TÍTULO DO PROJETO: ALIMENTAÇÃO: UMA FORMA DE EDUCAÇÃO

AUTORES: COSTA, P. M.; BRUNO, J. R.; RODRIGUES, SILVA, J.K.M.; SOUSA, A.G.; LUSTOSA, F. H. C.

ENDEREÇO ELETRÔNICO: alimentação_educacao@yahoo.com.br

NÚMERO DO CADASTRO: FE27

PALAVRAS-CHAVES: Avaliação nutricional; alimentação saudável; educação popular; segurança alimentar e nutricional.

ÁREA DE CONHECIMENTO: Biológicas e Humanas

JUSTIFICATIVA:

            A fome e a miséria as quais estão historicamente submetidos certos grupos populacionais no Brasil têm fomentado movimentos de confrontos como por exemplo as invasões de terras, como tentativa de conquista de melhores condições de vida. Tais conflitos têm levado a sociedade a compreender a importância da necessidade dos excluídos sociais – Sem Terras.

Na busca pela implementação da reforma agrária, democracia, igualdade, justiça social, saúde e educação surge então o Movimento dos Sem –Terras (MST). O MST é um movimento de massas, formado por trabalhadores rurais e por todos aqueles que querem lutar pela reforma agrária, contra a injustiça e as desigualdades sociais no campo.

Como conquista do MST em Goiás, tem-se a formação do Assentamento Rural Canudos que assentou aproximadamente 360 famílias. Um assentamento rural é definido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) como uma unidade empresarial associativa, de base familiar, autônoma e gerida pelos trabalhadores, que visa o desenvolvimento econômico e social do conjunto de assentados. Tal assentamento foi escolhido por ter uma formação recente, o que requer orientações sobre saneamento; uso integral dos alimentos; boas práticas de manipulação, produção e consumo; importância da Agroecologia; valorização dos hábitos alimentares regionais; integração dos assentados.

O nome do projeto “Alimentação: uma forma de educação”, foi escolhido porque acreditamos que sendo a alimentação condição básica e primária para a sobrevivência e desenvolvimento físico, fisiológico e psicológico de qualquer indivíduo, pode ser usada como uma ferramenta de conhecimentos e experiências. Sendo assim, buscamos através da alimentação trabalhar temas relacionados à saúde pública, segurança alimentar e nutricional, agroecologia e educação popular, pois entendemos serem temas interligados, e essenciais entre si.

Por Segurança Alimentar e Nutricional entende-se a realização do direito de todos a uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas alimentares promotoras da saúde sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais e nem o sistema alimentar futuro, devendo realizar-se em bases sustentáveis, sem perder sua condição de fonte de satisfação e realização do ser humano, respeitando as práticas e hábitos alimentares das diferentes culturas.

Para a consolidação da segurança alimentar e nutricional devem ser promovidas práticas produtivas diversificadas e integradas que garantam a relação harmônica do ser humano com a natureza (práticas agroecológicas[1], produção de alimentos orgânicos, etc.).

Destacamos também a educação popular, pois a educação popular busca trabalhar pedagogicamente o homem e os grupos envolvidos no processo de participação popular, fomentando formas coletivas de aprendizado e investigação de modo a promover o crescimento da capacidade de análise crítica sobre a realidade e o aperfeiçoamento das estratégias de luta e enfrentamento. Sendo assim, entendemos que com a valorização do conhecimento popular faz com que o educando tenha liberdade para tomar iniciativas para promoção da saúde.

Uma alimentação que siga esses princípios é capaz de prevenir e reverter doenças carenciais (desnutrição, anemia, etc) e doenças crônico degenerativas (obesidade, pressão alta, doenças cardiovasculares, etc). Ao mesmo tempo, seria capaz de estimular o fortalecimento de sistemas sustentáveis de produção de alimentos, no contexto de uma proposta de desenvolvimento humano sustentável.

OBJETIVOS:

-Conhecer a forma de organização de um Assentamento Rural;

-Promover práticas de bons hábitos alimentares;

-Dar orientações básicas de saneamento, boas práticas de manipulação, produção e consumo e uso integral dos alimentos tendo como base a educação popular;

-Fazer a avaliação antropométrica das crianças de 0 a 7 anos acompanhadas pela Pastoral da Criança na área 3 do assentamento;

-Incentivar a produção e o consumo de produtos orgânicos e a valorização da cultura da região.

METODOLOGIA:

            Os dados demográficos e os indicadores sócio-econômicos e culturais do Assentamento Rural Canudos foram obtidos por formulários preenchidos por uma equipe composta por quatro acadêmicas de nutrição da Universidade Federal de Goiás através de observações e depoimentos dos assentados.

No 1° contato com as crianças (Sem-Terrinhas) a equipe realizou um teatro sobre alimentação saudável e boas práticas de higiene, buscando a participação ativa das crianças. Para esta atividade foram utilizados a Roda de Alimentos[2] e um cartaz educativo. No final da atividade foi feita uma avaliação através de perguntas e respostas.

