ENSINO DA CIÊNCIA DO SOLO COMO FERRAMENTA PARA A CONSCIENTIZAÇÃO DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E FUNDAMENTAL

 

Renata Cristina Álvares1; Marco Aurélio Carbone Carneiro2; Helder Barbosa Paulino3. Universidade Federal de Goiás – Campus Avançado de Jataí – Centro de Ciências Agrárias e Biológicas – Laboratório de Solos. 1- renataalvares08@hotmail.com ; 2- mcarbone@jatai.ufg.br ; helderlino51@yahoo.com.br

Cadastro na PROEC: CAJ-94

Área de conhecimento: Ciência do Solo

Palavra chave: ensino de solos, meio ambiente, educação

 

Justificativa

 

            O meio ambiente como agente passível de ser transformado pelo homem tem sido utilizado como pré-requisito para o ensino de ciências tanto no ensino fundamental como médio. Neste sentido a conscientização do aluno, com relação à correta utilização e preservação dos recursos naturais tem assumido grande importância no que diz respeito à sua participação como agente transformador do meio ambiente, bem como sua responsabilidade na preservação do meio ambiente.

            A região de Jataí – GO apresenta sua economia baseada na agricultura e pecuária, o que torna o convívio dos alunos do ensino médio e fundamental com o meio rural e com os problemas relacionados à degradação de solo e do meio ambiente uma constante na vida da população da região. Assim sendo torna-se importante estabelecer um processo de ensino aprendizagem, onde o aluno possa participar ativamente do processo de estruturação do conhecimento, através de atividades que visem esclarecer as características do solo, os processos de formação, bem como definir a sua utilização e a degradação do mesmo pelas atividades humanas.

Por ser o solo um recurso natural importante para a vida do planeta, pois além de abrigar várias formas de vida, este apresenta importante papel no ciclo da água e dos nutrientes, este recurso tem sido afetado negativamente pelas atividades antropogênicas, que devido ao uso indiscriminado, vem ocasionando a degradação de extensas áreas agricultáveis, com inúmeros exemplos na região de Jataí. Com o intuito de auxiliar estes professores e demonstrar/relacionar a importância do ensino de solos e do meio ambiente, desenvolveu-se uma metodologia baseada na apresentação dos diferentes tipos de componentes formadores do solo, relacionando-os com as atividades humanas visando a conscientização dos alunos como agentes responsáveis pela utilização e preservação do meio ambiente e dos solos.

            O objetivo deste trabalho foi levar conhecimento básico de solos e desenvolver atividades de reconhecimento das principais características dos diferentes tipos de solos aos professores e alunos do ensino fundamental e médio como instrumento de transformação e preservação dos mesmos.

 

Material e Métodos

 

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Solos da UFG/CAJ-CCAB e no museu mineralógico Campus Avançado de Jataí. Para tanto utilizou-se de monitores, alunos do curso de graduação do curso de agronomia da UFG/CAJ-CCAB, os quais foram previamente treinados para o recebimento, acompanhamento e esclarecimento de possíveis dúvidas dos alunos e professores do ensino fundamental que visitavam o referido laboratório e museu.

O treinamento dos monitores foi divido em apresentação dos conhecimentos a serem transmitidos aos alunos e professores, bem como a problematização dos processos de degradação do solo e meio ambiente ocasionado pelo mau uso do solo pelo homem, além da importância do tema para a formação dos alunos do ensino fundamental e médio. Além disso, apresentou-se aos monitores a sugestão apresentada nos Parâmetros Curricular Nacional (PCN’s), para que os alunos pudessem durante a visita das escolas, conscientizar os alunos as respeito da sua importância na transformação e preservação do meio ambiente. Após este treinamento, as escolas foram convidadas a visitarem, com horário marcado, o laboratório de solos e museu mineralógico.

