Palavras Chaves – ostomizado, educação em saúde, autocuidado
Área do conhecimento – Ciências da Saúde
Raquel da Silva Barros Costa*
Anna Karolina Carvalho de Oliveira*
Daniela Gonçalves Silva**
Ana Lúcia Queiroz Bezerra***
Justificativa - A construção de um estoma de caráter definitivo ou mesmo temporário é sempre uma experiência traumatizante para o paciente. A ostomia é a criação cirúrgica de uma abertura entre a pele e um ou mais órgãos ou cavidade, com a finalidade de desviar o trânsito das eliminações (1). Quando o estoma é uma derivação do intestino grosso, é denominado colostomia e quando do intestino delgado, na região ileal, ileostomia. Esse tipo de procedimento agressivo altera a sua fisiologia gastrintestinal e a incontinência de fezes e gases constitui um problema realmente sério para a pessoa ostomizada. O paciente necessita aprender a viver com esta abertura criada artificialmente e conseqüentemente manipular seu estoma. Em geral eles apresentam distúrbios físicos e emocionais decorrentes das mudanças na imagem corporal e do impacto psicológico decorrente de sua nova condição de ostomizado (2). As dificuldades enfrentadas são de naturezas diversas como: adaptação alimentar, limitações na execução de atividades físicas e sexuais, auto-estima prejudicada, aquisição de bolsas coletoras, retorno aos hábitos diários de vida. Essas dificuldades costumam intensificar-se no período extra institucional, o que certamente prejudica o aprendizado para o auto cuidado(2). Além do que, os preconceitos de uma sociedade desinformada e estereotipada levam o portador de ostomia a uma drástica mudança em suas relações sociais: no lazer, no trabalho e no cotidiano familiar. Por isso, a preocupação do ostomizado com o seu corpo pós ostomia ganha importante relevante, desencadeando um sentimento de mutilação, tendo extrema dificuldade em aceitar esta nova condição(3). Conhecendo essa realidade nos campos estágios, entendemos ser desafiante para o enfermeiro desenvolver uma assistência ao ostomizado, de forma holística, que envolva aspectos técnicos somados a um eficaz relacionamento interpessoal, proporcionando troca de experiências e reintegração ao convívio social. Como graduandos, atuando nesse contexto, julgamos importante participar do Projeto de Extensão da Faculdade de Enfermagem e atuar junto aos portadores de ostomias na instituição hospitalar e na Associação de Ostomizados do Estado de Goiás, no sentindo de educá-los para o auto cuidado.
Objetivo – Relatar a experiência de um grupo de graduandos do Curso de Enfermagem e Nutrição de uma universidade pública na orientação aos ostomizados que freqüentam a Associação de Ostomizados.
Metodologia – Desenvolvimento do Programa: É um Projeto de Extensão da Faculdade de Enfermagem da UFG, desenvolvido no Hospital das Clínicas da UFG e na Associação de Ostomizados do Estado de Goiás, na cidade de Goiânia, por alunas do Curso de Graduação em Enfermagem e Nutrição, sob a coordenação docente. A Associação é mantida pela Organização de Voluntários do Governo do Estado de Goiás, são cadastrados 385 pacientes na faixa etária de 22 a 76 anos. Os integrantes do grupo multiprofissional desenvolvem atividades voluntariamente e alguns deles são portadores de ostomias. A idéia do projeto foi decorrente da necessidade manifestada pela equipe de voluntários da Associação, que além da escassez de enfermeiros é flutuante. O projeto teve inicio no ano de 2003; com uma equipe composta por docentes, alunos do curso de enfermagem e nutrição e enfermeiros do hospital universitário. Inicialmente, foram realizadas reuniões de estudos e oportunizadas atividades teóricas-práticas, no intuito de desenvolver conhecimentos específicos dessa realidade. Posteriormente, começamos a atuar e participar mais ativamente dos cuidados. O programa desenvolvido junto à esta clientela objetiva prestar assistência integral, individualizada e sistematizada ao ostomizado, englobando o seu universo familiar. Consta de consultas de enfermagem individuais, uma vez por semana, orientações em grupos, palestras quinzenais, visitas pré-operatórias no hospital e domiciliares no pós-operatório. No pré-operatório o paciente recebe das acadêmicas juntamente com docentes orientações sobre os cuidados básicos e subsídios para controlar a ansiedade e o medo do desconhecido. Na entrevista são abordados aspectos físicos, emocionais e sociais, estabelecidos os diagnósticos e planejamento das ações de enfermagem específicas de autocuidado relativas à higiene observação do estoma e pele periestoma e ao sistema coletor (remoção, troca e esvaziamento). Nos encontros grupais, quando os ostomizados recebem as bolsas coletoras, são realizados palestras e abordados temas diversos relacionados à auto-estima, alimentação, qualidade de vida, manuseio da bolsa coletora e tratamento da pele peri-estoma. As atividades individuais são registradas em fichas individuais dos pacientes e as atividades coletivas em fichas de controle do programa.
Considerações - Esta experiência tem mostrado a carência de informações da clientela local, sobre a sua realidade de ostomizado. Demonstra a importância da participação da universidade no sentido de instrumentalizar o graduando de enfermagem para, na sua prática profissional, estimular o autocuidado do ostomizado, a conquista de sua autonomia, buscando o bem-estar físico e emocional e sua adaptação, para atingir melhor qualidade de vida, ao invés do abandono a vida social. Possibilita também uma familiarização do acadêmico com o cotidiano do paciente e também o desperta para a conscientização da importância de um cuidado integral, individualizado e sistematizado ao cliente ostomizado, englobando seu universo familiar. Entendemos ser desafiante cuidar do ostomizado, pois demanda conhecimentos diversificados, visto que, além dos aspectos técnicos é imprescindível a humanização da assistência, contribuindo para minimizar os seus medos, dúvidas e resgatar a auto-estima. Do ponto de vista assistencial, iniciar a orientação no pré-operatório é benéfica, visto que, além de conscientizar para a realidade a ser enfrentada, ajuda o paciente a desenvolver as ações específicas de autocuidado e esclarecimento do familiar. Portanto, acreditamos que a realização desse projeto é de grande importância, por estar desenvolvendo conhecimento especializado nessa área, carente nesta localidade; assim como oportuniza as acadêmicas que deixam de assistir o paciente somente no ambiente hospitalar, dando seguimentos ambulatoriais, objetivando a reabilitação direcionada para o autocuidado e a melhoria da qualidade de vida.
Referências Bibliográficas
1. Cesaretti IUR, Viana LAC. Sistema oclusor ou oclusor intermitente da colostomia: alternativa para reabilitação da pessoa colostomizada. Acta Paul. Enf. São Paulo (SP) 2003 jul/set;16(3):98-108
2. Santos VLCG, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: cuidando do ostomizado. São Paulo:Atheneu; 2000.
3. Zerbetto GM. Roteiro para avaliação do nível de problemas do paciente colostomizado. {Dissertação de Mestrado}; 1981.Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo;149p.
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*Graduandos da Faculdade de Enfermagem da UFG. Bolsistas do Projeto de Extensão.
**Graduando da Faculdade de Nutrição da UFG. Bolsista do Projeto de Extensão.
***Professor Adjunto da Faculdade de Enfermagem da UFG. Coordenadora do Projeto.
Correspondências: E-mail – aqueiroz@fen.ufg.br
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