CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E VALOR NUTRITIVO DO CAPIM MOMBAÇA (Panicum maximum Jacq.) IRRIGADO SUBMETIDO A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO EM DUAS ALTURAS DE CORTE1

 

Susana Queiroz Santos Mello2, Aldi Fernandes de Souza França3, Antônio Fernando Bergamaschine4, Ana Cristina Lanna5

 

1Projeto financiado pelo CNPq

2 Doutoranda em Ciência Animal da Escola de Veterinária/UFG, e-mail: sqsmello@hotmail.com.br

3 Orientador Prof. Titular do Dep. Produção Animal da Escola de Veterinária/UFG, e-mail: aldi@vet.ufg.br

4 Co-orientador Prof. Titular do Dep. Zootecnia da FE – UNESP/Ilha Solteira - SP, e-mail: berga@bio.feis.unesp.br

5 Co-orientador Pesquisadora da EMBRAPA Arroz e Feijão, e-mail: aclanna@cnpaf.embrapa.br

 

RESUMO

 

Dada a importância das forragens na dieta dos ruminantes e considerando o capim Mombaça como uma espécie bastante difundida pela sua alta produção e bom valor nutritivo, o objetivo do presente trabalho será avaliar o efeito da adubação nitrogenada em doses crescente sobre as características produtivas e valor nutritivo do capim Mombaça em duas alturas residuais. O experimento será conduzido na EV/UFG. O delineamento será o de blocos casualizados com parcelas subdividas no tempo, constituindo oito tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos serão distribuídos em esquema fatorial 4 x 2, ou seja, quatro doses de nitrogênio (0; 100; 300 e 500 kg de N/ha) e duas alturas de corte (20 e 40 cm). É de se esperar como resultados, uma melhor caracterização da forragem avaliada, bem como um aumento da produtividade com a adubação nitrogenada nesse sistema irrigado. Em relação ao valor nutritivo, os resultados são de grande valia para subsidiar o sistema de produção animal, como também fornecer informações para a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Alguns riscos e dificuldades podem ocorrer durante avaliação experimental como interferência dos fatores climáticos, morte ou doença dos animais fistulados, danos nos equipamentos do laboratório de bromatologia e de irrigação.

 

PALAVRAS CHAVES: composição bromatológica, fracionamento, degradação

 

INTRODUÇÃO

 

As pastagens proporcionam uma forma mais prática e econômica de alimentação dos bovinos e como tais desempenham um papel de importância fundamental nos sistemas de produção de carne e/ou leite. A produção de forragem é um dos principais fatores capazes de afetar a produtividade de um sistema de pastejo, pois constitui a base de sustentação da pecuária do Brasil. A maioria das pastagens encontram-se na região dos Cerrados, que caracteriza-se por apresentar baixa fertilidade, alta acidez, exploração de maneira extrativista e, como conseqüência, em processo de degradação. 

A produtividade das pastagens tropicais é influenciada de forma marcante pela estacionalidade. Segundo ROLIM (1980) este fator tem sido apontado como um dos principais responsáveis pelos baixos índices de produtividade da nossa pecuária. Na tentativa de minimizar os efeitos da estacionalidade da produção forrageira e acabar com possíveis veranicos, a irrigação das pastagens tem sido implantada em inúmeras propriedades da região Centro-Oeste, principalmente na região de Cerrado como uma alternativa.

As condições de fertilidade do solo são igualmente decisivas para o desenvolvimento das forrageiras. De acordo com WERNER (1986), o nitrogênio é o principal nutriente para a manutenção da produtividade das gramíneas. 

No manejo da pastagem faz-se necessário encontrar equilíbrio entre produção de massa seca e qualidade. A estimativa do valor nutritivo das forragens é de grande importância prática, seja para permitir adequada suplementação de dietas à base de volumosos ou para fornecer subsídios ao melhoramento qualitativo de forrageiras.

Embora a literatura apresente alguns trabalhos sobre a produção e qualidade de forrageiras da espécie P. maximum, são reduzidas as informações quanto às características produtivas e valor nutritivo dessas forrageiras irrigadas e submetidas à adubação com doses crescentes de nitrogênio e cortadas em diferentes alturas de resíduo, dentro desse contexto expressa o objetivo do trabalho utilizando o capim Mombaça.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

O experimento estar sendo conduzido nas dependências da Fazenda Modelo da EV/UFG com o capim Mombaça (Panicum maximum Jacq.) irrigado por aspersão convencional. Os tratamentos constam de quatro doses de N (sulfato de amônio): (0; 100; 300 e 500 kg/ha) e duas altura de corte (20 e 40 cm). O plantio do capim foi a lanço em solo corrigido de acordo com a análise de solo. Após o estabelecimento da forrageira fez-se o corte de rebaixamento e em seguida a aplicação dos tratamentos.

