morfo-anatomia e Prospecção fitoquímica das folhas de lixeirinha, Davilla elliptica St. -Hil. (Dilleniaceae)

SOARES, M. L. 1 ; REZENDE, M. H. 1 ; FERREIRA, H. D. 1 ; PAULA, J. R. DE 2

1 Instituto de Ciências Biológicas - Universidades Federal de Goiás

2 Faculdade de Farmácia - Universidades Federal de Goiás.

ilialuz@bol.com.br; jrealino@farmacia.ufg.br

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Palavras-chaves: Davilla elliptica St.-Hil.; morfo-anatomia; prospecção fitoquímica.

INTRODUÇÃO

Dados etnobotânicos revelam que determinadas espécies da família Dilleniaceae são empregadas na medicina tradicional com diferentes indicações. Curatella americana L. é empregada como antiinflamatório e antiúlcera (CRONQUIST, 1981; CORRÊA, 1984). D. rugosa Poiret é utilizada como antiinflamatório, antiúlcera, purgativo, estimulante, afrodisíaco e tônico (LE COINTE, 1934; SILVA, 1935; CORRÊA, 1984). D. elliptica é empregada desde em ações sistêmicas, sendo utilizada como adstringente, tônico, laxativo, sedativo, diurético (RODRIGUES e CARVALHO, 2001), no tratamento de hemorróidas, hérnia e diarréia, como em aplicações tópicas, sendo empregada como antisséptico na limpeza de ferimentos (SILVA et al., 2001).

Com o objetivo de fornecer subsídios farmacognósticos ao controle de qualidade de D. elliptica, e dados que complementam a caracterização taxonômica da família, neste trabalho foi realizado o estudo da morfo-anatomia foliar, e a prospecção fitoquímica relativa a duas amostras de folhas de D. elliptica coletadas em locais diferentes

MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização do estudo, foram utilizadas folhas de Davilla elliptica St.- Hil. coletadas no município de Alexânia – Goiás (16°12’52"S e 48°26’47"W a 855m de altitude) na área de influência do reservatório da Usina Hidrelétrica Corumbá IV em construção no município de Luziânia – Goiás, e ainda em terreno baldio no Jardim Itanhangá em Goiânia (16°34’04"S e 49°17’08"W a 766m de altitude).

A caracterização microscópica foi realizada através de análises de secções transversais do pecíolo e secções transversais e paradérmicas da lâmina foliar (segmentos da nervura principal, região internervural e bordos), os quais foram submetidos ao processo de dupla coloração Azul de alcian / safranina 9:1 e aos reagentes de Steinmetz (KRAUS e ARDUIN, 1997) e de Etzold (ETZOLD, 1983).

O material botânico foi dessecado em estufa de circulação de ar a 40°C e moído em moinho de facas para a realização das análises. A pesquisa dos metabólitos secundários foi realizada através de testes de prospecção fitoquímica de acordo com metodologias adaptadas de COSTA (1982), MATOS (1988), MATOS e MATOS (1989) e, ASSUMPÇÃO e MORITA (1968). Os constituintes do metabolismo secundário testados foram: antraquinonas, esteróides e triterpenóides, heterosídeos flavonóides, heterosídeos saponínicos, taninos, alcalóides, cumarinas e resinas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em secção transversal, observa-se que as epidermes superior e inferior são unisseriadas. O parênquima lacunoso ocupa aproximadamente 1/3 do mesofilo. Idioblastos contendo cristais em forma de ráfide, assim como feixes vasculares secundários do tipo colateral e com extensão de bainha esclerenquimática distribuem-se no mesofilo.

A nervura principal seccionada transversalmente, apresenta tricomas tectores unicelulares longos e curtos em ambas as faces. O sistema vascular central é constituído por vários feixes vasculares, formando uma estrutura circular. O floema posiciona-se externamente ao xilema e é envolvido por uma bainha esclerenquimática. No córtex nota-se a presença de esclereídes.

