Conflitos e Descobertas da Adolescência: uma questão de educação em saúde1
Autora: LIMA, A. F. O.[1]
Coordenadora: MARTINS, C. A[2]
Unidade Acadêmica – Faculdade de Enfermagem - FEN
Endereço Eletrônico – aluna: a_dinha@yahoo.com.br coordenadora: cleusaam@terra.com.br
Palavras–chave: Ações educativas em saúde, Adolescente, Sexualidade na adolescência
Justificativa: A adolescência é concebida como uma fase do desenvolvimento humano que constitui um período de transição entre a infância e a vida adulta. Esse período é caracterizado por grandes transformações como desenvolvimento físico, cognitivo, bem como, emocionais, afetivas e psicossociais.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS, essa fase da vida abrange a pré-adolescência na faixa etária de 10 a 14 anos e a adolescência propriamente dita que compreende o período entre 15 e 19 anos. Entretanto, Ramos; Pereira e Rocha (2001), fazem um questionamento importante acerca dessas demarcações etárias, as condições econômicas, políticas e sociais determinam comportamentos individuais e grupais diferenciados, por isso ao compreender a adolescência deve-se considerar e estabelecer os limites de idade nessa fase.
As intensas transformações que ocorrem na adolescência geram dúvidas e um interesse acentuado pelo desconhecido Os adolescentes buscam respostas nas pessoas próximas que já vivenciaram essa etapa e são referências: pais, professores, irmãos ou amigos mais velhos, que em geral, não estão disponíveis nem preparados para manter um diálogo saudável com eles.
Adolescentes indicam que a primeira fonte de informação sobre sexualidade é a mãe, os professores e os amigos, (Ferreira, 2000). Dessa forma é necessário que haja conhecimento e uma abertura por parte desses núcleos para promover uma educação adequada.
Serra e Mota (2000), afirmam que “o adolescente deve ser ouvido e respeitado e encontrar espaço para expressão de suas potencialidades”.
No que diz respeito ao espaço familiar, para o adolescer, Ramos (2001) refere que esse contexto é fundamental na definição das experiências de crescimento, desenvolvimento e construção da identidade. Mas, a família não é a única que participa nesse processo, a escola também tem papel fundamental de proporcionar ao adolescente o exercício de se identificar como um ser humano possuidor de um espaço no meio social.
Assim, a escola, pode ser concebida como:
“um espaço privilegiado para a promoção da saúde num enfoque ampliado, na perspectiva de construção de cidadania e de envolvimento dos diversos atores que compõem esse universo: adolescentes, estudantes, profissionais de educação, familiares, líderes comunitários e profissionais de saúde”. (Rocha, Ferriani e Souza, 2001).
Nesta linha de pensamento, acreditamos que, as instituições escolares podem contribuir na promoção da saúde dos estudantes adolescentes, viabilizando programas e atividades específicas que configurem, ações educativas em saúde para escolares, pautadas em discussões e orientações dos principais questionamentos e conflitos da adolescência, destacando-se questões de hábitos nocivos à saúde, como alcoolismo, uso do tabaco e outros tipos de drogas (lícitas e ilícitas), sobre sexualidade, métodos contraceptivos, gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis (DST), e considerações acerca das mudanças corporais apresentadas na adolescência.
Na adolescência têm-se grupos com maiores peculiaridades, devido ser o período que surge com mais força a busca da independência, afirmação da personalidade e das modificações físicas e psicossociais. O adolescente torna-se vulnerável, em condição de presa fácil, nas diferentes situações de risco.
Nesta ocasião de descobertas e carência de compreender o mundo é que se torna importante contribuir com a formação do jovem cidadão, particularmente, aos adolescentes carentes e abandonados. Entretanto, muitas vezes, programas e ações educativas de saúde, são negligenciadas por algumas instituições educacionais, contribuindo para grandes lacunas na formação e que comprometem severamente o desenvolvimento e o compromisso da população com a cidadania.
Entretando torna-se importante e oportuno desenvolver atividades na promoção da saúde do adolescente, em diferentes ambientes do adolescer. Este projeto visa atuar em escolas, considerando as situações contextuais dos adolescentes, bem como as próprias informações deste grupo acerca dos questionamentos e conflitos que vivenciam nessa fase da vida. Acreditamos, assim, ser o momento apropriado para atuar junto à população, contribuindo, na conscientização da sua realidade e na necessidade de adotar estilos de vida compatíveis com baixo-risco à saúde e ainda, despertá-los para comportamentos sociais que possam contribuir para a qualidade de vida da sociedade, em geral.
Objetivos: Realizar ações de educação em saúde com grupos de adolescentes em ambiente escolar; promover a integração do Curso de Graduação em Enfermagem em Licenciatura e ensino fundamental, voltado especificamente aos adolescentes, desenvolver atividades didáticas pertinentes ao discente de enfermagem e licenciatura; participar de reuniões de planejamento e desenvolvimento das ações com professores da unidade de ensino; realizar oficinas com alunos abordando características e aspectos conflituosos próprios da adolescência; proporcionar aos adolescentes subsídios que envolvam a aquisição de comportamentos saudáveis buscando atingir níveis satisfatórios de saúde; oportunizar trocas de experiências minimizando questionamentos e conflitos encontrados na população adolescente.
