Artigo Expandido

 

  1. Título do projeto: Atuação do enfermeiro na promoção de saúde à mulher e à família no período puerperal.

2.      Número do cadastro: 57.

3.      Palavras-chave: Puerpério, aleitamento materno, enfermagem e visita domiciliar.

4.      Área do conhecimento: Ciências da saúde.

5.      Justificativa: Durante a assistência de enfermagem e orientação no período hospitalar, observou-se a necessidade de acompanhamento da puérpera no pós-parto mediato, em relação aos cuidados com o recém-nascido e o autocuidado na fase puerperal. Como as Unidades de Saúde não dispõem de um programa sistematizado de preparo de gestantes e da família para a fase puerperal, e a permanência no hospital é curta após o parto, justifica-se a importância da promoção de educação em saúde a nível domiciliar. Pois, é no período puerperal que a mulher enfrenta as maiores dúvidas e dificuldades de adaptação às alterações fisiológicas e psicossociais ligadas ao processo de recuperação do parto e ao papel materno. O profissional enfermeiro tem, assim, importante papel na promoção de educação em saúde e prevenção de agravos à saúde da mulher e do RN durante a visita domiciliar. O impacto social de um puerpério saudável, envolve cuidados maternos efetivos ao RN, sucesso no aleitamento materno e participação ativa da mulher no trabalho.

6.      Objetivos: Promover educação em saúde à mulher e à família no período puerperal, com enfoque no autocuidado da puérpera e nos cuidados com o RN.

7.      Metodologia / procedimentos:

      Procedimentos metodológicos: O projeto é executado em duas etapas. A primeira é realizada em ambiente hospitalar, e a segunda etapa consiste na visita domiciliar e assistência de enfermagem a puérpera e ao RN.

Primeira etapa:

-         Esclarecimento a puérpera sobre a importância do projeto;

-         Garantia da participação voluntária da puérpera no projeto através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;

-         Levantamento dos dados sócio-econômicos e de gestação e parto da puérpera, através de entrevista com formulário estruturado.

Segunda etapa:

-         Durante a visita domiciliar foi realizada a observação e  investigação das condições de autocuidado da puérpera, os cuidados com o RN e o aleitamento materno, através de entrevista e exame físico. Posteriormente foram realizadas ações como: orientações e intervenções de enfermagem, seguido de avaliação.

8.      População-alvo: A população-alvo atingida foi 29 mulheres na fase puerperal, seus RNs e família.

9.      Local de execução: O projeto foi executado nos seguintes locais: Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (Goiânia – GO), Mater Maria (Anápolis – GO) e Hospital da Mulher (Inhumas – GO).

10. Resultados parciais: Na primeira etapa foram abordadas 29 puérperas no ambiente hospitalar, na qual obteve-se a caracterização sócio-econômica e os dados obstétricos dessa clientela.

Em relação aos dados sócio-econômicos, as puérperas apresentaram-se entre a faixa etária de 18 e 35 anos, a maioria oficialmente casada e pertencente à religião católica, com 1º grau incompleto e ocupação “do lar”. As residências são em sua maioria própria, com a minoria sendo alugada ou cedida. O nº de pessoas que vivem na casa é em média 3 pessoas. Encontraram-se diversas condições de moradia, desde aquelas que não possuíam nenhum saneamento básico até aquelas que possuem instalações sanitárias adequadas, esgoto, energia elétrica, cerâmica e outros. A maioria das casas possuíam esgoto e água encanada. Notou-se uma diferença enorme entre as rendas mensais, sendo encontradas famílias sem renda alguma no momento e outras com rendas acima de R$1.000,00, com média de três salários mínimos. Em grande parte dos domicílios apenas uma pessoa era a encarregada de todas as despesas da casa, porém em alguns eram sustentados por 2 ou 3 pessoas.

            Quanto aos dados obstétricos as puérperas apresentaram entre uma a quatro gestações e parto, sendo a maioria partos normais, de termo, com 1 a 4 filhos. A maioria delas realizou acompanhamento pré-natal, perfazendo entre 4 e 15 consultas. Somente uma mãe não fez pré-natal. As gestações, no geral, foram normais, sem intercorrências de gravidade no período. As intercorrências apresentadas foram: ameaça de abortamento, Doença Hipertensiva Específica da Gestação e problemas renais. A maioria dos RNs foram classificados como normais e em boas condições de vida, com três casos de médio risco. O peso ao nascer variou de 1830 a 4440 g e estatura de 43 – 53 cm.

            Ao término da visita hospitalar foram agendadas as visitas domiciliares. Nesta segunda etapa 24 puérperas foram assistidas e 5 não estavam em suas residências na data agendada.

