Atividades aquáticas como forma de reabilitação e inclusão para crianças e adolescentes com necessidades educativas especiais

 

 Roseane Patrícia de Souza e Silva

Professora do Curso de Educação Física UFG/CAC

Cléria Martins Lino,

Bolsista PROEC.

 Renata  Domaszak Artoni

Márcia Garcia Costa

Maria Rita Cândida de Jesus

Alessandra Luzia Pereira de Lacera

Viviane Alves Mastrela

Glétiei Miranda Rodovalho

Josiane de Fátima Silva

 Maysa de Faria Mendes Silva

Acadêmicas voluntárias do projeto.

Curso de Educação Física – UFG/CAC. 

 

e-mail: patisouza2002@yahoo.com.br

Palavras Chaves: Deficiência, Reabilitação, Práticas Corporais.

 

Introdução

Muitos problemas afetos às pessoas com necessidades educativas especiais (PNEE) têm preocupado os pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento. Tais preocupações abrangem discussões de natureza terminológica como por exemplo, a denominação adequada para nos referirmos a estas pessoas, questões relativas aos métodos de ensino, às políticas públicas, à inclusão escolar, à recreação e lazer, dentre várias outras.

O interesse por questões dessa natureza se intensificou a partir de 1981, ano dedicado pela Organização das Nações Unidas à Pessoa Portadora de Deficiência. Durante os anos 80 e por volta de toda a década de 90, na seqüência de discussões e determinações de âmbito mundial uma maior atenção foi dispensada aos problemas pertinentes a este segmento da população. 

Podemos destacar que as discussões acerca da PNEE, tiveram início desde os primeiros dias de estabelecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de programas destinados a encontrar soluções para a gama de problemas sociais causados principalmente pela Segunda Guerra mundial.

O problema das deficiências causadas pelas atividades de guerra, foi tão significativo que demandou a concentração de esforços em programas de reabilitação para pessoas deficientes, estivessem elas envolvidas na guerra como integrantes das forças em conflito ou como vítimas civis.

 

Os esforços internacionais dirigidos para esse objetivo acabaram sendo muito pouco eficazes  devido à sua falta de coordenação _ na verdade não havia um plano mundial para dar cobertura a toda a magnitude de dificuldades. E descobriu-se rapidamente que, devido à dispersa _ apesar de grande _ quantidade de esforços na tentativa de remediar problemas de deficiências instaladas, pouca atenção estava sendo devotada à prevenção de outras deficiências _ situação que perdurou por vários anos do pós-guerra. ( SILVA, 1987, p. 327)

 

            Com a preocupação de elaborar planos de ações preventivas e de reabilitação, a Assembléia Geral da ONU aprovou em 1975 a Declaração dos Direitos das Pessoas  Deficientes ( SILVA, 1987, p. 329). Esse Documento internacional é de fundamental importância, pois marca o início de uma série de outras preocupações com esse segmento da população mundial. Expomos a seguir três dos principais postulados, citados por Silva ( 1987, p. 328-329):

 

1-       O termo “pessoas deficientes” refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si  mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência ou não, em suas capacidades físicas ou mentais.

2-       As pessoas deficientes têm direito a medidas que visem capacitá-las a tornarem-se tão auto-confiantes quanto possível.

3-       As pessoas deficientes têm direito de viver com suas famílias ou pais adotivos e de participar de todas as atividades sociais, criativas e recreativas. Nenhuma pessoa deficiente será submetida em sua residência, a tratamento diferencial, além daquele requerido por sua condição ou por sua necessidade de recuperação. Se a permanência de uma pessoa deficiente em um estabelecimento especializado for indispensável, o ambiente e as condições de vida nesse local devem ser, tanto quanto possível, próximos da vida de pessoas da sua idade. 

