Avaliação da produção de massa seca, eficiência e recuperação do nitrogênio pelo capim tanzânia em duas alturas de cortE

 

Tatiana vieira soares1, aldi fernandes de s. frança2, arcadio de los reyes borjas2, murilo regis ferreira magualhães3, tiago rufino aparecido de matos3, vinicius rodrigues de sousa4

1 Zootecnista, mestranda em Ciência Animal - UFG -GO (tatiana_tvs@yahoo.com.br)

2 Professores Titulares, Dr. Departamento de Produção Animal da EMV/UFG - GO (aldi@vet.ufg.br)

3 Estudantes de graduação da Escola de Engenharia Agronomica - UFG - GO

4 Estudante de graduação da Escola de Medicina Veterinária - UFG - GO

 

PALAVRAS – CHAVE: Adubação Nitrogenada, Irrigação, Nitrogênio na planta

 

INTRODUÇÃO

 

A quantidade de nitrogênio aplicada por unidade de área, constitui um dos fatores mais importantes na determinação do nível de produção de forragem. Segundo CARVALHO & SARAIVA (1987) a estimativa da eficiência da conversão do N é um parâmetro indispensável na indicação de qual dose de nitrogênio é mais eficiente a ser aplicado no solo, pois este é medido pela quantidade de MS produzida por kg de N aplicado. Outro fator importante é a recuperação relativa do N pelas gramíneas. A avaliação do N recuperado com o uso de doses crescentes de adubaçõ nitrogenada deve ser feito, porque a maioria dos resultados tem demonstrado que as quantidades extraídas superam as adicionadas, indicando a provável degradação das forrageiras sem reposição da fretilidade do solo.

Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de doses crescentes de N em duas alturas de corte na produção de MS do capim Tanzânia, irrigado por aspersão no período da seca, e a eficiência da conversão do N (ECN), N contido no tecido da planta (NC) e sua recuperação relativa (RRN).

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

            O experimento foi conduzido na Fazenda Modelo do Departamento de Produção Animal da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás. Para a implantação do experimento utilizou-se uma área de pastagem de capim Tanzânia, dividida em 18 parcelas de 40 m² (8x5 m). Foram estabelecidas três diferentes doses de nitrogênio, 200, 400 e 600 kg N/ha/ano, utilizando o sulfato de amônio como fonte, parceladas pelo número de cortes e pelos períodos (águas e seca), cujas proporções foram de 66,5% no período das águas e 33,5% no período das seca.Também foram definidas duas alturas de corte: 30 e 40 cm. O período experimental foi de 10/01/2002 a 20/02/2003, tendo sido realizados um total de nove cortes, sendo seis no período das águas, com intervalo de 30 dias e três no período seco, a cada 60 dias. No período da seca foi acionado o sistema de irrigação por aspersão, permanecendo ligado de maio a novembro de 2002. Durante o experimento foram monitorados, dados mensais de temperaturas máximas, com média de 33,6°C, temperturas mínimas, médias de 15,77°C e precipitação pluviométrica, média de138,05 mm, através da estação meteorológica da UFG.

O delineamento experimental foi de bloco ao acaso em esquema fatorial 3x2 (três doses de nitrogênio x duas alturas de cortes), com três repetições. Os cortes de avaliação foram feitos manualmente, com auxílio do quadrado de ferro (1x1m), utilizando-se da tesoura de aço, observando-se as alturas de corte de 30 e 40 cm do solo. Após cada corte de avaliação procedeu-se a uniformização das parcelas experimentais, seguida da retirada dos resíduos e adubação de reposição das parcelas. O material coletado no campo foi acondicionadao em saco plástico, identificado e imediatamente transportado para o labotário, sendo pesado e, posteriormente retirada uma sub-amostra representativa de cada parcela, que em seguida foi colocada em estufa de ventilação forçada, em temperatura de 60/65ºC, durante 72 horas, para fins da determinação da matéria e seca parcial. Após a secagem, as amostras foram moídas e em seguida foram realizadas análises para determinação do nitrogênio conforme metodologia de SILVA et al. (2002). Para os cálculos de RRN e ECN estabeleceu-se a produção da dose mínima de 200 kg de N/ha/ano como o nível testemunha. Os resultados foram analisados através do programa estatístico Sistema de Análise de Variância de Dados Balanceados (SISVAR), de acordo com FERREIRA (2000), comparando-se as médias pelo teste de Tukey.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

