OCORRÊNCIA DE MASTITE CLÍNICA E SUBCLÍNICA EM VACAS

PRIMÍPARAS DA RAÇA HOLANDESA

 

COELHO, K.O1.; MACHADO, P.F2.; CASSOLI, L.D4.; NICOLAU, E.S3.; SANTOS, P.A1.; REIS, A.P1.; ARRUDA, M.LT1.; MESQUITA, A.J3.

 

1 Aluna do Curso de Pós-graduação em Ciência Animal EV/UFG. kocoelho@hotmail.com.br

2 Professor Dr. do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ.

3 Professor Dr. do Departamento de Medicina Veterinária EV/UFG.

mesquita@vet.ufg.br

4 Aluno do Curso de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens da USP/ESALQ.

Palavras-chave: qualidade do leite, bovinos, novilhas, contagem de células somáticas.

Introdução

A mastite é a principal doença que afeta os rebanhos leiteiros em todo mundo, sendo responsável por várias perdas, representadas pela redução na produção de leite, descarte de leite, custo de reposição de animais, mão-de-obra extra, tratamento, serviços veterinários e perda de valor para produção de derivados (LAFFRANCHI et al., 2001).

Produtores e técnicos, normalmente, adotam medidas preventivas para as vacas em lactação, considerando os animais jovens refratários à infecção (HALLBERG et al., 1995). Os primeiros relatos de mastite em vacas primíparas foram descritos no decorrer das décadas de vinte e trinta, mas somente as pesquisas realizadas a partir dos anos 70 evidenciaram sua importância, principalmente no que se concerne à redução na produção de leite (LAFFRANCHI et al., 2001).

No Brasil, os primeiros trabalhos que relataram a ocorrência de infecções intramamárias em vacas primíparas foram realizados nos Estados de São Paulo e Paraná (COSTA et al.,1996; PARDO et al., 1998).

As infecções na glândula mamária de animais jovens podem afetar a diferenciação das células secretoras. HALLBERG et al. (1995) estudaram cortes histológicos do tecido secretor de vacas primíparas com mastite e observaram menor área de epitélio alveolar, aumento de estroma e infiltração de leucócitos, o que pode levar a uma redução na vida produtiva futura dos animais.

Diante do exposto, constituíram objetivos deste trabalho determinar a ocorrência de mastite clínica e subclínica, durante os primeiros seis meses de lactação em vacas primíparas da raça Holandesa.

Material e Métodos

No estudo foram utilizados dados sanitários de 189 vacas primíparas da raça Holandesa, pertencente a um rebanho, localizado no município de Araras, Estado de São Paulo. As observações colhidas foram referentes aos animais que pariram no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2002.

As primíparas foram mantidas no mesmo lote, até o final da lactação. Os animais foram criados em sistema "free-stalls", que possuíam ventiladores e aspersores, acionados automaticamente quando a temperatura ultrapassava os 23°C. A alimentação foi fornecida 8 vezes ao dia, sendo a primeira refeição às 5:00h e a última, às 21:00h. A dieta adotada foi total e única, formulada conforme indicações do NRC (1998).

Foram realizadas três ordenhas diárias, em sala informatizada. Colheram-se amostras de todos os animais, após o 10º dia de lactação, sempre na ordenha da manhã. O leite foi transferido diretamente do medidor para os frascos de colheita, com capacidade para 60 mL, contendo "bronopol" como conservante (IDF, 1996). Após homogeneização, as amostras foram enviadas ao laboratório de Fisiologia da Lactação, da Clínica do Leite, Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/USP.

O diagnóstico da mastite subclínica foi realizado por meio da determinação da contagem de células somáticas, CCS no máximo até 3 dias após colheita das amostras. A CCS foi determinada por citometria de fluxo em equipamento Somacount 300Ò . Considerou-se como infecção animais com CCS superior a 200mil células/mL.

A avaliação da ocorrência de mastite clínica foi realizada até os 60 dias após o parto. Considerou-se como métodos auxiliares de diagnóstico as alterações no leite, na glândula mamária e no exame geral dos animais. As ocorrências foram registradas no "Software Agenda" da Clínica do Leite (USP/ESALQ). Os registros foram realizados considerando ocorrência=1 ou não-ocorrência=0. Assim, apenas a primeira caso foi considerado.

Resultados e Discussão

Das 189 vacas primíparas avaliadas nos primeiros 60 dias do pós-parto, 12,2%, 23 animais, apresentaram mastite clínica e 21,7%, 41 animais, mastite subclínica, Tabela 1.

TABELA 1- Ocorrência de mastite clínica e subclínica em vacas primíparas da raça Holandesa, no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2002 no município de Araras, Estado de São Paulo.

Forma de manifestação

Ocorrência

Percentual (%)

Mastite clínica

23 animais

12,2

Mastite subclínica

41 animais

21,7

Considerando a ocorrência de mastite clínica, dados semelhantes aos deste trabalho, foram observados por LAFFRANCHI et al. (2001), os pesquisadores encontraram índices de 10,23% de animais infectados em rebanhos leiteiros dos Estados do Paraná e São Paulo. Índices elevados, 29,0%, foram registrados por TRINIDAD et al. (1990) em rebanhos norte-americanos. PARDO et al. (1998), no Brasil, verificaram sinais de mastite clínica em 20,5% das vacas.

Quanto à ocorrência de mastite subclínica ressalta-se que o nível é significativo 21,7%, sendo a média de CCS de 243 mil células/mL.

5 Conclusões

A alta ocorrência de infecções intramamárias nas vacas primíparas, justificando a necessidade de adoção de medidas preventivas e de controle para as novilhas no pré e pós-parto.

Referências Bibliográficas

 

COSTA, E.O., MELVILLE, PA, RIBEIRO, A.R. Prevalence of intramammary infections in primigravid Brazilian dairy heifers. Preventive Veterinary Medicine, v.29, p.151-155,1996.

HALLBERG, J.W., DAME, K.J., CHESTER, S.T. The visual appearance and somatic cell count of mammary secretions collected from primigravid heifers during gestation and early postpartum. Journal of Dairy Science, v.78, p.1629-1636, 1995.

IDF - INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION. IDF Standard Method n.º 141b.1996. Whole milk determination of milk fat, protein and lactose content. IDF Committee, Brussels, Belgium.

LAFFRANCHI, A, MULLER, E.E, FREITAS, J. Etiologia das infecções intramamárias em vacas primíparas ao longo dos primeiros quatro meses de lactação. Ciência Rural, v.31, n.6, p.1027-1032, 2001.

N.R.C. Nutrient Requirements of Dairy Cattle - National Academy of Science, National Academy Press, Washington, D.C., 1998.

PARDO, P.E., METTIFOGO, E., MULLER, E.E. Etiologia das infecções intramamárias em vacas primíparas no período pós-parto. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.18, n.3-4, p.115-118, 1998.

TRINIDAD, P., NICKERSON, S.C., ALLEY, T.K. Prevalence of intramammary infection and teat canal colonization in unbred and primigravid dairy heifers. Journal of Dairy Science, v.73, p.107-112, 1990.

Fonte de financiamento: CNPq e FAPESP.