CONTRIBUIÇÃO A APLICAÇÃO DO PROGRAMA APPCC (ANÁLISE DE
PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE) EM PRODUÇÃO DE ALFACE
Machado, S.S.1*;
Moura, C.J.2
1
Universidade
Federal de Goiás, simone_machado@hotmail.com
2
Universidade
Federal de Goiás, celso@agro.ufg.br
PALAVRAS-CHAVES: contaminação, perigo, metais
pesados.
RESUMO
Para controle
preventivo e funcional da contaminação na alface, que é um alimento amplamente
consumido, foi realizada a análise de perigos para o processo de produção em
uma empresa localizada no município de Aparecida de Goiânia – GO. As amostras
de alface, água, solo e adubo orgânico envolvidos na produção foram analisadas
quanto aos seguintes parâmetros: contagem de aérobios mesófilos totais,
coliformes totais, E.coli e Salmonella.
Foram ainda realizadas análise microscópica alface e análise de metais pesados
– chumbo, cádmio, cobre e cromo - nas amostras de alface. Os resultados
indicaram contaminação por aeróbios mesófilos entre 104 e 105,
para coliformes totais a contaminação foi inferior a 103 para todas
as amostras, as contagens de E.coli,
tanto da alface lavada como da alface sem lavar, estiveram abaixo do limite
estabelecido pela legislação federal, de 2,0 x 102 NMP/g, e todas as
amostras analisadas mostraram ausência de Salmonella.
Todas as amostras apresentaram também ausência de ovos e larvas de Helmintos e
Protozoários de importância clínica. As
análises de metais pesados indicaram que o teor de chumbo encontrado foi
elevado, quando comparado com outras fontes.
INTRODUÇÃO
Grande parte dos
organismos que causam enfermidades no homem são parte integrante da flora dos
solos, ar e água. As hortaliças podem ser contaminadas através do uso indevido
de produtos químicos, da água contaminada utilizada para irrigação, devido a
práticas inadequadas no campo e ainda durante as etapas pós-colheita, como
colheita e limpeza deficientes, infestação de insetos, transporte, distribuição
e exposição ä venda de forma imprópria. Essa contaminação é de difícil remoção,
já que o alimento é consumido cru. A utilização da ferramenta da garantia da qualidade já
bastante conhecida das indústrias de alimentos, o programa "APPCC -
Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle" garante a inocuidade de
produtos alimentícios. Com a implantação deste programa, há grande evidência,
de acordo com a literatura, de que o produto atenda a requisitos da segurança
alimentar.
OBJETIVO
Este trabalho teve
por objetivo a análise de perigos para o processo de produção de alface em uma
empresa, desde a preparação do solo até a expedição do produto.
MATERIAL E MÉTODOS
Na alface recém
colhida e no produto pronto para expedição foram coletadas amostras para
análises dos seguintes microrganismos: aeróbios mesófilos, coliformes totais e
fecais e Salmonella. As análises de aeróbios mesófilos e Salmonella
seguiram os métodos recomendados e regulamentados pela APHA (Vanderzant, 1992).
Para análise de Coliformes foi utilizado o método alternativo “Simplate
(CEC) para contagem de coliformes totais e E.coli”. No tanque de lavagem da
alface foram coletadas amostras para análises dos microrganismos aeróbios
totais e Coliformes totais e fecais, seguindo métodos recomendados e
regulamentados pela APHA (Vanderzant, 1992). A amostragem foi
coletada em uma única etapa, sendo uma amostra da água do tanque antes do
início da lavagem, uma amostra do tanque durante a lavagem e uma amostra do
tanque após a lavagem. No tanque de lavagem da alface foram coletadas amostras
para análises dos microrganismos aeróbios totais e Coliformes totais e fecais,
seguindo métodos recomendados e regulamentados pela APHA (Vanderzant, 1992).
Foram realizadas análises de pesquisa de ovos e larvas de Helmintos e
Protozoários de importância clínica, utilizando metodologia e amostragem
recomendados e regulamentados pela AOAC (1990). Amostras coletadas de pontos
pré-definidos, tendo como base a declividade do terreno foram analisadas quanto
a presença de chumbo, cádmio, cobre e cromo por absorção atômica em método
recomendado pela AOAC (1990).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 – Determinações microbiológicas da Alface logo após a
colheita sem lavagem, em que as amostras foram coletadas de pontos diferentes,
abrangendo toda a área de produção.
