PRODUÇÃO E TEORES DE NUTRIENTES NAS FOLHAS DO ALGODÃO EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO Á LANÇO DO FERTILIZANTE BIOATIVO EM SOLOS DE CERRADO[1]

 

Juarez Patrício Oliveira Júnior; Wilson Mozena Leandro; Adriano Vieira de Melo; Júlio César da Cunha Gobo. Núcleo de Ciência do Solo - EA, Universidade Federal de Goiás, 74.910-970 Goiânia, GO.*E-mail: juarez@agro.ufg.br

 

PALAVRAS CHAVE: Bioativo, Biofertilizante, Algodão.

 

INTRODUÇÃO

 

              O problema do lixo no Brasil ganha proporções de uma bomba de efeito retardado, cuja explosão vai espalhar estilhaços sobre a qualidade de vida da população.      A reciclagem do lixo orgânico pela fabricação do biofertilizante constitui-se em uma das alternativas para diminuição da quantidade de lixo despejada em terrenos baldia, áreas alagadas, mananciais de abastecimento de água dos centros urbanos, rios e mares. O biofertilizante é um conjunto balanceado de resíduos orgânicos e macro e micro nutrientes essenciais, que passam da forma inorgânica para a orgânica, apresentando um complexo de microorganismos benéficos, que interagem no solo, promovendo um aumento significativo da meso e micro-fauna do meio.          A Indústria de Fertilizantes Biológicos - I.F.B. Biotecnologia possui um processo de fabricação do biofertilizante utilizando a solubilização biológica de fosfatos naturais e fixação biológica do nitrogênio do ar, em ambiente aerado, com auxílio de bactérias selecionadas e cultivadas em laboratório. Tal processo é patenteado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (PI-9401724-7).

               Outra matéria prima que pode ser empregada para a produção do Fertilizante Bioativo são resíduos de origem animal (estercos de galinha, suínos, bovinos etc.) e de agroindústrias (Torta de mamona, torta de filtro, torta de citrus etc.).

              O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do adubo Bioativo, produzido pela I.F.B. Biotecnologia, aplicado a lanço, sobre a produtividade do algodoeiro, sob condições de campo.

MATERIAL E MÉTODOS

              O experimento foi instalado na área experimental da Escola de Agronomia da UFG em Goiânia-GO, constituído dos seguintes tratamentos: T1. 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 no sulco+ 300 kg do 20-05-20 em cobertura a lanço; T2.          450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 a lanço + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T3.          450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 no sulco + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T4.          450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T5.  450 kg/ha do Adubo Bioativo 5-25-15 no sulco + 300 kg do bioativo 20-05-20 em cobertura a lanço e T6. Testemunha (Sem adubo). O algodoeiro foi semeado no dia 12/12/2003. As adubações de coberturas foram efetuadas com 45 dias após a emergência. Em um delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições, totalizando 28 parcelas. As parcelas foram constituídas de 10 linhas da cultura, espaçadas, 0,90 m e com comprimento de 5 m, totalizando área de 22,5 m2, sendo que a área útil da parcela foi constituída pelas seis linhas centrais, descartando-se 0,5 m de cada extremidade da parcela. As análises foliares foram retiradas conforme recomendação de MALAVOLTA et al (1989).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

              Os teores foliares de nutrientes na cultura do algodão indicam que não houve diferenças significativas entre os tratamentos (Tabela 1).  Comparando-se os teores de N, K, Ca, Mg, S e Mn com as classes de interpretação propostos por MALAVOLTA et al (1989) verifica-se que todos estão em níveis adequado, com exceção do K e Cu que estão abaixo e os teores de Fe, Mn e Zn que estão acima do adequado. Em todos os tratamentos os teores de P estão em níveis adequados. A análise estatística não indicou diferenças significativas entre os tratamentos, mas houve uma tendência dos tratamentos T1 e T5 apresentarem teores de N e P maiores, evidenciando talvez a necessidade de uma dose maior de fertilizante bioativo na cobertura ou a necessidade de fertilizantes altamente solúveis na cultura do algodão. 

