EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA E DA EDUCAÇÃO ALIMENTAR SOBRE A OBESIDADE, HIPERGLICEMIA E HIPERTENSÃO ARTERIAL NUMA POPULAÇÃO DO CONJUNTO HABITACIONAL ESTRELA D’ALVA DE JATAÍ – GO – DADOS PRELIMINARES

 

CAJ 137

 

PALAVRAS-CHAVE: Título

 

ÁREA DO CONHECIMENTO: Ciências Biológicas e Fisiológicas – Saúde, Educação

 

NASCIMENTO, M. M.; BENITE-RIBEIRO, S. A.; MARTINS, E. O.; LIMA, D. C.; HELFENSTEIN, S.; ARRUDA, A. M. MORAES, M. J.; CARVALHO, J. A.

marilenemagalha@yahoo.com.br; benite_3@hotmail.com

 

            JUSTIFICATIVA

            A obesidade em países desenvolvidos como Suécia (Kuskowska-Wolk & Bergströn, 1993) e Estados Unidos (Kucsmarski, 1992) tem aumentado nas últimas décadas. A relação entre obesidade e hipertensão tem sido observada em diversas populações ao redor do mundo e em populações de origem similar vivendo em diferentes locais  (Alexander et al., 1979) e tem sido apontada como fator de risco (FR) para a hipertensão arterial (Ryan et al., 1994), hipercolesteromia, diabetes mellitus (Manson et al., 1990) e doenças cardiovasculares (DCV) (Mykkänen et al., 1992). As DCV constituem a principal causa de mortalidade no mundo e seu crescimento significativo nos países em desenvolvimento, nas classes menos favorecidas, exige intervenções eficazes e de baixo custo, principalmente com caráter preventivo Laurenti et al., 2000). Modificações no estilo de vida, tais como a mudança de hábitos alimentares e a prática de atividades físicas são modificações no estilo de vida que têm sido apontadas como estratégias que melhoram significativamente os fatores de risco (FR) das DCV, hipercolesteremia e diabetes mellitus. (Rique et al., 2002).

 

            OBJETIVOS

            Objetivou-se desenvolver um trabalho junto à comunidade do bairro Estrela D’Alva – Jataí - GO de educação e prevenção de algumas doenças relacionadas à obesidade, por meio da orientação de  prática de atividades físicas e de educação alimentar.

 

            METODOLOGIA

            Inicialmente foi aplicado um questionário nas residências para levantamento da quantidade de moradores em cada residência, faixa etária, hábitos alimentares (consumo de carboidratos, proteínas e gorduras), condições sócio-econômica etc.

Posteriormente foram feitas mensurações antropométricas: peso e altura, obtidos por meio de uma balança analógica com barra medidora de altura e cálculo dos Índices de Massa Corporal (IMC) individuais pela equação IMC= peso/altura2.  IMCs superiores ou iguais a 25 Kg/m2  foram considerados como sobrepeso e a obesidade definida a partir do IMC igual ou superior a 30 Kg/m2 (Wickelgren, 1998) e fisiológicas: freqüências cardíacas e pressões arteriais sistólica (PS) e diastólica (PD) utilizando-se um esfigmomanômetro analógico (Glicomed) e estetoscópio adulto BD (Duo Sonic), pelo método auscutatório dos ruídos de Korotkoff e cálculo da pressão arterial média (PAM). Foram considerados hipertensos indivíduos com pressão arterial maior do que 140/90 mmHg. A glicemia  foi mensurada utilizando-se o Sensor de Glicose no Sangue  e Tiras reativa (Q.I.D, Medi-Sense). Foram considerados hiperglicêmicos indivíduos com níveis de glicemia em jejum superiores a 126 mg/dL.