Os cortes são realizados manualmente com tesoura de aço, utilizando-se o quadrado de um metro de lado, em seguida o material é encaminhado ao laboratório para pesagem da massa verde total, tomando-se duas sub-amostra que depois de pesadas são levadas a estufa de ventilação forçada a 55º C por um período de 72 horas, visando a determinação da produção de massa seca total, composição químico-bromatológica, fracionamento da proteína, carboidrato e da degradação in situ. A outra sub-amostra é utilizada para a avaliação da relação folha/colmo e matéria morta. Após a secagem, o material é moído, parte a 5mm de diâmetro para as determinações de degradação e o restante a 1mm para a composição químico-bromatológica e o fracionamento. 

Após os cortes de avaliação, as parcelas são uniformizadas com ceifadeira costal, retirando-se em seguida o material e, proceder-se a adubação nitrogenada e/ou potássica de manutenção.

Outras avaliações são realizadas como a produção de massa seca por kg de nitrogênio aplicado, altura da planta e taxa de crescimento. Na composição químico-bromatológica da planta inteira, proceder-se-á a avaliação dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria orgânica (MO), extrato etéreo (EE) e matéria mineral (MM), segundo SILVA & QUEIROZ (2002) e, os teores de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e lignina (LIG) utilizando a metodologia seqüencial descrita por VAN SOEST et al. (1991). Os teores de carboidratos totais (CHOT) e os carboidratos não fibrosos (CNF) serão obtidos de acordo com SNIFFEN et al. (1992). Os minerais serão avaliados segundo SILVA & QUEIROZ (2002).

O fracionamento da proteína e carboidratos totais (CHOT) será mediante a metodologia de SNIFFEN et al. (1992). A degradação da MS, PB e da FDN será utilizada a técnica do saco de náilon (MEHREZ & ORSKOV, 1977), nos tempos de 0, 6, 12, 24, 48, 72 e 96 h. Os resultados aplicados ao modelo de MEHREZ & ORSKOV (1977), obtendo-se a degradabilidade potencial, e ao modelo de ORSKOV & McDONALD (1979) a degradabilidade efetiva.

O delineamento será o de blocos casualizados com parcelas subdivididas no tempo com quatro repetições, e os resultados serão submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5%, utilizando o programa estatístico ESTAT 2.0.

 

RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS

 

O sistema de manejo e a época do ano influenciam na produção de massa seca e o valor nutricional de forma marcante nas pastagens tropicais, além de afetar as características de solo. Em vista desses fatos e com os tratamentos propostos, é de se esperar uma melhor caracterização da forragem avaliada, a qual é bastante difundida nas mais diversas regiões do país, principalmente no Centro-Oeste, onde as variações climáticas não são tão acentuadas como acontece no Sudeste e no Sul do país. 

Finalmente, espera-se que os resultados obtidos possam efetivamente, contribuir para consolidação da prática da irrigação e do manejo da adubação nitrogenada, em função da redução da estacionalidade produção de forragem e da melhoria do valor nutritivo, com reflexo positivo no sistema de produção animal.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEEHREZ, A. Z.; ORSKOV, E. R. A study of the artificial fiber bag technique for determining the digestibility of feeds in the rumen. Journal Agricultural Science, Cambridge. v. 88, n. 3, p. 645 – 650, 1977.

ORSKOV, E. R.; McDONALD, I. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements weighed according torate of passage. Journal Agricutural Science, v. 92, p. 499 – 503, 1979.

ROLIM, F.A. Estacionalidade da produção de forragem. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, 6, 1980, Piracicaba. Anais..., Piracicaba: FEALQ, 1980. p. 39 – 81.

SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed. Viçosa: UFV, 2002. 235 p.

SNIFFEN, C. J., et al. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability. Journal Animal Science, Champaign, v. 70, n. 11, 3562 – 3577, 1992.

VAN SOEST, P. J.; ROBERTSON, J. B.; LEWIS, B. A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and no starch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal Dairy Science, v. 74, p. 3583 – 3597, 1991.

WERNER, J. C. Adubação de pastagens. Nova Odessa, Instituto de Zootecnia, 1986, 49p.