Durante a visita domiciliar as puérperas apresentaram-se com boas condições gerais. Todas as puérperas apresentam-se hidratadas, com freqüência de evacuação variando entre diariamente e de 2/2 dias. Houve três casos de constipação. A freqüência urinária apresentou-se para a maioria normal, sendo que duas apresentaram desconforto como a disúria. Quando foi investigada a característica, freqüência e horas de sono das mulheres, no geral, houve referência de descanso durante o dia, enquanto o RN dormia e média de 8 hs de sono  noturno.

O aleitamento materno ocorreu em todos os casos. Em sua maioria apresentaram apenas facilidades; as dificuldades relatadas foram relacionadas às complicações mamárias (fissuras, ingurgitamentos e mamilos planos) e a secreção láctea insatisfatória presentes na minoria. A apojadura (descida do leite) ocorreu em média no 3º dia de pós-parto. Quanto à técnica de amamentação e a pega do bebê, a maioria das mulheres não apresentavam dúvidas ou formas errôneas de executá-las. Embora a massagem de preparo das mamas para a amamentação fosse conhecida pela maior parte das mulheres,  era realizada de forma incorreta. Apenas uma mãe não apresentou vínculo forte com seu RN, mas todas recebiam apoio de algum familiar. A freqüência das mamadas variou entre 8  a 10 x/dia e 1 a 4 x/noite. Em sua maioria o aleitamento materno estava sendo exclusivo e em livre demanda. Alguns casos relataram complemento de NAM e oferta de chás.

            As puérperas mostravam-se totalmente independentes para o seu autocuidado. A higiene, em geral, era feita no banho diário, com água e sabão. Uma minoria não usava sutiã, com as demais fazendo uso de sutiãs adequados para a amamentação. As nutrizes não conheciam as formas de prevenir complicações nas mamas no período de aleitamento materno.

Não foi encontrada nenhuma alteração em relação a condições de involução do útero. A maioria das puérperas apresentava eliminação sangüínea vaginal  em pequena quantidade e com características normais.

            Em relação à capacidade de autocuidado para higienização e preservação da integridade vulvo-perineal (parto normal) e da incisão cirúrgica (parto cesáreo) todas as puérperas apresentaram-se independentes. A higienização era feita com água e sabão no banho diário. Algumas destacaram a importância de secar bem os pontos. Somente uma puérpera apresentou secreção purulenta nos pontos cirúrgicos pós-cesárea e estava fazendo uso de PVPI após higiene com água e sabão.

            Quanto à contracepção, até o momento da visita domiciliar nenhuma mulher usava método contraceptivo. Todas receberam orientações acerca dos métodos, e especialmente da minipílula. Três mulheres foram laqueadas após o parto.

A alimentação e a ingestão de líquidos diariamente para a maior parte das mulheres era de sopas, papas e canjas e bastante água, suco, chá e leite. Uma minoria está ingerindo frutas, verduras e carne.

Todas descreveram que o seu dia a dia após o parto era totalmente voltado para os cuidados com os RN (banho e curativo do coto umbilical). Algumas relataram ver TV e ouvir música.

            Ao avaliar os RNs observou-se que todos se apresentavam com boas condições de saúde. Os problemas encontrados foram assaduras, odor desagradável, secreção purulenta e sangramento em coto umbilical.

O cartão de vacinas da maioria dos RNs estava com o esquema vacinal completo (BCG e 1ª dose da Hepatite B) para o período. Um ainda não possuía peso suficiente para receber a BCG e uma minoria ainda não tinha recebido nenhuma vacina. Quanto ao teste do pezinho, todas as mães sabiam da importância da realização deste teste, atentando-se para o dia de sua realização. A maioria ainda não o tinha realizado.

Para os problemas de saúde, maternos e do RN, identificados durante a visita domiciliar, foram realizadas  as seguintes ações de enfermagem: orientação quanto à massagem de preparo das mamas para a amamentação, banho de sol nas mamas 2 x/dia, por 10 min, lubrificação do mamilo com o leite materno após as mamadas, reforço quanto a  higienização das mamas após o autocuidado, os cuidados com o RN e antes das mamadas, orientação quanto às formas de prevenção de complicações com as mamas e a incisão cirúrgica, reforço quanto à importância do aleitamento materno para o vínculo mãe e filho e cuidados de prevenção com assaduras e de infecção no coto umbilical do RN.

11. Fonte de financiamento: O projeto tem uma bolsista da PROEC. Mas todos os gastos para execução são de responsabilidade dos participantes.