PRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO de
cafEEIROS irrigadoS NO CERRADO
GOIANO[1]
TIAGO ROBERTO Wehr[2],
RUTH ZAGO OLIVEIRA3,
LUCAS BERNARDES
BORGES[3],
PEDRO HENRIQUE LOPES SARMENTO4,
NORI PAULO GRIEBELER[4]
JORGE LUIZ DO Nascimento5,
ROBSON Bonomo5 LUIZ FERNANDO COUTINHO DE OLIVEIRA[5]
PALAVRAS-CHAVE:
irrigação,
café, cerrado
INTRODUÇÃO: Segundo Mantovani (1998) e
Rotondano (2004) a cafeicultura no Brasil desenvolveu-se inicialmente nas
regiões em que não ocorre deficiência hídrica. Devido à expansão da
cafeicultura, hoje se produz café de excelente qualidade utilizando a irrigação
em regiões anteriormente consideradas marginais, com períodos extensos de
deficiência hídrica, como é caso do cerrado brasileiro que compreende diversos
estados do país tais como: Minas Gerais, Goiás, Bahia, Distrito Federal, Mato
Grosso. A cultura do café no estado de Goiás pode ser considerada como marginal
apesar da existência de condições favoráveis para seu cultivo, segundo o
zoneamento climático realizado pela Embrapa-Cerrado Assad et al., 2001). Apesar
do elevado número de cultivares pouco se sabe a respeito do potencial que estes
genótipos apresentam para o cultivo no estado de Goiás, e de seu possível
aproveitamento em planos de melhoramento genético visando à obtenção de
materiais mais adaptados às condições de cerrado. O déficit hídrico acentuado
no período do outono-inverno verificado no cerrado goiano é um fator que tem
provocado baixas produtividades inviabilizando a atividade em vista dos altos
investimentos exigidos na produção do café. Para suprir a necessidade hídrica
da cultura do café nesse período, exigem-se irrigações que deverão ser
realizadas de forma bem planejada. Cultivares que respondem melhor ao uso da
irrigação, certamente proporcionarão à cafeicultura melhores resultados,
levando a maiores produtividades com melhoria da qualidade da produção Bonomo,
(1999). Zanini et al. (1994). verificaram que houve influência dos
níveis de aplicação de água no desenvolvimento dos cafeeiros recém implantados
irrigados de forma localizada comparados com cafeeiros não irrigados. Desta
forma, estudos que visem o aprimoramento de tecnologias são imprescindíveis
para o desenvolvimento da cafeicultura irrigada na região do cerrado do Estado
de Goiás. Em vista do exposto, este teve como objetivo a análise da produção e
do crescimento de 21 cultivares de café irrigadas nas condições do cerrado do
estado de Goiás.
MATERIAL E
MÉTODOS: O
ensaio foi instalado na área experimental da Escola de Agronomia e Engenharia
de Alimentos da Universidade Federal de Goias (UFG). O delineamento
experimental empregado foi o bloco casualizados sendo as cultivares de café os
tratamentos, sendo 10 cultivares de porte baixo (PB) e 11 de porte alto (PA),
com quatro repetições, sendo assim identificadas: PB1 (Catuaí [IAC H
2077-2-5-99]), PB2 (Catuaí vermelho [IAC H2077-2-5-81]), PB3 (Catuaí vermelho
[IAC81]), PB4 (Catuaí amarelo [IAC 62]), PB5 (Catuaí amarelo [IAC 100]), PB6
(Catuaí amarelo [IAC H 2077-2-5-62]), PB7 (Tupi [IAC 1669-33]), PB8 (Obatã [IAC
1669-20]), PB9 (Catuaí vermelho [IAC 4395]), PB10 (IAPAR 59), PA1 (Mundo novo
[IAC 388-17-1]), PA2 (Mundo novo [CP 388-17]), PA3 (Mundo novo [MP 376-4]), PA4
(Icatú vermelho [IAC 2945]), PA5 (Icatú vermelho [IAC 4043]), PA6 (Icatú
vermelho [IAC 4045]), PA7 (Icatú amarelo [IAC 2944-6]), PA8 (Icatú amarelo [IAC
2944]), PA9 (Bourbom amarelo [IAC 4740], PA10 (Bourbom amarelo [CJ 18] e PA11
(Acaiá [CP 474-19]). A área experimental foi irrigada utilizando o tubo
gotejador Netafim, cuja vazão avaliada foi de 1,11 L.h-1 e
uniformidade de distribuição de 92,4%. O avanço horizontal médio do bulbo de
umedecimento avaliado nas profundidades de 10 e 20 cm foi de 61,5 cm, o que
permitiu a obtenção da porcentagem da área molhada de 34,2%. Os valores da
vazão dos emissores e da porcentagem da área molhada avaliados foram empregados
no cálculo do tempo de funcionamento do sistema de irrigação para aplicar a
lâmina evapotranspirada acumulada nos três dias que antecederam a irrigação.
