TÍTULO: Avaliação in vitro dos produtos liberados da corrosão dos bráquetes ortodônticos considerados nickel-free e de aço inoxidável e dos seus potenciais de citotoxicidade.
AUTORES:
COSTA, M.T.1*; RIBEIRO-DIAS, F.2; LENZA,M.A1.INSTITUIÇÃO DE VÍNCULO: 1- Faculdade de Odontologia FO/UFG, 2- Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública-IPTSP/UFG, * Aluna de Pós-graduação (mestrado), com bolsa CAPES .
ENDEREÇO ELETRONICO: letlila@uol.com.br, marcoslenza@brturbo.com.br
PALAVRAS-CHAVE: Bráquetes, ortodontia, níquel, citotoxicidade.
INTRODUÇÃO: Os aparelhos ortodônticos fixos intra-orais utilizados para correção das más-oclusões são basicamente constituídos por bandas, bráquetes e fios e são fabricados de ligas metálicas que contêm cromo, ferro e níquel em diferentes porcentagens. O cromo e o níquel da liga determinam a resistência à corrosão, ou seja, a grande quantidade destes elementos na liga diminui a suscetibilidade à corrosão. Devido a suscetibilidade à corrosão, tem havido um crescente interesse no uso de metais mais biocompatíveis e mais resistentes na fabricação dos bráquetes ortodônticos (von FRAUNHOFER,1997).
A liberação de níquel a partir dos aparelhos ortodônticos pode estar relacionada tanto à composição das ligas quanto aos métodos de fabricação dos aparelhos, não sendo necessariamente proporcional ao conteúdo de níquel na liga (AGAOGLU,2001). Variações nas técnicas de fabricação bem como nos procedimentos de acabamento e polimento podem afetar o comportamento de corrosão dos bráquetes (von FRAUNHOFER,1997, SHIN,2003).
As características microbiológicas e enzimáticas da cavidade bucal constituem um ambiente favorável à corrosão e oxidação dos metais. A saliva atuando como um eletrodo, o pH, a temperatura, a presença do biofilme dental, alimentos e bebidas, tornam o ambiente ideal para que ocorra corrosão. Além de todos estes fatores, o oxigênio, que é fator essencial para que a corrosão ocorra, está presente em quantidades abundantes na boca (SHIN,2003).
Como os acessórios ortodônticos são suscetíveis à corrosão, com subseqüente liberação do níquel, a utilização destes acessórios por um longo período de tempo, pode induzir ou exacerbar reações de hipersensibilidade, manifestações de dermatite de contato, asma, citotoxicidade ou levar a uma tolerância oral (FISHER,1982, MORTZ,2002, MARIGO,2003, BLANCO-DALMAU,1984, COSTA,2003, LENZA,1997, VREEBURG,1984). As manifestações bucais relacionadas aos produtos da corrosão dos aparelhos ortodônticos que contêm níquel podem ser de natureza subjetiva, sub aguda e diversificada na apresentação (MOCKERS,2002). Gosto metálico, glossites, variação na salivação, irritação da mucosa, sensação de queimação, sangramento, inflamação e hipertrofia gengival que não podem ser clinicamente distinguidas das gengivites bacterianas, têm sido relatadas (COSTA,2003, MOCKERS,2002, ALI,1987).
Ligas com baixo teor de níquel, principalmente as ligas de aço manganês que contêm no máximo 0,2% de níquel residual, conhecidas como nickel-free (FITJER,2002) têm sido uma opção na fabricação de bráquetes principalmente para serem usadas nos pacientes sensíveis ao níquel. Há necessidade de maiores estudos a respeito das novas ligas nickel-free, sua capacidade de corrosão e a citotoxicidade in vitro dos produtos desta corrosão, para que opções seguras de tratamento clínico sejam oferecidas ao paciente sensível ao níquel.
OBJETIVOS: Analisar qualitativamente e quantitativamente os produtos liberados da corrosão dos bráquetes ortodônticos considerados nickel-free (Monobloc®-Morelli) e de aço inoxidável tradicional (Roth Light®-Morelli), in vitro, e os seus potenciais de citotoxicidade.
HIPÓTESE: As novas ligas utilizadas para a fabricação de bráquetes ortodônticos livres de níquel (nickel-free) são menos suscetíveis à corrosão quando comparadas com a fórmula original de aço inoxidável e apresentam menos produtos de corrosão, principalmente metais como níquel, apresentando, portanto, uma maior biocompatibilidade.
MATERIAIS E MÉTODOS: Dois grupos de bráquetes metálicos usualmente utilizados na terapia ortodôntica serão divididos em grupos. Grupo I será constituído por 3 conjuntos de bráquetes de aço inoxidável (cada conjunto contém 20 unidades de bráquetes) Roth Ligth Special®, canaleta ou slot de 0,022 de polegada, da marca comercial Morelli (Dental Morelli, Sorocaba, Brasil) pertencentes ao mesmo lote de fabricação e o Grupo II, constituído por 3 conjuntos de bráquetes de aço inoxidável (cada conjunto contém 20 unidades de bráquetes), canaleta ou slot de 0,022 de polegada, porém isentos de níquel em sua composição, Monobloc® Nickel-free (Dental Morelli, Sorocaba, Brasil).
Os bráquetes serão esterilizados em autoclave a 1200C por 20 minutos. Subseqüentemente, serão imersos em saliva artificial, em tubos vacutainer, que serão hermeticamente fechados e colocados em estufa a 370C e deixados inertes por 3 diferentes períodos de incubação (21, 42 e 63 dias). Estes períodos foram assim determinados para estarem de acordo com as épocas de ativação dos aparelhos ortodônticos fixos, na boca dos pacientes. A saliva será preparada de acordo com fórmula preconizada pela Universidade de Indiana – USA (HWANG,2001). A quantidade de saliva a ser utilizada nos experimentos está de acordo com o Padrão de Organização Internacional (ISO 10993), uma vez que a área de superfície dos bráquetes não foi determinada, a razão entre o peso da amostra e volume da saliva deve estar entre 0,1g/mL a 0,2g/mL (ISO,1992).
As características das superfícies dos bráquetes, mais precisamente a base, a canaleta e as aletas, serão examinadas ao microscópio eletrônico de varredura (MEV) antes e após cada período de incubação (21, 42 e 63 dias) com o objetivo de examinar as superfícies dos bráquetes em relação à presença de imperfeições iniciais e posteriormente, após a imersão, para avaliação de possível área de corrosão. Estas mesmas superfícies serão analisadas por espectroscopia de energia dispersiva (EED) após cada período de imersão com o objetivo de examinar os produtos de corrosão aderidos às superfícies dos bráquetes. Em seguida, será realizada análise de ativação de nêutron (AAN), com o objetivo de analisar e quantificar os íons metálicos, principalmente o níquel, liberados no meio devido à corrosão e oxidação.
O teste de citotoxicidade in vitro investigará se o níquel liberado no meio, além dos outros íons oriundos da corrosão, é citotóxico para as células. Serão utilizadas linhagens de células L929 (fibroblasto murino) (ISO,1992, NAKAMURA,1989). A determinação da citotoxicidade será realizada por uma avaliação quantitativa, baseada no metabolismo e na viabilidade celular através dos ensaios colorimétrico do MTT (RIBEIRO-DIAS,2000) e do Cristal Violeta, respectivamente (FLICK,1984).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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