 

Apesar das medidas que foram e vêm sendo adotadas por diversos segmentos da sociedade e órgãos públicos nacionais e internacionais, inúmeros problemas ainda são enfrentados por essas pessoas até os dias atuais, dentre os quais destacam-se: a possibilidade de acesso e permanência à educação escolar; direito ao trabalho e ao lazer; as barreiras arquitetônicas; a discriminação e o preconceito social ( SILVA, 2002, p. 03)

Assim buscamos com este projeto desenvolver um trabalho prático, voltado às atividades da cultura corporal com crianças e adolescentes com necessidades educativas especiais (PNEEs) que estudam e participam de diversas oficinas pré-profissionalizantes na Escola Santa Clara, situada em Catalão-GO. A escola Santa Clara conta com cento e setenta e dois aluno(a)s, oriundos da cidade e região circunvizinha, e está voltada especificamente à formação de pessoas com necessidades educativas especiais.

Atualmente atendendo a uma nova política educacional, que se fundamenta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 e no Programa Educacional da Superintendência do Ensino Especial-GO, para 2000/2003, esta estrutura institucional passou a se chamar Unidade de Referência, Escola Santa Clara/Sociedade Pestalozzi composta de dois setores denominados por Setor de Reabilitação e Setor de Ensino Especial.

            Em um mundo em que as atenções têm se voltado ao corpo belo, “malhado” e “perfeito” reflexo de um elitismo cultural em virtude das principais discriminações existentes na sociedade, torna-se necessário o fortalecimento de preocupações sob forma de estudos e projetos reagindo a esta tendência. Assim a Educação Física Adaptada para PNEE, torna-se um elemento fundamental na construção de novos debates e aprendizagens junto à comunidade e acadêmicos que tenham como principais princípios a saúde, a socialização e uma melhor qualidade de vida destas pessoas.

Nesse intuito nosso projeto busca através das atividades aquáticas, desenvolver potencialidades tais como a força, o equilíbrio, a flexibilidade por meio da aprendizagem da natação, bem como, a partir de exercícios e atividades lúdicas realizadas na piscina, contribuir na reabilitação e no convívio social destas pessoas, que historicamente vêm sendo segregadas na sociedade. Foram estes alguns dos motivos que nos conduziram à necessidade de realização deste projeto, tendo como alguns dos principais objetivos: a)Identificar a partir de levantamento bibliográfico, temas pertinentes à saúde e qualidade de vida da PNEE relacionados à prática de atividades físicas, mais especificamente as atividades aquáticas; b) Realizar atividades práticas nas piscinas buscando a adaptação ao meio líquido e manifestações lúdicas das crianças e jovens com necessidades educativas especiais.

 

Metodologia

A metodologia utilizada está voltada ao trabalho de campo realizado a partir de aulas práticas de natação, bem como, outras atividades aquáticas que estimulem a aprendizagem dos estilos, a socialização e a reabilitação de alunos com necessidades educativa especiais realizadas sistematicamente duas vezes por semana. O projeto também prevê estudos e revisão bibliográfica da temática em questão, com intuito de identificar e discutir no processo teórico-prático as questões pertinentes à reabilitação e a melhoria da qualidade de vida das PNEEs no processo de ensino aprendizagem da natação. Diante destes aspectos, as ações metodológicas previstas para serem desenvolvidas serão as seguintes: 1. Levantamento bibliográfico sobre o tema para leituras e debates no decorrer da realização do projeto; 2. Reconhecimento do ambiente de trabalho e suas adaptações estruturais; 3. Análise de conjuntura da escola; 4. Definição junto à escola das turmas de crianças e jovens para desenvolvimento das aulas; 5. Planejamento das atividades a realizarem-se duas vezes por semana; 6. Aulas práticas realizadas individualmente e em pequenos grupos; 7. Avaliação contínua das atividades realizadas; 8. Elaboração do relatório final.

A população–alvo caracteriza-se por aproximadamente 30 crianças da Escola Santa Clara e os resultados parciais nos permitem afirmar que as crianças e adolescentes participantes do projeto têm avançado tecnicamente nas atividades propostas, bem como apresentam um maior nível de integração entre si e com os monitores que acompanham o projeto.

 

Bibliografia

SILVA. O. J. A epopéia ignorada – a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje. São Paulo, CEDAS, 1987. 470 p.

SILVA. R. P. de S e. Produção científica em periódicos brasileiros das áreas de Educação e Educação Física relacionada à pessoa com necessidades educativas especiais. Goiânia, 2002. Dissertação ( Mestrado em Educação Brasileira) – Universidade Federal de Goiás, 2002.