A porção mediana do pecíolo em secção transversal, apresenta na região central uma estrutura circular formada, provavelmente, pela união de vários feixes vasculares. O floema encontra-se externamente ao xilema e envolvido por uma bainha esclerenquimática. Lateralmente, na superfície adaxial, observa-se dois pequenos feixes colaterais.

A borda apresenta o mesmo aspecto nas regiões da base, do ápice e mediana, onde observa-se a presença de células colenquimáticas limitando-se com a epiderme unisseriada de células com parede espessa e cutícula.

A lâmina foliar em vista frontal, exibe tricomas tectores unicelulares e lignificados em ambas as faces. Na epiderme adaxial, observa-se células de tamanhos variados, com parede espessa de contorno reto a levemente sinuoso. Nos pontos de inserção dos tricomas, as células encontram-se dispostas circularmente. Na face abaxial, verifica-se células epidérmicas de contorno sinuoso e estômatos predominantemente paracíticos, com ocorrência de anomocíticos.

O presente trabalho revelou que as folhas de Davilla elliptica St.-Hil. apresentam caracteres anatômicos que coincidem aos descritos anteriormente por CRONQUIST (1968) e DICKISON (1970) para a família Dilleniaceae.

Na pesquisa de metabólitos secundários foi detectada a presença de heterosídeos flavonóides e saponínicos, esteróides, taninos, cumarinas e resinas, em ambas as amostras, revelando que não há uma variação qualitativa dos metabólitos secundários testados no material botânico coletado nos dois diferentes pontos amostrais.

 

CONCLUSÃO

Os dados obtidos através deste estudo, contribuem como conhecimento básico para a identificação fitoquímica e morfo-anatômica da droga vegetal, e fornecem características taxonômicas à família.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSUMPÇÃO, R. M. V.; MORITA, T. Manual de Soluções, Reagentes e Solventes – Padronização, Preparação e Purificação. São Paulo: Ed. Edgard Blucher Ltda., 1968.

CORRÊA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1984.

COSTA, A. F. Farmacognosia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982.

CRONQUIST, A. The Evolution and Classification of Flowering Plants. Boston: Hoglton Mifflin Co.,1968.

CRONQUIST, A. An Integrated System of Classification of Flowering Plants. New York: Columbia University, 1981.

DICKISON, W. C. Comparative morphological studies in Dilleniaceae V: Leaf Anatomy. J. Arn. Arb., v. 51, p. 89-101, 1970.

ETZOLD, H. Eine kontrastreiche simultane mehrfachfärbung für pflanzenanatomische präparate. Mikrokosmos, n. 72, p213-218, 1993.

KRAUS, J. E.; ARDUIN, M. Manual Básico de Métodos em Morfologia Vegetal. Seropédica/RJ:EDUR, 1997.

LE COINTE, P. A Amazônia brasileira. Vol. 3. Belém: Livraria Clássica, 1934.

MATOS, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. Fortaleza/CE: Edições UFC, 1988.

MATOS, J. M. D. ; MATOS, M. E. Farmacognosia. Fortaleza/CE: Edições UFC, 1989.

RODRIGUES, V. E. G.; CARVALHO, D. A. Plantas Medicinais no Domínio dos Cerrados. Lavras/MG: UFLA, 2001.

SILVA, R. A. D. Plantas medicinais do Brasil – "Cipó caboclo". Revista da Flora Medicinal, n. 2, p. 69-78, 1935.

SILVA, S. R.; SILVA, A. P.; MUNHOZ, C. B.; SILVA JR., M. C.; MEDEIROS, M. B. (Org.). Guia de Plantas do Cerrado Utilizadas na Chapada dos Veadeiros.. Brasília/DF: WWF, 2001.

 

APOIO FINANCEIRO: CAPES; FF/UFG; SECTEC/GO; SYSTEMA NATURAE CONSULTORIA AMBIENTAL; FUNAPE.