PRODUÇÃO E TEORES DE
NUTRIENTES NAS FOLHAS DO ALGODÃO EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO Á LANÇO DO FERTILIZANTE
BIOATIVO EM SOLOS DE CERRADO[1]
PALAVRAS
CHAVE: Bioativo, Biofertilizante, Algodão.
O problema do lixo no
Brasil ganha proporções de uma bomba de efeito retardado, cuja explosão vai
espalhar estilhaços sobre a qualidade de vida da população. A reciclagem do lixo orgânico pela
fabricação do biofertilizante constitui-se em uma das alternativas para
diminuição da quantidade de lixo despejada em terrenos baldia, áreas alagadas,
mananciais de abastecimento de água dos centros urbanos, rios e mares. O biofertilizante é um conjunto
balanceado de resíduos orgânicos e macro e micro nutrientes essenciais, que
passam da forma inorgânica para a orgânica, apresentando um complexo de
microorganismos benéficos, que interagem no solo, promovendo um aumento
significativo da meso e micro-fauna do meio. A
Indústria de Fertilizantes Biológicos - I.F.B. Biotecnologia possui um processo
de fabricação do biofertilizante utilizando a solubilização biológica de
fosfatos naturais e fixação biológica do nitrogênio do ar, em ambiente aerado,
com auxílio de bactérias selecionadas e cultivadas em laboratório. Tal processo
é patenteado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial
(PI-9401724-7).
Outra matéria prima que pode ser empregada
para a produção do Fertilizante Bioativo são resíduos de origem animal
(estercos de galinha, suínos, bovinos etc.) e de agroindústrias (Torta de
mamona, torta de filtro, torta de citrus etc.).
O
objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do adubo Bioativo, produzido pela
I.F.B. Biotecnologia, aplicado a lanço, sobre a produtividade do algodoeiro,
sob condições de campo.
O experimento foi instalado na
área experimental da Escola de Agronomia da UFG em Goiânia-GO, constituído dos
seguintes tratamentos: T1. 450 kg/ha do Adubo
Bioativo 3-12-6 no sulco+ 300 kg do 20-05-20 em cobertura a lanço; T2. 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 a
lanço + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T3. 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 no
sulco + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T4. 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 +
300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T5. 450 kg/ha do Adubo Bioativo 5-25-15 no sulco + 300 kg do bioativo
20-05-20 em cobertura a lanço e T6. Testemunha (Sem adubo). O algodoeiro foi semeado no dia 12/12/2003. As adubações de
coberturas foram efetuadas com 45 dias após a emergência. Em um
delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições,
totalizando 28 parcelas. As parcelas
foram constituídas de 10 linhas da cultura, espaçadas, 0,90 m e com comprimento
de 5 m, totalizando área de 22,5 m2, sendo que a área útil da
parcela foi constituída pelas seis linhas centrais, descartando-se 0,5 m de
cada extremidade da parcela. As análises foliares foram retiradas conforme
recomendação de MALAVOLTA et al (1989).
Os teores foliares de nutrientes
na cultura do algodão indicam que não houve diferenças significativas entre os
tratamentos (Tabela 1). Comparando-se
os teores de N, K, Ca, Mg, S e Mn com as classes de interpretação propostos por
MALAVOLTA et al (1989) verifica-se que todos estão em níveis adequado, com
exceção do K e Cu que estão abaixo e os teores de Fe, Mn e Zn que estão acima do
adequado. Em todos os tratamentos os teores de P estão em níveis adequados. A
análise estatística não indicou diferenças significativas entre os tratamentos,
mas houve uma tendência dos tratamentos T1 e T5 apresentarem teores de N e P
maiores, evidenciando talvez a necessidade de uma dose maior de fertilizante
bioativo na cobertura ou a necessidade de fertilizantes altamente solúveis na
cultura do algodão.
Tabela
01. Teores de macro e micronutrientes nas folhas de algodão submetidas aos
tratamentos, coeficiente de variação e teste F. Safra 2002/2003. Goiânia, GO.
