Resumo: No presente trabalho propomos a desconstrução de conceitos apologéticos e morais que são estabelecidos como os pilares de marfim de dois “mundos” distinguidos por Ocidente e Oriente, aos alunos do ensino médio. Discutiremos as representações culturais, sociais e históricas que envolvem civilizações multipolares que, no enredo contemporâneo, são simplificadas por Ocidente e Oriente. Análogas no que se refere às relações de poder e proselitismo amalgamados, em diferentes tipos de perspectivas, analisando os variados tipos de texto, contexto e história. Propiciando assim uma construção não puritana e possibilitando que se desenvolva um senso mais crítico e denso da atualidade em cada aluno.
Palavras-chave: História, Cultura, Globalização, política.
Área do conhecimento: História
O intuito deste projeto é apontar uma idéia geral dos efeitos da linguagem e da retórica na produção do fato histórico. A apropriação das obsoletas visões de mundo das civilizações para edificação do discurso etnocêntrico, no que se refere à construção de dois mundos imaginários que coexistem empiricamente em um único contexto amalgamado pela globalização. Em suma: não há um único Oriente assim como não há um único Ocidente coexistindo emancipadamente um do outro, mesmo por que o Oriente e o Ocidente são fatos produzidos por seres humanos e como tais devem ser estudados como componentes integrantes de natureza social, e não divina ou natural do mundo, ou seja, é perspectiva proposta por Vico, Hegel, Marx, Nietzsche, Weber, Ranke, Dilthey e outros de que a humanidade tem uma história que é produzida por homens e mulheres e pode ser compreendida historicamente em determinados períodos ou momentos, como possuidora de uma unidade complexa, mas pertinente em relação ao fato.
A diversidade é uma característica de todas as tradições, religiões ou nações, mesmo que alguns de seus membros tenham futilmente tentado traçar fronteiras ao seu redor e demarcar o seu credo. A história é detentora de uma densa e contraditória narrativa para que possa ser representada por demagogos muito menos representativos do que se supõem tanto os seus seguidores como opositores.
Esperamos contribuir para a compreensão da incômoda lacuna que ficou aberta após o 11 de setembro de 2001 com o ataque aterrorizante, inédito e absolutamente assustador ao templo da livre empresa na cidade de Nova York e Washington contra as torres que simbolizavam o poder do capital americano e à catedral do poder militar americano. Acreditando como Peter Demant: o que era um rio se transformou em cachoeira.
Acautelando-se a evitar o caótico futuro escatológico definido por Samuel Huntington como “Choque de civilizações” entre o Ocidente e o Oriente, que seria o palco para os novos conflitos entre grupos humanos distinguidos por valores, crenças, instituições e estruturas sociais se contrapondo aos do século XX que eram justificados pelo tamanho físico, formato da cabeça e cor da pele, o que indica para uma transmutação emergente de valores. Na verdade este é um conflito no qual todos nós sofremos, todavia para que seja sanada esta catástrofe cultural e política é necessário que ambos os lados façam as concessões e esforços necessários para que seja evitada esta nova forma de limpeza étnica. A primeira tarefa imprescindível seria exercitar a compreensão da situação inusitada em que vivemos. Ao Ocidente, cabe entender como a riqueza histórica do Oriente se vincula à sua hodierna pobreza. Uma compreensão da dinâmica interna e externa do Oriente especificamente o Oriente-Médio, assim como de sua interação com os povos vizinhos, portanto a estrutura que nos separa deles é beligerante, construída e situacional. Dentro de cada campo civilizacional observamos que existem representantes oficiais daquela cultura ou civilização que se transformam em seus porta-vozes, que se atribuem o papel de articuladores de “nossa” essência (ou da essência deles). Constitui o primeiro passo para que se possa desenhar políticas mais compassivas, e mais quantitativas, frente a ele.
No alvorecer do século XXI acreditava-se que o secularismo era uma tendência irreversível e que nunca mais a fé ou o despotismo desempenhariam um papel importante nos acontecimento mundial. Acreditava-se que, tornado-se mais racionais, os homens já não teriam necessidade da religião ou a restringiriam ao âmbito pessoal e privado. Todavia no final da década de 1970 (revolução islâmica), os religiosos em nome de sua crença começaram a rebelar-se contra a hegemonia do secularismo e a esforçar-se para um novo advento da fé em uma crença cosmopolita que está acima das vontades e anseio do próprio homem, onde a fé e o secularismo seriam compatíveis à mesma posição na esfera social.
É neste contexto que se desenvolverá o trabalho de extensão utilizando dois tipos de fontes, por um lado às fontes européias, em sua maior parte livros e arquivos, e por outro as não-européias, escritas ou como freqüentemente é o caso na história africana, não escrita (semi-ótica). Devido à ausência das fontes tradicionais, é necessária a assistência de outras disciplinas, daí o papel de disciplinas como arqueologia, lingüística e antropologia, por isso para uma melhor abrangência epistemológica do trabalho tende a ser interdisciplinar.
Metodologia/procedimento: Aulas expositivas, debates com utilização de recursos
áudio-visual.
População-Alvo: Alunos do ensino médio.
Local de execução: UFG. CAC (Campus Avançado de Catalão)
Resultados: Em andamento
Fonte de financiamento: PROBEC
Bibliografia
(1) Armstrong, Karen. Em nome de Deus: o fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no islamismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
(2) Barber, Benjamin R. Jihad X Mcmundo. Rio de Janeiro: Record, 2003.
(3) Demant, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2004.
(4) Said, Edward. Cultura e Política. São Paulo: BoiTempo, 2003.
(5) ____. Reflexões Sobre o Exílio. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
(6) Wesseling, Henk. História de além mar In. Peter Burke (org) A Escrita da História Novas Perspectivas. São Paulo. UNESP.1992