USO DOS FITOTERÁPICOS AZADIRACHTA INDICA (NEEM) E MELIA AZEDARACH (CINAMOMO) NO CONTROLE DO BOOPHILUS MICROPLUS EM VACAS LEITEIRAS
Autores: LINO, L.C2; ROCHA, C.G3; OLIVEIRA, V.S.F2; AMARAL, A.G.4; SOUZA, R.G.L.3; GONÇALES, S.F.3; OLIVEIRA, C.C.5; NEVES, B.P.6; HEINEMANN, A.B.7 ; PACIULLO, D.S.C.8.; MADUREIRA, A.P.8; MACEDO, R.O.8
Fonte Financiadora: Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo Centro-Oeste
2 Bolsista de Apoio Técnico SECTEC/CNP (luanalino@ibest.com.br)
3 Bolsista de Iniciação científica SECTEC/Cnpq
4 Mestranda do curso de Ciência Animal (alliny@cnpaf.embrapa.br)
5 Veterinário da Agência Rural
6 Pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão
7 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite/Núcleo Centro-Oeste . (alexbh@cnpaf.embrapa.br)
8 Bolsista DCR/CNPq – Embrapa Gado de Leite/Núcleo Centro-Oeste
Palavras-chave: neem, cinamomo, controle de carrapatos.
Introdução
O carrapato dos bovinos (Boophilus microplus) é amplamente conhecido como um dos principais ectoparasitos que causam grandes prejuízos econômicos à pecuária brasileira (US$ 2 bilhões por ano, Grisi et al., 2002) devido à queda na produção de leite e carne, danos ao couro, além da transmissão de enfermidades como a Babesiose (Babesia bovis) e Anaplasmose (Anaplasma marginali). Assim o uso indiscriminado de produtos químicos eleva os custos, ocasionando uma seleção e proliferação de carrapatos resistentes às bases químicas, além da poluição ambiental e da elevada quantidade de resíduos nos produtos. Em busca de uma agropecuária sustentável, o uso da Azadirachta indica e da Melia azedarach tem sido apontado como alternativa viável no controle de ectoparasitos (Martinez, 2002). O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de extratos da Azadirachta indica e da Melia azedarach no número de carrapatos em vacas leiteiras.
Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido na Fazenda Capivara, localizada na Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo Centro–Oeste da Embrapa Gado de Leite. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sob três tratamentos (1-Água; 2- Melia azedarach e 3 - Azadirachta indica) com sete repetições (vacas). Utilizou-se 21 vacas em lactação da raça Girolando, com peso vivo médio de 507 ± 64 kg. As folhas foram colhidas e secas à 30°C em estufa de ventilação forçada por 72 horas. Após a secagem, foram moídas e imersas em água na concentração de 100g/2,5 litros durante 8 horas, filtrando-se para pulverização nos animais (Neves, 2003). As folhas apresentaram um teor médio de matéria seca de 90,7% para Azadirachta indica e de 86,3% para Melia azedarach. Foram realizadas cinco contagens, no dia zero e a partir daí a cada sete dias. Efetuou-se duas pulverizações de 2,5 litros do extrato por animal, com bomba-costal, após a primeira e segunda contagens. As contagens dos carrapatos foram obtidas com auxílio de quadrado de 10 x 10 cm (100 cm2) em cinco áreas no corpo do animal: flanco esquerdo e direto, tábua do pescoço esquerda e direita e inserção do úbere. Os dados foram submetidos à testes de normalidade e heterogeneidade de variância, não sendo considerados normais foram submetidos a uma transformação (raiz quadrada mais um). Foi realizada a análise de variância com o programa estatístico, e as médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5%.
Resultados e Discussão
O tratamento controle (água) demonstrou o comportamento natural do ciclo biológico dos carrapatos ao longo do período experimental, denotando um aumento no número de carrapatos durante a segunda contagem. Porém na quarta contagem observou-se a queda natural aos 21 dias (ovoposição) e a partir da última contagem houve uma tendência de reinfestação, ou seja, um novo ciclo biológico (Fig. 1).
A Melia azedarach apresentou o mesmo comportamento da Azadirachta indica até a segunda contagem. Entretanto, na terceira contagem houve um aumento no número de carrapatos, demonstrando uma reinfestação (ambiente), podendo indicar a baixa eficiência da Melia azedarach no controle de carrapatos em relação a Azadirachta indica (Fig. 1).
Sendo um produto natural a Azadirachta indica apresentou resultado bastante satisfatório (60%) na diminuição do número de carrapatos em relação aos demais tratamentos (Fig. 1). Observou-se o efeito a partir da segunda contagem (cerca de 50%) e permanecendo constante ao longo das avaliações experimentais. Na quarta avaliação houve a queda natural das fêmeas de carrapatos (ciclo biológico), permanecendo em menor número até a quinta avaliação, demonstrando um maior poder residual do que a Melia azedarach, nas condições experimentais.
Esses resultados corroboram com os encontrados por Rocha et al. (2004) quando trabalharam com Azadirachta indica "in vitro"; mas se diferem dos encontrados por Saueressig (2002) que não mostrou efeito da Azadirachta indica para o controle de carrapatos "in vitro".
Conclusões
A Azadirachta indica (Neem) apresentou maior eficiência no controle dos carrapatos. Apesar de ser um produto biológico demonstrou 60% na redução do número de carrapatos.
Para se atingir resultados satisfatórios e promover a transferência da tecnologia, serão necessárias mais pesquisas em relação às concentrações e freqüência de aplicações.
Referências Bibliográficas
Figura 1. Percentagem de carrapatos remanescentes durante o período experimental.