GANHOS EM PRODUTIVIDADE NA CULTURA DA SOJA para o
estado de Goiás em 30 anos de pesquisa
Artiaga, S. R.1; Seraphin, J. C.2
1. Engenheiro Agrônomo, Doutorando em
Agronomia pela Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos – UFG, Área de
concentração: Produção Vegetal. Email: wolfish_man@hotmail.com
2. Professor do Departamento de Estatística, Instituto de Matemática e
Física, UFG, Campus Samambaia. Caixa Postal 131, CEP 74001970 Goiânia, GO.
Email: seraphin@mat.ufg.br
Palavras
Chave: Melhoramento genético, transferência de tecnologia, cultivares de soja,
rendimento médio.
No sentido de monitorar o acréscimo em produtividade
ao longo dos anos, vários autores desenvolveram métodos que permitem estimar a
contribuição do melhoramento genético em várias culturas (Vencovsky et al., 1988; Breseghello, 1995). No entanto, a
contribuição nos ganhos em produtividade devido às tecnologias relacionadas ao
sistema produtivo são pouco conhecidas. Silvey (1978) apresenta um método que
permite discriminar entre os ganhos anuais, o devido ao efeito da introdução de
novos cultivares do efeito dos fatores relacionados ao sistema produtivo.
Este trabalho, portanto, apresenta como objetivo
demonstrar o ganho em produtividade ao longo dos anos para a cultura da soja no
Brasil e Estado de Goiás, através de médias móveis. Apresenta ainda, um método
que permite discriminar entre os ganhos anuais, o devido ao efeito da
introdução de novos cultivares do efeito dos fatores relacionados ao sistema
produtivo.
Material e Métodos
A partir dos dados obtidos através da FAO - Food and
Agriculture Organization of the United Nations (http://www.fao.org./stat), Agência Rural (http://www.agenciarural.go.gov.br/inform_levant_safra_mar.htm) e IBGE (1992), para o Brasil a partir de 1960 e
Goiás entre 1973 e 2004, as respectivas médias móveis estimadas “”, segundo Farnun & Stanton (1989), no ano “t + p”,
foram obtidas por:
(1)
para
“t = k,..., n +1”, com “n” correspondendo ao total de elementos da série e “k”
se referindo à amplitude do intervalo de observações que participam do cálculo
da média móvel. Neste caso os valores assumidos foram p=1, k=5.
As
médias móveis posteriormente serão utilizadas na metodologia proposta por
Silvey (1978), onde o valor estimado do efeito da introdução de novos
cultivares (Mt+p) é dado por:
(2)
onde,
“It+p” é o índice de
produtividade para o ano “t + p”, obtido utilizando-se cultivares controle (de
menor interação Genótipo x Ambiente) provenientes dos ensaios finais, a cada
ano; “It” é o índice de
produtividade correspondente ao ano anterior a “t + p”; “p” é a amplitude do
intervalo entre as médias móveis estimadas.
Um método alternativo proposto, se refere à obtenção
do valor estimado devido ao efeito da introdução de novos cultivares (2),
diferindo quanto à estimação de “It+p”, que passa a ser “”, representando o índice de produtividade para o ano “t +
p”, obtido utilizando-se todos os cultivares testemunhas dos ensaios finais, a
cada ano.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através das medias móveis obtidas, pode-se observar a
contribuição tanto do melhoramento genético no desenvolvimento de cultivares
com período juvenil longo pela EMBRAPA Soja para a ocupação (Dall’Agnol, 2004), como das tecnologias
relacionadas ao sistema de produção pela EMGOPA para o estabelecimento desta
cultura no Centro Oeste brasileiro, principalmente no Estado de Goiás, no que
se refere ao aumento da produtividade ao longo dos anos (Figura 1). Tecnologias
estas, que foram desenvolvidas de acordo com as características edafoclimáticas
das regiões produtoras do Estado de Goiás, que o conduziram a um lugar de
destaque entre os maiores produtores de soja do Brasil. Estas duas linhas de
pesquisa permitiram que a produtividade média do estado superasse a
produtividade média nacional, como pode ser observado entre 1984 a 1995 e a
partir de 1998 até a safra de 2003 (Figura 1). Entretanto, não se pode afirmar,
ainda, o quanto cada uma delas contribuiu para o aumento de produtividade ao
longo dos anos.
Figura 1. Médias
Móveis para produtividade (kg.ha-1) da cultura da Soja no Brasil
(ê) a partir de 1960 e no Estado de
Goiás (O), entre 1973 e 2004.
Os dados necessários para obter os índices que
permitem discriminar entre os efeitos da introdução de novos cultivares, pelas
metodologias expostas em (2), estão em fase final de coleta. Dados estes que
estão sendo disponibilizados pela EMBRAPA CTPA e AGROSEM – Ministério da
Agricultura, para que, posteriormente, as respectivas contribuições devido à
introdução de novos cultivares melhoradas, dos fatores relacionados ao sistema
produtivo desenvolvido para a cultura da soja no Estado de Goiás entre 1973 e
2004, possam ser identificadas.
Breseghello, F. Ganhos
para produtividade pelo melhoramento genético do arroz irrigado no nordeste do
Brasil. 1995. 93 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Escola de
Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.
Dall’Agnol, A. Current status of soybean
production and utilization in Brazil. In: VII World Soybean Research
Conference, IV International Soybean Processing and Utilization Conference, III
Brazilian Soybean Congress, Proceedings, 10., 2004, Foz do Iguaçú – PR, Brasil.
Anais… Londrina: EMBRAPA SOJA, 2004. p.
1344.
Farnum, N.R.; Stanton, L.W. Quantitative forecasting methods. PWS-KENT Publishing Company,
Boston. 1989. 573 p.
IBGE.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. Rio de Janeiro,
1992. p. 54-5.
Silvey, V. The contribution of new varieties to increasing cereal yields in
England and Wales. Journal of the National Institute of Agricultural
Botany. 14: 367-384. 1978.
Vencovsky, R.; Moraes,
A.R.; Garcia, J.C.; Teixeira, N.M. Progresso genético em
vinte anos de melhoramento do milho no Brasil. In: Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 16, 1986, Belo Horizonte. Anais.
Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 1988. p. 300-306.
FONTE
FINANCIADORA
Bolsa de Doutorado fornecida pela Universidade Federal
de Goiás