. Dados mais conclusivos serão apresentados no relatório final, em dezembro do ano em curso.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

Ø      CHASSOT, I. A., Catalisando transformações na educação. Ijuí: Unijuí, 1995.

Ø      DRIVER, R. et ali. Construindo conhecimento científico na sala de aula. Química nova na escola. No 9,  1999, p.31-40.

Ø      ECHEVERRÍA, A. R., Dimensão Empírico-Teórica no Processo de Ensino-Aprendizagem do Conceito Soluções no Ensino Médio. Tese de doutorado. Campinas – SP, 1993.

Ø      GONÇALVES, T. O. e GONÇALVES, T. V. O., Reflexões sobre uma prática docente situada: novas perspectivas para a formação de professores. In: GERALDI, C. M. G., FIORENTINI, D. e PEREIRA, E. M. de A.Cartografia do trabalho docente. Campinas – SP: Mercado das letras, 2000.

Ø      MACHADO, A. H., Aula de química – discurso e conhecimento.Ijuí: Unijuí,1999.

Ø      MORTIMER, E. F., MOL, G. e DUARTE, L. P., Regra do octeto e teoria da ligação química no ensino médio: dogma ou ciência? Química nova, maio/junho 1994 vol. 17 no 3, p. 243-252.

 

 

 

FONTE DE FINANCIAMENTO

 

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