PEREIRA, Nancy de Melo Batista
ciza@pop.com.br / zecesar@fav.ufg.br
Palavras-chave : Sublime;
vandalismo; reprodução.
Introdução
Quando se
trata de Cultura Visual, que abrange as formas que as imagens ocupam na vida e
na sociedade, está incluído aí também, a arte, e a relação que o público tem
com as imagens produzidas por ela. Tanto quanto a Cultura Visual não está relacionada
somente a produção artística, também as sensações estéticas e a experiência do
sublime não acontecem somente diante da arte. No entanto, este trabalho procura
encontrar sentimentos de sublimidade em trabalhos artísticos.
Com o
sentimento do sublime, o homem é capaz de ter a experiência da dor e do prazer
(êxtase), sem sofrê-la em seu próprio corpo. Isso passa pelas experiências das
imagens seja no campo da arte ou não, sendo que è conhecido a força de
comunicação que elas possuem, mesmo com a ausência do texto, as cores, as
formas, o sujeito da imagem, transmitem mensagens.
Vandalismo
Conceitual foi o nome dado às interferências feitas por Jake e Dinos Chapman em
gravuras de Goya. As obras, no caso, são uma tiragem completa de 80 gravuras da
série “Desastres da Guerra”, os originais foram adquiridos pelos próprios
irmãos Chapman por 40.000 euros há dois anos. Considerados originais,
certamente, por terem sido cópias feitas pelo próprio autor.
Existe uma
relação entre o fato de serem chamadas originais e a aura (Benjamim) que isto
carrega, criando o sentimento de sublimidade a partir da adulteração. O
original, o primeiro ou o pré-clone, produzido pelo grupo goiano Terceira
Internacional, do objeto NBP, ter sido destruído toca a aura do original, agride
e incomoda ; se o mesmo projeto-NBP é reproduzido, gera um clone que não é nem
mais nem menos autêntico, portanto não é nem um pastiche nem um plágio, mas sim
um clone “idêntico” ao primeiro, não possuindo somente o “fetiche do original”
(Benjamim).
Metodologia e Discussão
Vandalismo
Conceitual foi o nome dado à matéria da Folha de São Paulo do caderno MAIS
sobre as interferências feitas por Jake e Dinos Chapman em gravuras de Goya. As
obras, no caso, são uma tiragem completa de 80 gravuras da série “Desastres da
Guerra”, os originais foram adquiridos pelos próprios irmãos Chapman por 40.000
euros há dois anos. Considerados originais, certamente, por terem sido cópias
feitas pelo próprio autor.
Foram
coloridas com aquarela os rostos dos carrascos e suas vítimas e substituídas
por representações de cachorro, macaco ou palhaço. Antes das interferências nas
gravuras, os irmãos Chapman já utilizavam a obra de Goya como inspiração,
reproduzindo em instalações algumas de suas gravuras, pois consideram Goya “uma
fonte da qual ainda há muito a vampirizar”, como foi citado na reportagem da
Folha, escrita por Juliana Monachesi, jornalista free-lance, em 13 de julho de
2003.
Apesar de Vandalismo
Conceitual ser título da matéria citada acima da Folha de São Paulo, será
utilizado neste trabalho para nomear também uma outra ação do grupo Terceira
Internacional, sem título, na qual foi destruído um trabalho do artista
plástico Ricardo Basbaum, o objeto NBP – Novas Bases para a Personalidade,
durante a abertura de uma exposição na Galeria da FAV, ocorrida também na
abertura da FAEB, encontro nacional de arte educadores.
Este trabalho
não se propõe a fazer uma defesa do vandalismo como ação artística, porém
observar três momentos em que artistas lançaram mão deste tipo de ação em
épocas e lugares diferentes. Também a relação que este tipo de atitude pode ter
com o sublime, devido ao termo ser
utilizado quando o sentimento de horror ocorre e que vai contra o ideal do
belo, procurado antigamente pela arte.
Os atos considerados
de vandalismo artístico possuem, na verdade, uma intenção, que nem sempre é
simplismente de chocar. Os questionamentos sempre fizeram parte da criação
artística.
A sensação do
sublime, não está associada ao gozo e ao êxtase e sim à experiências que causam
horror e constrangimento, sem passar por uma vivência real de sofrimento. Por
pior que seja uma ação de destruição na arte, ela nunca atingirá de fato o
homem.
Talvez numa
frequência maior, este tipo de ação se torne banal, como todos os clichês
surgidos através da academização da arte contemporânea, e que não se cansam de
estar sempre presentes nos salões.
BARBAS,Helena.
O sublime e o belo - de Longino a Edmund
Burke.2002,
http://www.fcsh.unl.pt/docentes/hbarbas/SublimeHBarbas.htm
LYOTARD,
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13 de julho de 2003.
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