Na tentativa de estimular o consumo de frutas, hortaliças e cereais e avaliar o conhecimento destes alimentos pelos Sem-Terrinhas, foi feita a brincadeira do tato-olfato e paladar.

A avaliação antropométrica[3] foi feita com crianças de 0 a 7 anos, sendo utilizados o peso (P) e a altura (A) para todas as crianças e  o perímetro cefálico (PC) e o perímetro torácico (PT) para crianças de 0 a 5 anos.

A relação entre as medidas (peso e altura) com a idade (I) e o sexo, quando comparados com os padrões de referência, avalia o estado nutricional (EN) das crianças e são avaliados utilizando-se o padrão de referência National Center of Health Statistics (NCHS). O Ministério da Saúde (MS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendam para a avaliação nutricional de crianças os percentis P/I, A/I e P/A. Neste trabalho foi considerado a indicação da OMS, sendo normal as crianças que estiverem entre o percentil 10 (P10)­ e 97 (P97). Valores abaixo do P10 e acima do P90 indicam situações que requerem vigilância para desnutrição e excesso de peso, respectivamente.

O PC é uma medida antropométrica utilizada na nutrição pediátrica para diagnóstico da desnutrição protéico-calórica, quando associada ao PT a partir da construção do indicador relação PT/PC. Do nascimento até os seis meses de vida, os perímetros torácico e cefálico são aproximadamente o mesmo resultado, resultando numa relação PT/PC = 1. Dos seis meses aos 5 anos de idade, uma relação normal entre PT/PC deve ser sempre maior que 1. Uma relação PT/PC menor que 1 dos seis meses aos 5 anos é indicativo de desnutrição protéico-calórica na medida em que o PT não se desenvolve em função da atrofia dos músculos torácicos e da redução do tecido gorduroso.

POPULAÇÃO-ALVO: 360 famílias assentadas no Assentamento Rural Canudos.

LOCAL DE EXECUÇÃO: Assentamento Rural Canudos.

RESULTADOS:

            A partir do diagnóstico vimos que o MST é um movimento organizado, forte que luta pela terra, saúde e educação e por uma nova forma de sociedade, estando presentes nos assentados um amor incondicional ao movimento. Além disso observamos que decorrente dos poucos incentivos estatais, estas pessoas não desfrutam de boas condições de vida, como por exemplo a falta de estrutura física (saneamento básico, energia elétrica, moradias precárias, ausência de uma escola interna e falta de subsídios para a obtenção de matéria-prima para poderem produzir).

            Com relação às atividades de educação nutricional e higiene, os resultados obtidos foram positivos, uma vez que as crianças demonstraram boa assimilação do conteúdo e participaram de forma efetiva das atividades. No intervalo de uma semana verificamos mudanças nos hábitos alimentares e higiênicos das crianças e alguns pais que acompanharam as atividades.

Foram obtidos dados antropométricos de 21 crianças de 0 a 7 anos de idade. De acordo com os índices (P/I, P/A e A/I) foram encontrados 28,57% de crianças com baixo peso, 4,76% com excesso de peso e 66,67% eutróficos. A relação PT/PC utilizada para avaliação nutricional de crianças de 0-6 meses reforçou os resultados obtidos com os índices citados acima. É importante destacar que 28,57% das crianças consideradas eutróficas apresentaram o índice A/I abaixo do P10 o que pode indicar que estas crianças já tiveram desnutrição em alguma fase de sua vida.

FONTE DE FINANCIAMENTO:

Para a execução do projeto contamos com o transporte fornecido pela Universidade Federal de Goiás e uma bolsa da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura no valor de R$ 120,00, valor este dividido entre as quatro integrantes do projeto.

 



[1] Entende-se por agroecologia um sistema de produção que objetiva estabelecer um desenvolvimento duradouro e com o menor impacto possível, pautado no respeito ao meio ambiente, pela eficiência econômica e pela justiça social fundamentada na conservação e melhoria dos recursos locais, no estímulo à participação do agricultor, na agrobiodiversidade e na adaptação da atividade produtiva às especificidades de cada ecossistema.

 

[2] Roda de Alimentos: Guia Alimentar contendo a divisão entre os grupos de alimentos energéticos, plásticos e reguladores.

[3] A avaliação antropométrica foi realizada com o auxílio de uma balança eletrônica da marca Cratos de peso máximo 150 Kg e variação 0,5 Kg. Para crianças de colo foram aferidos o peso da mãe e o da mãe com a criança, sendo o peso da criança a diferença encontrada entre os dois valores. Para altura utilizou-se uma régua antropométrica para crianças menores de 2 anos e uma fita métrica pregada na parede com o auxílio de um esquadro de madeira para crianças maiores de 2 anos, com variação de 0,5cm cada.