Amostra |
Microrganismos Mesófilos
Totais UFC/g |
Coliformes Totais NMP/g |
E. coli NMP/g |
01 |
3,0 x 105 |
7,4 x 103 |
Ausência |
02 |
1,8 x 105 |
2,4 x 103 |
Ausência |
03 |
1,24 x 105 |
7,4 x 102 |
6,0 x 101 |
04 |
1,7 x 105 |
3,4 x 103 |
6,0 x 101 |
05 |
1,3 x 105 |
7,4 x 103 |
6,0 x 101 |
06 |
1,3 x 105 |
0,4 x 103 |
Ausência |
07 |
4,0 x 104 |
1,1 x 103 |
Ausência |
08 |
5,3 x 104 |
0,4 x 103 |
Ausência |
09 |
1,5 x 105 |
2,9 x 103 |
Ausência |
10 |
1,9 x 105 |
2,0 x 103 |
Ausência |
As contagens para E.coli, tanto da alface lavada como
também da alface sem lavar estiveram abaixo do limite estabelecido pela
legislação federal, que é de 2,0 x 102 NMP/g (ANVISA, 2003). As
amostras da água utilizada no processo de lavagem da alface apresentaram
contagem de microrganismos mesófilos aeróbios na ordem de 103 UFC/g
e ausência de coliformes fecais. Todas as amostras do solo de cultivo, do adubo
“cama de frango” curtida utilizada como fertilizante no cultivo e de alface
apresentaram ausência de Salmonella.
Tabela 2 –
Determinações microbiológicas da Alface pós-colheita com lavagem prévia, em que
as amostras foram coletadas de pontos diferentes, abrangendo toda a área de
produção.
Amostra |
Microrganismos
Mesófilos Totais UFC/g |
Coliformes Totais NMP/g |
E. coli NMP/g |
Salmonella sp |
01 |
0,5 x 102 |
1,9 x 103 |
Ausência |
Ausência |
02 |
2,6 x 104 |
6 x 101 |
Ausência |
Ausência |
03 |
7,3 x 104 |
1,8 x 102 |
Ausência |
Ausência |
04 |
5,9 x 104 |
8,0 x 102 |
Ausência |
Ausência |
05 |
7,0 x 104 |
2,0 x 103 |
Ausência |
Ausência |
06 |
4,8 x 104 |
1,0 x 102 |
Ausência |
Ausência |
07 |
5,0 x 104 |
6,2 x 102 |
Ausência |
Ausência |
08 |
1,0 x 104 |
3,2 x 102 |
Ausência |
Ausência |
09 |
6,0 x 104 |
2,4 x 102 |
Ausência |
Ausência |
10 |
3,7 x 104 |
4,0 x 102 |
Ausência |
Ausência |
A
pesquisa de ovos e larvas de Helmintos e Protozoários de importância clínica
nas amostras de alface colhidas de pontos diferentes e lavadas imediatamente
após a colheita, apresentou resultado negativo para 100% das amostras. Dos
metais pesados avaliados nas amostras da alface in natura, o chumbo foi
encontrado nos teores de 0,68 a 1,80 mg/Kg da amostra, o cádmio não foi
encontrado em 100% das amostras, o cobre na ordem de 0,84 a 1,86 mg/Kg e o
cromo de 0,55 a 3,30 mg/Kg.
CONCLUSÃO
As avaliações da
produção estudada mostraram que as contagens para E.coli, tanto da
alface lavada como também da alface sem lavar estiveram abaixo do limite
estabelecido pela legislação federal, que é de 2,0 x 102 NMP/g e que todas as
amostras do solo de cultivo, do adubo “cama de frango” curtida utilizada como
fertilizante no cultivo e de alface apresentaram ausência de Salmonella,
descaracterizando, portanto, esses microrganismos como perigos. O perigo
potencial para a lavoura avaliada é o chumbo, que se encontra acima dos níveis
recomendados nacional e internacionalmente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANVISA, Agência Nacional
de Vigilância Sanitária. Legislação. Disponível em: < http://
www.anvisa.gov.br
> Acesso em: 01/03/2003.
A.O.A.C.
Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis.
15ª ed. Washington, 1990.
VANDERZANT, C.; SPLITSTOESSER, D. F. Compendium of methods for the microbiological
examination of foods. Washington: American Public Health Association, 1992. 3 ed.1219p.
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