 

Tabela 01. Teores de macro e micronutrientes nas folhas de algodão submetidas aos tratamentos, coeficiente de variação e teste F. Safra 2002/2003. Goiânia, GO.

Tratamentos(1)

Nutrientes Foliares (2)

N

P

K

Ca

Mg

S

Cu

Fe

Mn

Zn

 

-----------------------dag/kg------------------------

---------------------------mg/kg---------------------

T1

3,98a

0,30a

1,24a

3,80a

0,73a

0,29a

5,50a

818,3a

149,3a

26,1a

T2

3,76a

0,29a

1,21a

3,98a

0,80a

0,23a

6,25a

604,0a

121,3a

27,0a

T3

3,44a

0,26a

1,28a

4,65a

0,75a

0,29a

6,00a

807,0a

135,8a

24,7a

T4

3,73a

0,29a

1,29a

3,80a

0,73a

0,29a

5,75a

497,5a

117,5a

24,1a

T5

4,22a

0,31a

1,26a

3,38a

0,65a

0,32a

6,50a

452,0a

126,3a

26,0a

T6

3,70a

0,29a

1,13a

3,58a

0,68a

0,23a

5,75a

473,0a

125,8a

25,5a

C.V. %

9,5

13,89

15,72

25,4

15,33

21,8

17,76

38,54

16,44

8,09

Teste F

2,15ns

0,62ns

0,33ns

0,80ns

0,93ns

1,53ns

0,48ns

2,02ns

1,18ns

1,03ns

(1)  T1 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 no sulco+ 300 kg do 20-05-20 em cobertura a lanço; T2 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 a lanço + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T3 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 no sulco + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T4 -    450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T5 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 5-25-15 no sulco + 300 kg do bioativo 20-05-20 em cobertura a lanço; T6. Testemunha (Sem adubo).

(2) Valores seguidos da mesma letra na mesma coluna não se diferem significativamente; Ns: não significativo a 5% probabilidade, *: significativo a 5% de probabilidade, **: significativo a 1% de probabilidade.

 

 

Na cultura do algodão (Figura 1) todos os tratamentos, apresentaram diferenças significativas da testemunha. Os níveis de produtividade foram elevados (acima de 3.000 kg/ha).  As maiores produtividades foram obtidas com nos tratamentos T1, T2 e T5 (fórmula 5-25-15 e o 20-05-20 em cobertura). As adubações na linha de plantio foram mais eficientes do que a aplicação a lanço. Tal fato pode estar relacionado a maior exigência nutricional do algodoeiro e características do sistema radicular do mesmo.

Figura 1. Produção de algodão em função dos diferentes modos e doses de adubo Bioativo no plantio e em cobertura. T1 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 no sulco+ 300 kg do 20-05-20 em cobertura a lanço; T2 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 a lanço + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T3 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 no sulco + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço; T4 - 450 kg/ha do Adubo Bioativo 3-12-6 + 300 kg do bioativo 09-03-09 em cobertura a lanço T5.  450 kg/ha do Adubo Bioativo 5-25-15 no sulco + 300 kg do bioativo 20-05-20 em cobertura a lanço T6. Testemunha (Sem adubo). Valores seguidos da mesma letra na mesma coluna não se diferem significativamente. Safra 2002/2003. Goiânia, GO.

 

CONCLUSÕES

 

Em todos os tratamentos os teores de P estão em níveis adequados. As adubações na linha de plantio foram mais eficientes do que a aplicação a lanço. Tal fato pode estar relacionado a maior exigência nutricional do algodoeiro e características do sistema radicular do mesmo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

MALAVOLTA, E., VITTI, G. C., OLIVEIRA, S. A., - Avaliação do Estado Nutricional de Plantas: Princípios e Aplicações -, Assoc. Bras. Pesquisa da Potassa e do Fosfato, Piracicaba, 1989;

 

FONTE DE FINANCIAMENTO

 

- Projeto financiado pela IFB Fertilizantes



[1] Projeto financiado pela IFB Fertilizantes