Levantamento
epidemiológico de soroprevalência da Anemia Infecciosa Eqüina (AIE) em
eqüídeos, na região Sul do Estado do Pará e região Nordeste do Mato Grosso
Ballestero,
T.C.; Moura, M.I.; Andrade, M.G.S.; Andrade, H.J.M.; Moreira, C.N.; Banys, V.L.
Universidade Federal de Goiás, Campus de
Jataí, Curso de Medicina Veterinária.
e-mail: cissanm@yahoo.com.br
Palavras-chave:
imunodifusão; lentivírus; prevalência; retrovírus.
INTRODUÇÃO
A Anemia Infecciosa Eqüina (AIE) é uma doença infecto-contagiosa, para a
qual não há vacina e nem tratamento eficaz (Reis, 1997). É causada por um retrovírus da subfamília lentivírus que acomete todos os
eqüídeos (Carpenter & Chesebro, 1989; Blood & Radostitis, 1991). Sua
transmissão ocorre principalmente pelo contato com sangue infectado, através
das picadas dos insetos hematófagos infectados que atuam como vetores e
secreção corporal, como a saliva de animais infectados (Blood & Radostitis,
1991). Foram encontrados poucos relatos publicados do Estado do Pará e do Mato
Grosso, sobre as avaliações sorológicas dos rebanhos de eqüídeos a respeito da
AIE. Sabendo que os eqüídeos são essenciais como ferramenta de trabalho na
pecuária de corte da região, faz-se necessário o estudo epidemiológico da AIE,
para que se estabeleçam índices de ocorrência da doença, pois a mesma pode
apresentar-se na forma enzoótica na região e os animais tornarem-se portadores
crônicos inaparentes.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a soroprevalência de AIE na região
Sul do Estado do Pará e Nordeste do Mato Grosso, a partir do levantamento
epidemiológico de 5.378 amostras sorológicas de eqüídeos nessas regiões,
abrangendo 35 municípios.
MATERIAL E MÉTODOS
A amostra estudada foI composta por 5.378 animais. Os exames foram
realizados no Laboratório de Serviço de Assistência Técnica Veterinária – SATEV
(PA). De cada animal foram obtidos 5 mL de soro e realizada a prova de
imunodifusão em ágar-gel a 1 %, empregando antígeno comercial.
Todos os dados foram avaliados estatisticamente com
auxilio do pacote computacional SAS (Statistical ..., 1985), utilizando-se o
Qui-quadrado ao nível de 1 % de probabilidade.
.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do total de
animais avaliados, 60,47% (3.252/5.378) eram eqüídeos, 37,53% (2.018/5.378)
eram muares e 2% (108/5.378) eram asininos. Neste grupo de dados observou-se a
soroprevalência para AIE de 10,04 % em eqüídeos. Com relação à espécie e sexo,
obteve-se a prevalência de 49,22 % em fêmeas eqüinas e 31,30 % em machos
eqüinos, fato também observado por Bittencourt et al. (2002), que verificaram
que 1,85 % de 1.284 eqüinos reagiram positivamente ao teste, totalizando 30 %
machos e 70 % fêmeas eqüinas. Dias, et al. (2002) encontraram em estudo
realizado no Pará, no período de 1997 a 1999, soroprevalência para AIE de 37,02
% dos eqüinos avaliados. Heinemann, et al. (2002), avaliando a soroprevalência
de AIE em eqüinos em outro estudo encontraram valores em torno de 53 %.
Observou-se a prevalência de 8,52 % em fêmeas muares;
10,40 % em machos muares e 0,56 % em machos asininos. Estes resultados
discordam de Santos et al. (2001) que encontraram 7,8 % de soropositivos para
AIE em asininos e 5,9 % em muares.
Os dados encontrados no presente estudo demonstraram
que o vírus está mais disseminado entre os eqüinos, e dentro desta espécie, as
fêmeas apresentaram maior prevalência, dados também observados por Granzoti,
(1982) e Bittencourt et al. (2002).
Foi
observado também por meio deste trabalho, que existe diferença significativa
quanto à espécie animal uma vez que os eqüinos apresentaram taxas
significativamente maiores (p < 0,01), não havendo diferença significativa
quanto ao sexo (p > 0,01). Santos et al. (2001) não encontraram diferença
significativa quanto à espécie (7,8 % asininos; 7,7 % eqüinos e 5,9 % muares).
CONCLUSÃO
A prevalência da AIE, em maior proporção nos eqüinos fêmeas, foi
detectada no Sul do Pará e no Nordeste do Mato Grosso em função da região
favorecer a proliferação de vetores, devido ao clima, aos pântanos ou matas
propícias, além do grande número de eqüídeos nas diversas propriedades, já que
são vitais para a pecuária da região, o que favorece a disseminação da doença.
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