Barbosa A.A.; Silva R. A
UFG/ Campus Avançado de Jataí – Coordenação de Ciências Biológicas
linybio@yahoo.com.br / corrosi@pop.com.br
Palavras Chaves: Sexualidade, Amor, Educação.
Justificativa
A sexualidade desenvolve ao longo da vida, influenciada pela cultura, família, afetos e sentimentos, expressão singular da pessoa humana. Discutir a sexualidade e seus aspectos deve ser preocupação dos educadores em diversas áreas profissionais. A implantação deste projeto visou aos acadêmicos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do CCAB/UFG, a formação de bons educadores no que diz respeito à sexualidade humana e aos setores da comunidade espaço de discussão sobre uma educação sexual informativa preventiva nos conceitos múltiplos relacionados à sexualidade, como o autoconhecimento corporal, personalidade de acordo com o defendido por Martínes e Pascual (1998) “baseado no respeito mútuo, em que a educação sexual seja acolhida e respeitada, e não em conceitos de luta de uns contra outros que não beneficiam ninguém e da qual todos saem perdendo”. A postura conscientizadora tenta resgatar uma visão de educação sexual multidisciplinar e não apenas preventiva. O projeto visa proporcionar conhecimentos estimulados por conteúdos e reflexões sobre o discernimento das escolhas sexuais individuais e comunitárias guiados pelo princípio de organização do ser humano homem e mulher colocando o amor no centro das relações, das ações e iniciativas sexuais.
Este projeto desenvolve-se numa abordagem qualitativa. Esta metodologia permite analisar e desenvolver os critérios da sexualidade numa tentativa integral influenciada por elementos culturais, sociais e econômicos. Por permitir técnicas criativas e interativas através da metodologia qualitativa (teoria da problematização) integramos os participantes nas ações e na visão da relação das pessoas sobre o projeto e do projeto sobre as pessoas, proporcionando uma auto-avaliação como seres humanos e como avaliadores do projeto em que se inserem. Nos encontros buscamos articular as opiniões, crenças, história de vida, meio sócio-econômico-cultural vivenciado pelos acadêmicos de Ciências Biológicas e comunidade informando as influências desses setores na sexualidade. Os encontros são realizados sob a perspectiva de debates, oficinas e palestras onde discutimos a sexualidade humana na presença de um moderador e um observador que investigando os problemas, discutem e propõem soluções baseadas na construção do amor próprio, do amor pelo outro. A equipe atua em setores educacionais como escolas, creches, asilos e igrejas, associações beneficentes e de recuperação, postos de saúde. Os assuntos abordados são: 1- O amor; 2- ser que ama; 3- o homem e a mulher – como desenvolvendo sua sexualidade; 4- a personalidade de cada um; 5- a afetividade; 6- a racionalidade; 7- o corpo físico; 8- o transcendental; 9- o namoro – uma complementação; 10- o viver em dedicação; 11- o casamento; 12- a reprodução sexual; 13- A sexualidade e os órgãos do sentido; 14- Virgindade; 15- Masturbação; 16- Influência sobre a sexualidade; 17- Os jovens diante da sexualidade (autoconhecimento); 18-preservativos femininos e masculinos e métodos contraceptivos; 19- Amor e sexo, fidelidade e casamento; 20-tipos de amor; 21- As dimensões do corpo humano; Cada encontro foi organizado em seqüência lógica e pedagógica de introdução, desenvolvimento e conclusão dos temas.
Resultado e discussão
Durante a aplicação do projeto observamos várias dúvidas dos participantes, relacionadas à ausência de conhecimento, falta de alguém para dialogar, vivências sexuais por idéias do modismo atual, ausência de autoconhecimento e de grupos que dialoguem sobre o assunto. Estas observações justificam o comportamento dos jovens expressado por Garcia & Marchi (2001) que exemplifica "Os jovens levam uma vida sexual excessivamente ativa, o que eleva os índices de DSTs, devido a intensa troca de parceiro, a falta de maturidade e conhecimento do próprio corpo" não tendo tempo suficiente para o aprendizado sexual. Observamos a importância destas discussões para um direcionamento imparcial, defendido por Braga (2003) onde educação sexual “acaba passando por valores de quem os discute, mas há necessidade de saber discernir, buscar uma postura ética, uma atuação diferenciada”. O projeto amor intimo é uma possibilidade consciente de uma orientação sexual pautada na conscientização corporal, evitando os conceitos repressores que segundo Tiba (2000) “constitui pretensas formas de verdade, ritualizadas pela vida social, onde permanecem até que sejam substituídos”. Foram realizados encontros nos quais se discutiram e prepararam práticas para educação sexual nos níveis fundamental e médio, dentro de condições para elucidar dúvidas levantadas na primeira fase do projeto (2003), aplicada aos acadêmicos de ciências biológicas, que prepararam brincadeiras, jogos e atividades corporais que envolviam raciocínio e preparo físico, teatro informativo e teatro interativo. Na segunda fase do projeto (2004) aplicada a setores da comunidade temos cartazes, panfletos e vários questionamentos que são retirados dos encontros ministrado. Temos que desenvolver uma educação sexual personalizadora, justificada por Brasileiro (1999) “como imprescindível no estudo da sexualidade, para que tenham bases consistentes na edificação de uma consciência capaz de suportar, de evitar problemas sexuais e afetivos que retardem o equilíbrio pisico-emocional levando o ser humano a estágios transitórios, dolorosos de desajustes mentais, orgânicos e afetivos”. Na realização deste projeto mantivemos contato entre os participantes com o orientador, dos monitores, com várias opiniões e histórias de vida em ambiente participativo reflexivo das escolhas e práticas que dinamizam a vivencia da nossa sexualidade. Os acadêmicos levantarão questões e problemas nas quais mostraram os ângulos de diversas situações. Na comunidade temos a oportunidade de um contato direto com os problemas e possíveis dúvidas surgidas. Precisamos educar para sexualidade profunda, satisfatória que lentamente irá substituir o padrão imposto, de liberdade sexual que tudo pode desde que se use preservativo. Devemos estar dispostos a examinar-nos primeiro como pessoa humana que possui uma esfera sexual e que queremos viver conforme o proposto pela organização mundial de saúde (OMS) que define a sexualidade como um dos indicadores que avaliam a qualidade de vida de uma pessoa.
Conclusão
Discussões sobre sexualidade não devem ser apenas no âmbito familiar e/ou escolar mas incluída nas universidades, comunidade, associações de bairro e clubes, ou seja, em todos os ambientes sociais, que visem o bem estar humano. A educação sexual vigente levou-nos a viver em segredos, falta de dedicação dos adultos para escutar e orientar os jovens atuação contraria aos princípios do amor. É preciso ensinar o amor. É preciso falar do amor pelo amor a vida, ao outro. O distanciamento levou os adultos a agirem como juizes e até espiões da expressão sexual juvenil. Os Jovens respondem disfarçando, retraindo, realizando práticas sexuais sem reflexão. As esferas sexuais oblativas (da alma) permanecem em segredos, os jovens aspiram desenvolvê-las, mas não sabem por onde começar A preparação para o amor está, portanto, longe de limitar-se à iniciação sexual depende essencialmente da educação total da pessoa humana na medida que esta educação é ministrada, podemos esperar que escolhas de amor levem a uma harmoniosa vida a dois.
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