Avaliação por Cromatografia Gasosa de Alta Resolução (HRGC) do perfil de degradação da Isotretinoína sob diferentes condições de luminosidade e atmosfera.

Danielle Guimarães ª Diniz, Eliana Martins Lima, Nelson R. Antoniosi Filho (PS)

Programa de Pós-Graduação em Química - UFG; Faculdade de Farmácia – UFG; - Instituto de Química – UFG (Goiânia – GO)

(danielle@farmacia.ufg.br/emlima@farmacia.ufg.br)

Palavras-chave: isotretinoína, cromatografia gasosa, produtos de degradação

Introdução: A isotretinoína, quimicamente conhecida como ácido-13-cis-retinóico, faz parte do amplo grupo de compostos relacionados à vitamina A. É empregada particularmente no tratamento da acne cística e nodular e como inibidor da proliferação de células neoplásicas, por apresentar grande eficiência na regulação da diferenciação celular. O emprego da isotretinoína como matéria-prima na obtenção de formas farmacêuticas, como no caso dos medicamentos genéricos, apresenta uma série de dificuldades como a metodologia analítica aplicável para a determinação qualitativa e quantitativa de seus isômeros e compostos de degradação e a elevada instabilidade desta substância frente às condições de manufatura. Neste trabalho, amostras de isotretinoína foram submetidas a diferentes condições de atmosfera e luminosidade e seu perfil de degradação foi avaliado por cromatografia gasosa de alta resolução (HRGC).

Materiais e Métodos: Foram utilizadas 5 gramas de amostra comercial de isotretinoína [(MAG) (C2) (P.344/98)] e 200 mg de padrão USP (United States Pharmacopeia) 353500 isotretinoin. Os ensaios foram realizados em cromatógrafo Agilent 6890 GC sistem Plus, utilizando coluna DBWAX-23 (10m x 0,104mm x 0,2m m), detector por ionização em chama (FID) e as seguintes condições cromatográficas: gás de arraste: H2; temperatura do injetor: 150oC; temperatura do forno: 90oC (1 min) 10oC/min 200oC (8 min).

As amostras de isotretinoína foram submetidas a diferentes condições de atmosfera (Ar, O2, N2) e luminosidade (3.200 lux e escuro) e seu perfil de degradação foi avaliado por cromatografia gasosa de alta resolução (HRGC), após períodos de exposição de 1 a 15 dias, em comparação com Padrão USP 353500 Isotretinoin.

Resultados e Discussão: Na Figura 1 estão apresentados alguns dos cromatogramas representativos das amostras de isotretinoína submetidas ao ensaio de estabilidade. As condições experimentais do cromatógrafo (temperatura do injetor e do forno) foram estabelecidas a partir dos resultados de análises preliminares do comportamento da isotretinoína por Termogravimetria (TG) e Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC). Compostos de degradação identificáveis através da separação cromatográfica foram mais evidentes nas amostras expostas à luz e sob atmosfera de oxigênio. Amostras sob atmosfera de oxigênio mas em ausência de luz apresentaram perfil de degradação menos acentuado. A exposição ao ar também promoveu intensa degradação do composto original, enquanto que as amostras submetidas ao fluxo de N2 não exibiram degradação. A amostra sob atmosfera de O2 apresentou, a partir do 5o dia de ensaio, alteração da cor original laranja, passando para amarelo pálido, até quase branca. Leve descoloração foi observada também na amostra sob atmosfera de ar e em presença de luz.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1. Cromatogramas por GC de amostras de isotretinoína ( ):

1- 15 dias, O2, escuro; 2- 15 dias, O2, 3.200 lux; 3- 15 dias, N2, escuro;

4- 15 dias, ar, 3.200 lux; 5- 1 dia, O2, escuro; 6- 5 dias, N2, 3.200 lux.

 

 

 

Conclusão: A técnica de Cromatografia Gasosa de Alta Resolução mostrou-se eficiente para verificação da extensão de degradação do composto frente aos parâmetros estabelecidos no teste de estabilidade. A ausência de degradação identificável na amostra sob atmosfera de nitrogênio tanto exposta à luz quanto no escuro, permite observar que a luz age como mecanismo acelerador do processo de degradação da isotretinoína promovido pelo oxigênio, demonstrando que a atmosfera inerte é condição fundamental para garantir a estabilidade da isotretinoína durante a manipulação.

 

Referências:

1. BEMPONG, D.K; HONIGBERG, I.L; MELTZER, N.M. J. Pharm. Biomed. Anal., 1995, 13:3, 285-91.

2. CAVIGLIOLI, G., et al. Drug. Dev. Ind. Pharm., 1994, 20:15, 1295-1408.

3. ECKHOFF, C.; NAU, H. J.Lipid. Res., 1990, 31:8, 1445-1454.

4. GATTI, R, et al; J. Chromatogr. A., 2001, 905:1-2, 345-50.

5. OYLER, A. R. et al.Tetrahedron., 1989, 45:24,7679-694

Fonte de Financiamento:

FINNEP; FUNAPE; CNPq