Título: Níveis de ativação das MAP Quinases ERK 1/2 no intestino delgado de eqüinos submetidos à isquemia e reperfusão.

Autor: Luciana Ramos Gaston Brandstetter

Orientador: Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo

Unidade acadêmica: Escola de Veterinária- UFG

e-mail autor: lubrands@yahoo.com.br

e-mail orientador: earaújo@vet.ufg.br

Palavras-chave: imunohistoquímica, reperfusão, intestino, eqüinos.

Introdução:

Conforme a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil- CNA, o Brasil possui o terceiro maior rebanho eqüino do mundo, com 5,9 milhões de cabeças, segundo números da FAO (Food and Agriculture Organization. Com esses números, a criação e comercialização de cavalos transformou-se num negócio para muitos, ocupando diretamente mais de 500 mil pessoas no País.

A síndrome cólica é uma preocupação constante no âmbito da criação de eqüinos do mundo inteiro. Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que aproximadamente 4% dos cavalos apresentam um episódio de cólica anualmente com índice de fatalidade de 11% (TRAUB-DARGATZ et al., 2001).

Entre os inúmeros mecanismos fisiopatológicos da cólica eqüina, a obstrução por estrangulamento constitui uma das principais causas de óbito. Trata-se de um processo que cursa simultaneamente com a oclusão do lúmen intestinal e da vasculatura, resultando em lesão isquêmica da mucosa (GERARD et al., 1999; WHITE et al., 1980). A viabilidade das células é dependente da manutenção do fluxo sanguíneo adequado para que haja suprimento de oxigênio e remoção de metabólitos. Se o fluxo sanguíneo é reduzido a níveis inferiores aos necessários para manter a viabilidade celular o metabolismo celular é comprometido e ocorrem mudanças tanto na estrutura celular como em sua função. As células da mucosa epitelial do intestino são altamente dependentes de energia e caso haja redução no suprimento sanguíneo e na oxigenação dos tecidos, pode ocorrer rápida formação de lesão e morte (MOORE et al., 1995).

A correção cirúrgica do intestino delgado estrangulado é seguida de lesão celular adicional que vai ocorrer quando a obstrução é corrigida e há reperfusão do tecido isquêmico (DABAREINER et al., 1993). O conceito de injúria de reperfusão se baseia em achados experimentais nos quais a lesão de mucosa se intensifica após a reperfusão da área isquêmica. (ZIMMERMAN & GRANGER, 1990).

Existem grandes evidências de que as MAP (Mitogen Activated Protein) quinases são ativadas durante a isquemia e/ou reperfusão e podem contribuir com mudanças estruturais e funcionais do órgão afetado (ABE et al., 2000).

As MAP quinases (MAPK) são ativadas em resposta à uma variedade de estímulos extracelulares. As três principais MAPKs que participam do mecanismo de sinalização, incluindo a via ERK, via MAPK p38 e JNK têm sido identificadas nas células dos mamíferos (YUE et al., 2000). A ativação da p38 e JNK estão geralmente associados com apoptose, enquanto ERK 1/2 ativadas possuem função protetora, ou seja inibir a atividade da apoptose (CROSS et al., 2000; YUE et al., 2000).

Materiais e métodos

Serão utilizados oito animais da espécie eqüina, sem raça definida, fêmeas e machos, adultos, com peso corpóreo variando entre 350 e 450 Kg, divididos em dois grupos.

Grupo A (controle): animais anestesiados que não serão submetidos à isquemia e reperfusão intestinal;

Grupo B (experimental): animais submetidos à isquemia e reperfusão intestinal.

A indução anestésica dos animais será obtida utilizando xilazina (Dorcipec, Vallée S/A), quetamina (Dopalen, Vetbrands Brasil LTDA) e éter gliceril guaiacol (EGG, Farmos Indústria e Comércio Ltda). Na manutenção da anestesia será utilizado halotano (Halotano, Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda) e oxigênio. Os animais serão posicionados em decúbito dorsal.

Será realizada uma incisão na linha alba cranial à cicatriz umbilical. O intestino delgado será identificado e exteriorizado. Um segmento de 30 cm a partir da porção distal do jejuno assim como a artéria e veia jejunais responsáveis pelo suprimento sanguíneo do segmento serão identificados e isolados na porção proximal à ramificação na arcada mesentérica. Pinças vasculares serão posicionadas na artéria e veia mesentéricas, provocando oclusão desses vasos.

Tubos de látex serão colocados nas extremidades do segmento isolado ocluindo o lúmen e a vasculatura extra mural, evitando assim, a formação de circulação colateral.

A isquemia terá duração de 60 minutos. Em seguida as pinças serão removidas bem como os tubos de látex e o segmento intestinal permanecerá em reperfusão por 2 horas.

Inicialmente serão colhidas amostras de intestino delgado íntegro antes da oclusão dos vasos. Também serão colhidas amostras do segmento intestinal isolado aos 60, 90 e 120 minutos após a reperfusão. Os fragmentos contemplarão tecido de mucosa a serosa e serão imediatamente acondicionados em nitrogênio líquido na sala de cirurgia, e em seguida serão encaminhadas ao laboratório onde permanecerão conservadas a -80°C até serem processadas.

As amostras serão estudadas através de testes de imunohistoquímica com emprego de anticorpos que reconhecem especificamente as formas fosforiladas das quinases e anticorpos contra a fosfatase.

Como a aplicação dos resultados é uma comparação entre dois tratamentos, sendo as variáveis qualitativas, será utilizado um teste não paramétrico podendo ser o teste exato de Fisher ou o teste de Sinal, dependendo das circunstâncias observadas.

Resultados esperados

O estudo do nível de ativação das MAP quinases poderá auxiliar na determinação de mecanismos bioquímicos de ação terapêutica de drogas utilizadas como preventivo de lesões de isquemia e reperfusão intestinal em eqüinos.

Referência bibliográfica

Fontes financiadoras

1 - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) – Edital Universal 01/2002,

2 - Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE) da UFG.