A ABORDAGEM DAS NOVAS TECNOLOGIAS NOS CURSOS DE LICENCIATURA DO CAC/UFG: CURRÍCULOS E PRÁTICAS EM FOCO

 

MARCIANO, Cristina Cardoso/CAC/ tininha.cardoso@bol.com.br ;

MANOEL, Daniane Moreira/CAC/ tininha.cardoso@bol.com.br;

ALMEIDA BARROS, Aparecida Maria(orientadora)/CAC/ cidaab@innet.psi.br    

 

Palavras-chave: Formação de Professores – Novas Tecnologias – Informática e formação continuada.

 

Justificativa/referencial teórico

 

Apoiado no suporte teórico de CISNEIROS, CUNHA, LIBÂNEO, MOREIRA, PEREIRA, PIMENTA VALENTE e WEBER, a pesquisa buscou documentar,  desvelar e analisar as formas pelas quais o currículo pré-ativo dos Cursos de Licenciatura do CAC/UFG (Educação Física, História, Geografia Letras, Matemática e Pedagogia)  tratam as novas tecnologias no âmbito da atual proposta curricular, diagnosticando as diferentes experiências  de formação vivenciadas nestes cursos  tendo como enfoque as novas tecnologias da informação e comunicação. Em caráter específico, com o plano de trabalho de duas bolsistas, o estudo foi expandido no sentido de perceber as formas de educação continuada de professores para o uso de novas tecnologias na escola, pela via de duas instâncias: o NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional) e os Laboratórios do Proinfo existentes em escolas Públicas de Catalão e região.

O rápido avanço de recursos tecnológicos em todos os setores da vida social, política e econômica do país, têm desafiado as políticas educacionais a articularem projetos capazes de romper com o atraso e a ineficiência da escola em termos técnicos, estruturais e pedagógicos. 

Questões de natureza social também desafiam o sistema escolar  na  interação ensino-aprendizagem e na formação continuada.  Aspectos como carreira docente,, precárias condições  de trabalho, dificuldades  para efetivar o trabalho coletivo, dentre outros que persistem no interior das escolas, apesar do uso das novas tecnologias e da chegada dos Laboratórios de Informática. 

Admitindo que a presença de ambientes informatizados na escola coloca professores e alunos numa outra sintonia com a informação e a produção de saberes, seja pela facilidade de acesso a um universo muito maior e mais complexo de cores, sons, imagens, efeitos... que os limites da sala de aula, seja pelo volume e a diversidade de informações que recebem ao fazer uso da informática como mediadora da construção de saberes no espaço da escola; que o  impacto provocado pelo computador na escola desperta  no aluno uma nova motivação. Desponta como possibilidade de inserção social e, por conseguinte, de uma possível emancipação traduzida na forma de acesso ao mercado de trabalho, além de colocá-lo em sintonia com produtos e mercadorias próprias de setores  e agentes sociais de reconhecido  status social.  Assim, a pesquisa levantou as seguintes indagações: -  como os cursos de licenciatura têm inserido as discussões em torno da apropriação e  qualificação dos licenciandos para  uma adequada utilização das novas tecnologias nas práticas educativas? Qual (is) os espaços que as diferentes propostas curriculares  reservam para o enfoque das novas tecnologias na formação do professor?   Existem  no interior dos cursos práticas educativas sistematizadas nas disciplinas que evidenciam o intercâmbio dos alunos com experiências de uso pedagógico das tecnologias da comunicação/informação em diferentes sistemas de ensino?

Face às discussões que sendo implementadas no sentido de repensar as propostas de formação de professores nos diferentes cursos de licenciatura da UFG, desenvolver estudos e pesquisas sobre as formas como as novas tecnologias são apropriadas, debatidas e utilizadas no Ensino Superior torna-se relevante e atual, posto que, a formação inicial do professor ocorrida nas licenciaturas precisa estar sintonizada com as demandas colocadas pelos sistemas educacionais e os diferentes níveis de ensino escolar na atualidade. Além disso, nas novas propostas curriculares que  encontram-se em discussão, há indícios de inserção nos currículos das licenciaturas de pressupostos epistemológicos das novas tecnologias como requisito da formação inicial dos professores.

 

Metodologia:

A pesquisa de natureza qualitativa etnográfica e  pesquisa participante  foram oportunas para o estudo das situações que envolvem a coexistência de ações de diferentes sujeitos, dada a natureza do objeto de estudo:  o cotidiano escolar e o fazer pedagógico de professores em ambientes informatizados e o processo de formação continuada para o uso das novas tecnologias  no ensino.  André (1986:11) afirma que a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo. Outra defesa da mesma autora ao discorrer sobre as vantagens da pesquisa etnográfica nas investigações que envolvem o universo da escola, situa na atitude do investigador em relação do objeto de investigação:  ...atitude aberta e flexível que deve manter o pesquisador durante a coleta e análise dos dados, o que lhe permite detectar ângulos novos do problema estudado. (André, apud Fazenda, 1995:103). Para a composição dos dados de interesse da pesquisa utilizamos de  instrumentos como: a) questionários semi-estruturados b) observação orientada; e c) Leitura de Documentos.