Metodologia/Procedimentos: As atividades didáticas pautaram-se na metodologia participativa com problematização da realidade do adolescer, qual seja, desenvolver atividades que contribuem para reflexão do cotidiano, discutir vivências e necessidades do grupo. Para tanto, desenvolveram-se atividades educativas junto aos adolescentes adotando um clima de interação e liberdade entre educador e escolares permitindo questionamentos dos alunos e exposição de opiniões, promovendo, assim a atuação efetiva no processo ensino-aprendizagem. Os instrumentos de ensino foram: folders, atlas, fotos, álbum seriado, grupos, caixa para depósito de perguntas dos alunos e objetos reais de demonstração (DIU, camisinha, diafragma, etc). As atividades didáticas ocorrem no horário da aula de biologia, o que facilitou a integração do conteúdo nesta disciplina, a associação da matéria foi avaliada pela professora, nos relatórios dos alunos.
População-Alvo: O público foi constituído por alunos na faixa etária entre 11 e 16 anos de idade, até o momento atingimos, 160 alunos das 6ª e 7ª séries do ensino fundamental.
Local de execução: Colégio COLU, no Setor Leste Universitário, em Goiânia. Resultados parciais: A experiência como coordenadora em sala de aula de pré-adolescentes e adolescentes apresentando temas ainda pouco discutidos, inicialmente, causou grande apreensão. No entanto, a necessidade de informações acerca da realidade vivenciada pelos adolescentes, era tão premente, que os tornou bastantes receptivos e muito acessíveis ao diálogo, quebrando a barreira da estréia como educadora em saúde. Nesse campo, é perceptível a vulnerabilidade acerca da sexualidade, gravidez e doenças sexualmente transmitidas, pois a maioria dos alunos afirmou que desconhecem cientificamente o processo fisiológico do organismo humano e os cuidados com o corpo. Apenas alguns demonstraram esse conhecimento e falaram que o pouco que sabiam, são informações apreendidas aleatoriamente, com qualquer pessoa leiga no assunto. Desse modo, ficam à mercê dos acontecimentos, e na maioria das vezes, incapazes para prevenir ou modificar situações que podem comprometer, gravemente, sua saúde.
Reafirmamos a importância de trabalhar as ações educativas em saúde, na escola, com adolescentes. Também, foi um grande estímulo para meu desenvolvimento pedagógico, houve satisfação em construir o conhecimento junto com o grupo. Esta disposição ficou nítida quando os alunos afirmaram que a experiência foi excelente, segundo comentários dos adolescentes: “Professora, adorei sua aula, foi muito legal!”, ou mesmo observando a atenção que a maioria dispensava no decorrer da aula. Foi possível constatar que a série e o perfil da turma são importantes para indicar a metodologia a ser empregada – trabalhos em grupos funcionam melhor numa turma, já em outras o estudo individual ou em dupla facilita o aprendizado; oficinas e uso de cartazes e outros materiais visuais contribuem bastante na motivação do grupo. Até aqui, embora estejamos caminhando, vimos à necessidade de estarmos na escola, pois este é o local de construção do conhecimento e essencial na formação integral do indivíduo.
Fonte de financiamento: PROGRAD – UFG.
Referências Bibliográficas
Brasil, Ministério da Saúde. Participação dos jovens: um direito. Disponível em http://portalweb02.saude.gov.br/saúde/buscar.cfm , 2004.
FERREIRA, M.L.S.M; GALVÃO, M.T.G; COSTA, E.S. Sexualidade da Adolescente:anticoncepção. RBM ver. bras. med. ;57(n.esp.): 8-15, 18-9, nov 2000. tab, graf.
RAMOS, F.R.S; PEREIRA, S.M; ROCHA, C.R.M. Viver e Adolescer com qualidade. Adolescer: compreender, atuar, acolher: Projeto Acolher/Associação Brasileira de Enfermagem. Brasília: ABEn, 2001, 304p.
RAMOS, F.R.S. Bases par uma re-significação do trabalho de enfermagem junto ao adolescente. Adolescer: compreender, atuar, acolher: Projeto Acolher/Associação Brasileira de Enfermagem. Brasília: ABEn, 2001, 304p.
ROCHA, C.R.M; FERRIANI, M.G.C; SOUZA, M.S.S. Acompanhamento de adolescente na escola. Adolescer: compreender, atuar, acolher: Projeto Acolher/Associação Brasileira de Enfermagem. Brasília: ABEn, 2001, 304p.
SERRA, A.L.S.; MOTA, M.S.F.T. Adolescentes Promotores de Saúde. Projeto Acolher: um encontro da enfermagem com o adolescente brasileiro. Brasília: ABEn/ Governo Federal, 2000.196p.