Tratamentos(1) |
Nutrientes
Foliares (2) |
|||||||||
N |
P |
K |
Ca |
Mg |
S |
Cu |
Fe |
Mn |
Zn |
|
|
-----------------------dag/kg------------------------ |
---------------------------mg/kg--------------------- |
||||||||
T1 |
3,98a |
0,30a |
1,24a |
3,80a |
0,73a |
0,29a |
5,50a |
818,3a |
149,3a |
26,1a |
T2 |
3,76a |
0,29a |
1,21a |
3,98a |
0,80a |
0,23a |
6,25a |
604,0a |
121,3a |
27,0a |
T3 |
3,44a |
0,26a |
1,28a |
4,65a |
0,75a |
0,29a |
6,00a |
807,0a |
135,8a |
24,7a |
T4 |
3,73a |
0,29a |
1,29a |
3,80a |
0,73a |
0,29a |
5,75a |
497,5a |
117,5a |
24,1a |
T5 |
4,22a |
0,31a |
1,26a |
3,38a |
0,65a |
0,32a |
6,50a |
452,0a |
126,3a |
26,0a |
T6 |
3,70a |
0,29a |
1,13a |
3,58a |
0,68a |
0,23a |
5,75a |
473,0a |
125,8a |
25,5a |
C.V. % |
9,5 |
13,89 |
15,72 |
25,4 |
15,33 |
21,8 |
17,76 |
38,54 |
16,44 |
8,09 |
Teste F |
2,15ns |
0,62ns |
0,33ns |
0,80ns |
0,93ns |
1,53ns |
0,48ns |
2,02ns |
1,18ns |
1,03ns |
(1) T1 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 no sulco+ 300 kg do
20-05-20 em cobertura a lanço; T2 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 a lanço
+ 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T3 - 450 kg/ha do Adubo
Bioativo 3-12-6 no sulco + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T4
- 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 +
300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T5 - 450 kg/ha do Adubo
Bioativo 5-25-15 no sulco + 300 kg do bioativo 20-05-20 em cobertura a lanço;
T6. Testemunha (Sem adubo).
(2)
Valores seguidos da mesma letra na mesma coluna não se diferem
significativamente; Ns: não significativo a 5% probabilidade, *: significativo
a 5% de probabilidade, **: significativo a 1% de probabilidade.
Na
cultura do algodão (Figura 1) todos os tratamentos, apresentaram diferenças
significativas da testemunha. Os níveis de produtividade foram elevados (acima
de 3.000 kg/ha). As maiores
produtividades foram obtidas com nos tratamentos T1, T2 e T5 (fórmula 5-25-15 e
o 20-05-20 em cobertura). As adubações na linha de plantio foram mais
eficientes do que a aplicação a lanço. Tal fato pode estar relacionado a maior
exigência nutricional do algodoeiro e características do sistema radicular do
mesmo.
Figura
1. Produção de algodão em função dos diferentes modos e doses de adubo Bioativo
no plantio e em cobertura. T1 - 450 kg/ha do Adubo
Bioativo 3-12-6 no sulco+ 300 kg do 20-05-20 em cobertura a lanço; T2 - 450
kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 a lanço + 300 kg do bioativo 09-03-09 em
cobertura a lanço; T3 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 no sulco + 300 kg do
bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T4 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6
+ 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço T5. 450 kg/ha do Adubo Bioativo 5-25-15 no sulco
+ 300 kg do bioativo 20-05-20 em cobertura a lanço T6. Testemunha (Sem adubo).
Valores seguidos da mesma letra na mesma coluna não se diferem
significativamente. Safra 2002/2003. Goiânia, GO.
Em todos os
tratamentos os teores de P estão em níveis adequados. As
adubações na linha de plantio foram mais eficientes do que a aplicação a lanço.
Tal fato pode estar relacionado a maior exigência nutricional do algodoeiro e
características do sistema radicular do mesmo.
MALAVOLTA, E., VITTI, G. C., OLIVEIRA, S. A., - Avaliação do Estado Nutricional de Plantas:
Princípios e Aplicações -, Assoc. Bras. Pesquisa da Potassa e do Fosfato,
Piracicaba, 1989;
-
Projeto financiado pela IFB
Fertilizantes