Luciane Gonçalves Pontes (lucianegk@bol.com.br) Mestranda da UFG.

Profª. Drª Agustina Rosa Echeverría (agustina@química.ufg.br) Docente pesquisadora do Mestrado em Química e do Doutorado em Ciências Ambientais da UFG.

Palavras-chave: embalagens descartáveis, resíduos sólidos domiciliares, educação ambiental.

Introdução

O aumento da produção, do uso e do descarte de uma diversidade de objetos dos mais variados tipos de materiais tem proporcionado a geração indiscriminada de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, que poluem desde o solo até a nossa atmosfera.

Dentre os resíduos sólidos destacam-se as embalagens com crescente participação na composição do lixo urbano.

Atualmente, uma infinidade de embalagens é produzida com características específicas para cada tipo de produto.

Ainda que sejam necessárias para a comercialização e aquisição de produtos, as embalagens pós-consumo quando dispostas de forma inadequada, acumulam-se no ambiente causando graves ameaças à vida no planeta, onde os riscos ambientais e epidemiológicos aumentam com o elevado tempo de decomposição de alguns materiais e a escassez de áreas para a disposição final e tratamento.

Os materiais plásticos utilizados nas embalagens descartáveis vêm substituindo nos últimos anos os diversos materiais tradicionais. O plástico uma vez que possuem elevado tempo de decomposição, contribuem para agravar os problemas sócio-ambientais, pois: quando dispostos inadequadamente no meio ambiente contribuem para a poluição do solo, da água e do ar. A sua queima indiscriminada gera gases tóxicos trazendo sérios prejuízos às pessoas e ao meio ambiente, e quando dispostos em aterros dificultam sua compactação e prejudicam a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis.

A crescente utilização de produtos descartáveis e o desperdício são fatores que agravam a produção de lixo em todo o mundo.

Sabendo que a embalagem é um componente fundamental dos produtos de consumo e que constitui um importante componente do lixo urbano, surge a preocupação com o aumento de sua utilização, principalmente das descartáveis oferecidas nas redes de supermercados.

Objetivos

A presente pesquisa tem como objetivo final apontar estratégias de Educação Ambiental que visem à sensibilização, compreensão e responsabilidade frente à utilização e o descarte das mesmas. E para alcançar este objetivo fez-se necessário conhecer a visão do consumidor sobre as embalagens descartáveis oferecidas nas redes de supermercados de Goiânia.

Metodologia

A presente pesquisa, de abordagem fenomenológica, buscou conhecer a visão do consumidor sobre as embalagens descartáveis oferecidas nas redes de supermercados da cidade de Goiânia. A coleta de dados foi feita utilizando um formulário de 18 questões respondido por 292 consumidores em 97 supermercados de 34 bairros do município de Goiânia.

Os dados desta investigação foram construídos a partir da análise dos formulários aplicados, buscando estabelecer uma relação dialética com os referenciais teóricos estudados. Primeiramente foi feita a tabulação dos dados e posteriormente foram criadas categorias de análises. Para o tratamento dos dados foi utilizado o programa Excel.

Resultados e discussão

Os resultados mostraram que 60% dos consumidores têm preferência por embalagens plásticas, principalmente por que não quebram, por serem de fácil manuseio e serem leves.

É importante destacar que 142 (49%) consumidores afirmaram não ter observado nenhuma mudança com relação às embalagens descartáveis oferecidas nas redes de supermercados. Isso demonstra que em geral os consumidores, na correria do dia-a-dia pela falta de tempo da acelerada vida moderna, não estão atentos às mudanças que vêm ocorrendo com relação às embalagens.

Apenas 53 (18%) dos consumidores observaram que o plástico está substituindo diversos materiais tradicionais como: o vidro, o papel e as latas de alumínio.

Quando perguntamos se seria possível reduzir o uso de embalagens descartáveis oferecidas nas redes de supermercados, 179 (61%) consumidores disseram não ser possível reduzir. Para 55 (19%) deste, a embalagem descartável é a atual maneira de embalar as mercadorias.

Para 18% a tendência é aumentar o uso de embalagens descartáveis porque são mais práticas e é o que a maioria das pessoas prefere.

Constatou-se que 57% dos consumidores entrevistados reutilizam embalagens. Destes, vale ressaltar que 39% reutilizam para acondicionar desde alimentos até lixo, 9% para reaproveitar e/ou reciclar e apenas 3% disseram para contribuir com o meio ambiente.

Quarenta por cento dos consumidores não acham ser útil ou necessário reutilizar embalagens. A fala de vários destes consumidores comprova a falta de compreensão e compromisso com relação à utilização e descarte de embalagens.

Para 34% de consumidores o aspecto positivo na utilização de embalagens é que as embalagens por serem de fácil manuseio e descartáveis são mais práticas.

Ainda com relação aos aspectos positivos, é preocupante observar nas falas de muitos consumidores a falta de conhecimento e informação a respeito dos materiais descartáveis.

Dos consumidores abordados 31% não sabem dizer qual o aspecto negativo na utilização das embalagens e apenas 20% acham que provocam algum tipo de degradação ao meio ambiente.

Grande parte dos consumidores, 53%, disseram que a embalagem lhe influência na escolha por um produto.

Conclusões

Os resultados preliminares mostram que em síntese falta aos consumidores maior informação quanto à utilização e descarte das embalagens, há pouca preocupação ambiental e boa parte dos consumidores não está atenta quanto às mudanças ocorridas em relação às embalagens.

Em geral, os consumidores não estão preocupados com relação à utilização das embalagens descartáveis e seus efeitos no meio ambiente, seja pela falta de informação, conhecimento, e compreensão, ou pela falta de comprometimento com as questões sócio-ambientais nos quais estão envolvidos.

Visto que a tendência é o aumento na produção, uso e descarte de embalagens, fazem-se necessárias e urgentes ações de educação ambiental formal e não formal aos diferentes segmentos da população.

Acreditamos que a Educação Ambiental é o instrumento fundamental para a percepção e conscientização dos problemas sócio-ambientais decorrentes da utilização das embalagens descartáveis.

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