            A produção média de seis cortes de massa seca do capim Tanzânia, avaliado no período das águas, apresentou um aumento significativo (P<0,05) à medida que se elevou a dosagem de nitrogênio nas alturas de corte. Entretanto, não houve diferença significativa (P>0,05) em relação às alturas de corte (Tabela 1). As produções médias de massa seca encontradas neste experimento foram superiores àquelas observadas por CECATO et al. (2000) trabalhando com o capim Tanzânia em duas alturas de corte, 20 e 40 cm, tendo encontrado médias de 16,56 e 12,27 t/ha.

 

Tabela 1 – Produção de massa seca (PMS), concentração de nitrogênio (N), nitrogênio contido no tecido da planta (NC), eficiência da conversão do nitrogênio (ECN) e recuperação relativa do nitrogênio (RRN) do capim Tanzânia em duas alturas de corte, avaliado no período das águas.

 

 

Variáveis

Tratamentos (kg N/ha/ano)

200

400

600

Altura de Corte (cm)

30

40

30

40

30

40

PMS (t/ha)

19,77 b

18,96 c

22,02 b

20,72 b

25,88 a

25,33 a

N (g/kg)

1,48 c

1,56 c

1,69 b

1,86 b

2,10 a

2,24 a

NC (kg MS/ha)

292,83 c

295,60 c

372,86 b

386,53 b

543,90 a

570,06 a

ECN (kg/ha)

-----

------

16,9 b

13,20 b

22,90 a

23,90 a

RRN (%)

-----

------

30,10 b

34,10 b

 62,90 a

68,70 a

   Médias na linha diferem para tratamentos  (P<0,05) pelo teste Tukey.

 

Avaliando-se a média de PMS, de três cortes, no período da seca, conforme se pode observar na Tabela 2, houve efeito significativo (P<0,05) para os tratamentos nas alturas de corte. Entretanto, entre as alturas de corte não ocorreu efeito significativo (P>0,05) nas adubações aplicadas. Comparando-se em termos percentuais, a PMS na seca, na dose equivalente a 600 kg N/ha/ano superou em 37,02 e 36,00% em relação à dose de 400 kg N/ha/ano, para as alturas de corte de 30 e 40 cm, respectivamente, e em 51,85% em relação à aplicação de 200 kg N/ha/ano para as duas alturas de corte pesquisada. Como não houve precipitação no período de maio a agosto, e como as produções de massa seca apresentaram 4,33 t/ha com adubação mínima de 200 kg N/ha/ano, na altura de corte de 30 cm, e para a altura de 40 cm 3,66 t/ha e, na maior adubação, teve-se 9,00 t/ha e 8,33 t/ha, para as duas alturas de corte, 30 e 40 cm, respectivamente, considera-se que houve resposta à irrigação efetuada durante o período seco. As produções de massa seca, poderiam ter alcançado melhores respostas, possivelmente se não fossem as baixas temperaturas ocorridas neste período.

 

Tabela 2 – Produção de massa seca (PMS), concentração de nitrogênio (N), nitrogênio contido no tecido da planta (NC), eficiência da conversão do nitrogênio (ECN) e recuperação relativa do nitrogênio (RRN) do capim Tanzânia em duas alturas de corte, avaliado no período seco.

 

 

Variáveis

Tratamentos (kg N/ha/ano)

200

400

600

Altura de Corte (cm)

30

40

30

40

30

40

PMS (t/ha)

4,33 b

3,66 b

5,66 b

5,33 b

9,00 a

8,33 a

N (g/kg)

1,26 b

1,39 b

1,47 ab

1,58 b

1,66 a

1,82 a

NC (kg MS/ha)

57,00 b

53,50 b

88,83 b

85,00 b

152,70 a

152,13 a

ECN (kg/ha)

----

----

22,3 a

22,60 a

34,10 a

33,20 a

RRN (%)

----

----

2,30 b

2,37 b

4,80 a

4,95 a

Médias na linha diferem para tratamentos  (P<0,05) pelo teste Tukey.