Para tal, utilizou-se das leituras da evaporação do tanque Classe A, umidade
relativa e temperatura médias diárias coletadas na estação agrometeorológica da
UFG, considerando ainda um coeficiente de cultivo recomendado por Santinato et
al. (1996) para cafeeiros com mais de 3 anos cultivados num estande de 6666
plantas/ha de 1,2. Os parâmetros vegetativos estudados foram altura da planta,
diâmetro do caule, número de ramos plagiotrópicos e diâmetro de copa. As
avaliações foram realizadas nos meses de junho (após a segunda colheita) e em
setembro (antecipando a terceira florada). Foi também avaliado a produção em
peso dos grãos de café em coco, seco em terreiro até uma umidade média de
12,0%. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de
média.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: De um modo geral, para as cultivares de café
avaliadas, os parâmetros de crescimento diferiram em nível de 5% de
significância para as cultivares Tupi (IAC 1669-33) e Mundo novo (CP 388-17)
dentro dos grupos de porte baixo e alto, respectivamente, em relação às demais
cultivares. As cultivares de porte baixo e alto que apresentaram uma maior taxa
de crescimento foram as Catuaí vermelho (IAC H2077-2-5-81) e Icatú vermelho
(IAC 2945), respectivamente. Para as 11 avaliações realizadas até o presente
momento, todos os parâmetros de crescimento dos cafeeiros de porte alto e
baixo, apresentaram um comportamento linear. Quanto à produção, verificou-se a
mesma tendência observada nos parâmetros de crescimento, ou seja, as cultivares
mais produtivas as Icatús vermelho (IAC 2945) e (IAC 4045) de porte alto e a
Catuaí (IAC H 2077-2-5-99) de porte baixo, para as condições do cerrado goiano.
CONCLUSÕES: Para todas as cultivares
de café irrigado estudadas, os parâmetros vegetativos apresentaram um
comportamento de crescimento linear sendo que as cultivares de porte baixo e
alto que apresentaram maior taxa de crescimento e produtividade foram as Catuaí
vermelho (IAC H2077-2-5-81) e Icatú vermelho (IAC 2945), respectivamente.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ASSAD, E. D., EVANGELISTA,
B. A., SILVA, F. A. M., CUNHA, S. A. R., ALVES, E. R., LOPES, T. S. S., PINTO,
H. S. ZULLO JÚNIOR, J. Zoneamento agroclimático para a cultura do café (Coffea
arábica L.) no estado de Goiás e sudoeste do estado da Bahia. Revista
Brasileira de Agromoeteorologia. v.9 n.3, p.51-518, 2001.
BONOMO, R.
Análise da irrigação na cafeicultura em áreas de cerrado de Minas Gerais.
Viçosa, MG: UFV, 1999. 224p. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) –
Universidade Federal de Viçosa, 1999.
MANTOVANI, E. C. Plano nacional de pesquisa e
desenvolvimento do café – atuação do núcleo de cafeicultura irrigada. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA EM
CAFEICULTURA IRRIGADA, 1, 1998. Anais...Araguari: Associação dos
Cafeicultores de Araguari, 1998. p.21-26.
ROTONDANO, A. K. F. Desenvolvimento vegetativo, produção e qualidade
dos grãos do cafeeiro (Coffea arábica L.) sob diferentes lâminas de irrigação.
Uberlândia: UFU, 2004. 60p. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Universidade
Federal de Uberlândia, 2004.
SANTINATO, R., FERNANDES, A. L. T., FERNADES, D. R. Irrigação na
cultura do café. Campinas: Arbore. 1996. 146p.
ZANINI, J. R. OLIVEIRA, J. C., PAVANI, L. C., PEDROSO, P. A., VALIM, M.
R. Efeito da irrigação no
desenvolvimento vegetativo de cafeeiros novos.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 23, 1994. 30p.
(manuscrito).
FINANCIAMENTO:
EMBRAPA-CAFÉ,
PNP&D-CAFÉ Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café; CAPES.
[1]Trabalho
de pesquisa financiado pelo Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de
Café – Embrapa/Café
[2]
Mestrandos em Produção Vegetal pela UFG, Bolsista CAPES
[3]
Alunos de graduação em Agronomia pela UFG, bolsista de PIBIC/CNPq
[4]
Professores da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade
Federal de Goiás
[5]Professor
da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de
Goiás, Campus II, Caixa Postal 131, 74001-970, Goiânia, GO, e.mail: lfco@agro.ufg.br