Após essa investigação inicial e antes do início das atividades físicas os indivíduos foram examinados pelo médico cardiologista Geraldo William Gomes de Souza (CRM-GO 4.954). A população foi triada em 3 grupos, observando-se previamente características que não comprometessem a realização de exercícios físicos: 1- hiperglicêmicos, 2- hipertensos e 3- obesos. Casualmente um mesmo indivíduo foi inserido em mais de um grupo. Para cada grupo foi escolhido exercício específico de acordo com McArdle et al. (2002). Além da atividade física, os participantes estão sendo aconselhados quanto aos hábitos alimentares para a redução da gordura animal da dieta e controle do consumo de carboidratos, proteínas, bebidas alcoólicas e sal. Durante todo o período de atividade física e educação alimentar (24 meses) as variáveis físicas e fisiológicas estão sendo monitoradas e avaliadas mensalmente. Os dados serão analisados estatisticamente pelo teste ANOVA para amostras repetidas ao final do projeto.

 

            POPULAÇÃO ALVO

            O Conjunto Estrela D’ Alva é dividido em 28 quadras, tendo ao todo 554   residências com 852 homens e 812 mulheres. Sua população é carente econômica e socialmente. No bairro há um posto de saúde que não possui nenhuma estatística sobre doenças da população tais como: hipertensão, hiperglicemia ou DCV e, dessa forma, não há trabalhos de controle ou prevenção dessas doenças. Apesar do número de indivíduos do Conjunto Estrela D’Alva, somente 24 pessoas decidiram participar do programa.

 

            LOCAL DA EXECUÇÃO

            Conjunto Estrela D’Alva – Município de Jataí – GO.

 

            RESULTADOS

            Foram investigadas, por meio de um questionário, 480 residências. Dessas, 50 pessoas declararam ter diabéticos, hipertensos ou obesos na família, ou mesmo casos anteriores de problemas de saúde relacionadas aos fatores acima citados. Apesar disso, somente 24 pessoas decidiram participar do projeto. Só foi feita uma análise de glicemia,  os indivíduos A3, A17, B4 e B5 apresentaram  hiperglicemia.

            Os resultados são apresentados na Fig. 1. Como só foram feitas 2 mensurações até o momento, ainda não fizemos análises estatísticas. Os indivíduos categorizados na classe sobrepeso foram: A7, A13, B2, B3, B7, B8 e B9. Desses, 2 demonstraram aumento do IMC enquanto 5, redução. Os indivíduos A1, A9, A10, A11, A12, A14, B4 e B6, categorizados como obesos, demonstraram aumento do IMC em 6 casos e redução em somente 2. As medidas de circunferência abdominal acompanharam a tendência de alteração do IMC. Com relação às mensurações de pressão arterial, A1, A2, A5, A7, A8, A9, A10, A13, A16, B1, B2, B3 e B4 apresentaram hipertensão. A PAM apresentou redução em 10 indivíduos e aumento em 9, independente de terem sido classificados com obesos, sobrepeso ou normal.      Assim, até o momento, não encontramos nenhum resultado positivo, redução de peso ou de pressão arterial na população do experimento. Isso pode ser porque os indivíduos ou não estão seguindo as dicas de dieta alimentar e/ou fazendo os exercícios, ou porque o trabalho ainda é muito recente. Contudo, foram recolhidos depoimentos dos indivíduos que afirmaram, em sua maioria, que estavam mais dispostos fisicamente para as atividades diárias.

Figura 1- Alterações nas variáveis fisiológicas e antropométricas mensuradas no início do trabalho (março/2003) e 4 meses depois (julho/2003). As letras de A1-B9 são os códigos dos indivíduos do projeto, A são mulheres e B são homens. IMC= índice de massa corpórea em Kg/m2; Abdômen = circunferência abdominal em cm; PAM= pressão arterial média em mmHg.

 

FONTE DE FINANCIAMENTO

Universidade Federal de Goiás – Pró-reitoria de Extensão e Cultura - PROBEC

Fundo Municipal de Ciência e Tecnologia de Jataí – GO.