 

A concentração de nitrogênio do capim Tanzânia tiveram aumento significativo (P<0,05) com as doses de nitrogênio nas duas alturas de corte. Entretanto, não houve diferença significativa (P>0,05) em relação às alturas de corte, nos dois períodos avaliados (Tabela 1 e 2).

Em relação ao NC, observa-se que as variações foram significativas (P<0,05) para as adubações nitrogenadas e que a interação não foi significativa(P>0,05) entre dose de nitrogênio e altura de corte, nos períodos das águas e seca. Observa-se que os valores de NC aumentaram de acordo com a elevação da adubação nitrogenada nas duas alturas de corte. No período das águas a quantidade de nitrogênio contido na planta foi maior do que o aplicado, indicando que as plantas provavelmente obtiveram nitrogênio da mineralização da matéria orgânica do solo ou do nitrogênio solúvel encontrado na solução do solo.

A RRN apresentou efeito significativo (P<0,05) nas adubações nitrogenadas de 400 e 600 kg/ha/ano, enquanto que entre as duas alturas não houve significância (P>0,05) para as doses de nitrogênio no período das águas. Observa-se um aumento da RRN em função da elevação da adubação nitrogenada nas duas alturas de corte, o mesmo foi encontrado por Fonseca et al (1984) trabalhando com coast-cross nas doses de 200, 300 e 400 kg de N/ha/ano com 32,6 e 44,7%, respectivamente. No período seco, a RRN não apresentou efeito significativo (P>0,05) para adubações nitrogenadas nas alturas de corte de 30 e 40 cm e também entre as duas alturas nos tratamentos aplicados. Observa-se que os valores determinados foram menores, quando comparado aos do período das águas, estes decréscimos provavelmente estejam correlacionados com a menor produção de massa seca, a redução das doses de nitrogênio aplicadas neste período, que em termos percentuais, correspondeu a 33,5% das doses totais, e também pelas possíveis formas de perdas, tal como a lixiviação e volatilização.

Não houve efeito significativo (P>0,05) da ECN para as adubações nitrogenadas nas duas alturas de corte, nos períodos das águas e seca. Foi observado um aumento da ECN à medida em que se elevou as doses de nitrogênio nas duas alturas de corte, isso indica que, provavelmente, ocorreu melhor aproveitamento do nitrogênio pelas plantas, o que explica o aumento na produção de massa seca.

 

CONCLUSÕES

            As alturas de corte de 30 e 40 cm não diferiram para as variáveis estudadas. A irrigação proporcionou uma diminuição da estacionalidade da produção, entretanto as temperaturas mínimas no período da seca foram limitantes para um maior potencial de produção. As melhores eficiências da conversão do nitrogênio foram verificadas com a aplicação da mais alta dosagem de nitrogênio.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁRFICAS

 

 CARVALHO, M. M.; SARAIVA, O. F.  Resposta do capim Gordura (Melinis minutiflora Beau.) a aplicação de nitrogênio, em regime de cortes. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 16, n. 5, p. 442-454, 1987.

 

 CECATO, U. ; MACHADO, A. O.; MARTINS, E. N. PEREIRA, L. A. F.  Avaliação da Produção e de algumas características da rebrota de cultivares e acessos de Panicum maximum Jacq. sob duas alturas de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 3, p. 660-668, 2000.

 

 FERREIRA, D. F.  Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windons versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos. Anais… São Carlos:UFSCar, 2000, p. 225-258.

 

 FONSECA, I.; FLORES, E.; PACHECO, O.  Fertilizacion nitrogenada em bermuda cruzada (Cynodon dactylon x Cynodon nlemfuensis) em suelos pardos grisaceos. Ciencia y Tecnica em la Agricultura, La Habana,v.7, n. 3, 1984, p. 55-62.

 

 SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C.  Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed. Viçosa: UFV, 2002. 235 p.