Os visitantes foram recepcionados pelos monitores e conduzidos para sala de aula, onde através de uma breve aula expositiva, conduzida pelos monitores, os alunos visitantes foram levados a conhecer os principais conceitos sobre solo como: O que é solo. Quais são os seus componentes. Como é formado e quais processos estão envolvidos na sua formação. Como é estudado e como se apresentam na natureza, além da importância da preservação do solo para a sobrevivência da vida no planeta terras. Após esta exposição os alunos foram divididos em três grupos que se alternavam durante a visita nos diferentes locais a serem visitados, conforme mostra a Figura 1. No museu mineralógico apresentaram-se diferentes materiais de origem (rochas), onde se pode esclarecer o porque da diversificação das diferentes características das rochas e a importância destes para a formação dos diferentes tipos de solos da região. No laboratório de solos procurou-se demonstrar as diferenças entre argila e areia bem como levantar a importância desses constituintes para a produção agrícola e preservação dos solos. Ainda no laboratório demonstraram-se alguns tipos de análise química do solo, onde se enfatizou a importância da análise de solo para o correto tratamento dos problemas do solo, neste ponto devido a importância do tema procurou-se relacionar a análise de solo com a prática de exame de sangue para detectar alguma doença no ser humano, de modo que o aluno pudesse perceber a importância de tal prática para o manejo de solo.

Após passar pelos três estágios os alunos foram conduzidos a uma trincheira de um LATOSSOLO roxo, solos representativos da região, onde os alunos e professores puderam observar como o solo é composto no seu estado natural, observando desde o crescimento radicular até o seu posicionamento no relevo, bem como a grande participação desta classe de solo na região.

 

Resultados e Discussão

 

Devido a grande demanda de informações pelos professores da rede de ensino do município de Jataí, o projeto recebeu a visita no ano de 2002 de 738 alunos e 32 professores das escolas municipais, estaduais e federais (CEFET) e no ano de 2003 cerca de 1683 alunos, sendo 1092 do ensino fundamental, 86 do ensino médio, 64 professores e 441 pessoas da comunidade em geral, o que demonstra a importância do tema para a comunidade local, bem como da metodologia adotada para transmissão da informação pretendida.

Durante as visitas observou-se uma grande motivação por parte dos alunos, a qual era externalizada através de perguntas, discussões e contato manual com as diversas rochas do museu mineralógico. Os monitores puderam associar as diferentes rochas com a formação dos diferentes tipos de solos, por exemplo, um gabro formaria solos mais férteis e escuros, pois as constituições desta rocha contem mais nutrientes do que um quartzito. Com o tato os alunos sentiram a diferença entre a argila e a areia sendo a primeira sedosa ao tato enquanto a segunda muito áspera.

 


Figura 1. Seqüência de atividades desenvolvida para alunos e professores das escolas de ensino médio e fundamental durante a visita ao Laboratório de Solos UFG/CAJ-CCAB.

Na análise química do solo eles puderam observar algumas reações com alteração de cor (mudança de pH) e ter contato da importância deste conceito para a agricultura. Já na visita ao perfil puderam-se associar as informações obtidas na seqüência da visita com o solo em seu estado natural, os alunos coletaram amostras e com elas disseram se o solo era argiloso ou arenoso, qual poderia ser o material de origem deste solo, com auxilio de imã observaram a presença de ferro, se era uma solo muito intemperizado ou não e na superfície puderam observar a presença de plantas e alguns animais (formiga, cupins, coleópteros, etc.) e associar a função destes organismos e outros não visíveis (microrganismos) com a formação do solo. Neste momento, mostrou-se aos alunos o que seria um solo degradado, sem vida e quanto tempo levaria para a recuperação do solo.

Após a visita ao perfil os alunos partiram para um lanche e posteriormente se dirigiram à escola de origem. Não houve por parte dos monitores uma avaliação formal do processo de aprendizagem dos alunos. Um fato interessante relatado por um professor foi o de um aluno, que por iniciativa própria começou a fazer uma coleção de rochas em sua própria casa e que para alguns exemplares ele havia identificado o tipo de rocha e ainda que tipo de solo formaria após a intervenção dos fatores formadores do solo, como visto sido relatado durante a visita.

O presente projeto encontra-se em andamento e esperam-se receber mais visitantes até o final do ano (2004).