 

Análises de Dados:

A presença de Tecnologias na formação inicial de professores

l            Circunscrita a algumas disciplinas (didática e metodologia);

l            Os componentes curriculares que contemplam as tecnologias são de natureza instrumental e técnica: geoprocessamento (Geografia),  Estatística e Geometria (Matemática), Laboratório de Línguas (Letras)

l            Didática e Prática de Ensino do Curso de Pedagogia

 

A formação continuada através do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE)

l            Instrumentalização técnica: conserto de equipamentos, instalação de programas treinamento e orientação para uso de programas específicos

l            Socialização de experiências entre diferentes pólos através de encontros e mostras

l            Criação e difusão de projetos locais e regionais: aluno-monitor, informática para a comunidade...

l            Acompanhamento dos projetos locais através de tutorias

l            Cursos de capacitação rápida para professores e funcionários administrativos

Os projetos de Docência via informática na escola

l            Relativo aumento quantitativo e qualitativo dos projetos realizados pelos professores nos Laboratórios de Informática, com maior projeção  entre a 5a e a 8a série do Ensino Fundamental.

 

l            Maior expectativa e interesse dos professores em investir nos projetos de docência utilizando a informática como recurso didático-pedagógico

 

l            Fundamental a presença de um profissional qualificado para coordenar as atividades do Laboratório na Escola -  o Dinamizador de Informática – elo entre os professores e o NTE

 

Conclusões

Ao finalizar as atividades do projeto de pesquisa,  foi possível verificar que:

1) No tocante à presença das novas tecnologias nos cursos de licenciatura, no formato atual das matrizes curriculares, ainda se mantém tímida e circunscritas à iniciativa de alguns professores e de áreas específicas, não compondo o conjunto das práticas e projetos de formação dos diferentes cursos estudados.

2) O Núcleo de Tecnologia Educacional consiste em um importante espaço para a difusão das tecnologias junto às escolas públicas, garante suporte técnico e pedagógico aos Laboratórios do Proinfo e tem implementado processos de formação continuada aos profissionais do ensino, com a finalidade de instrumentalizá-los para o uso adequado da informática como ferramenta pedagógica. Contudo, a equipe é limitada se comparada com a demanda e as exigências manifestadas pelas escolas; trabalham com dificuldade no tocante a recursos financeiros e subsídios necessários para a atualização e expansão de cursos, dentre outros;

3) O trabalho com projetos de docência implementado pelos professores nas escolas que possuem Laboratórios de Informática vem se tornando mais expressivo em quantidade e qualidade, a partir do ano 2000, com a chegada do Dinamizador de Informática na Escola.

Em síntese, apesar da presença do Núcleo Tecnológico e das diferentes ações planejadas para viabilizar os suportes teóricos, metodológicos, instrumentais e pedagógicos dos professores para o uso das novas tecnologias da informação, muito ainda está por fazer e estruturar em termos da formação continuada.  Há ainda uma distância entre os projetos implementados por iniciativa da rede pública estadual e as instâncias de formação dos profissionais no âmbito das diferentes licenciaturas. Verifica-se um descompasso entre as propostas curriculares dos cursos de Licenciaturas, encarregados pela formação inicial de professores e o enfoque das novas tecnologias como componente curricular abordado pelos diferentes cursos.

 

 

 

Referências Bibliográficas:

 

BRASIL, MEC, Programa de Informatização da Educação (PROINFO)  1997-2002. Brasília-DF, 1997. documento base:  www.mec.gov.br/PROINFO

CUNHA, Luiz Antônio. O Ensino Superior no octênio FHC. In.: Educação & Sociedade: Dossiê “Políticas Educativas em Portugal e no Brasil”. vol. 24, n. 82, 2003.

LIBÂNEO José Carlos e PIMENTA, Selma Garrido. Formação dos profissionais da educação – visão crítica e perspectivas de mudança. In.: Educação & Sociedade: Formação de Profissionais da Educação Políticas e Tendências. Campinas-SP: CEDES, 199. Ano XX – dezembro de 199 – no 68/Especial.

LUDKE, Menga e ANDRÉ, Marli A. D. Pesquisa Qualitativa em Educação. SP: EPU, 1986.

MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Dossiê “Políticas Curriculares e Decisões Epistemológicas”. Educação & Sociedade: Campinas-SP: ANO XXI,  n. 73, 2000.

PEREIRA, Júlio Emílio Diniz. As licenciaturas e as novas políticas educacionais para a formação docente. In.: Educação & Sociedade: Formação de Profissionais da Educação Políticas e Tendências. Campinas-SP: CEDES, 199. Ano XX – dezembro de 199 – no 68/Especial.

GOIÁS, Secretaria de Estado da Educação/Superintendência de Educação à Distância e Continuada. Goiás: 1998/2000

WEBER, Silke. Como e onde formar professores: espaços em confronto. In.: Educação & Sociedade, Campinas-SP: CEDES, ANO XXI, n. 70, 2000.

WEBER, Silke. Notas Sobre o CNE e a qualidade do ensino superior. In.: Educação & Sociedade: Políticas Públicas para a Educação: Olhares diversos sobre o período 1995 a 2002. Campinas-SP: CEDES,  vol. 23 n. 80/especial, 2002.

 

 

 

 

Fonte de Financiamento:  Programa PROLICEN - bolsista