Análise semiquantitativa da saponina protodioscina no ciclo vegetativo de B. brizantha e B. decumbens

BRUM, K. B.1; HARAGUCHI M.2; GARUTTI, M. B.2, NÓBREGA, F. N.2; ROSA, B1; FIORAVANTI, M. C. S1

1Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, 2Instituto Biológico. E-mail: kbbrum@ig.com.br

PALAVRAS CHAVE: Brachiaria sp, saponinas esteroidais, protodioscina, fotossensibilização

Introdução

Brachiaria brizantha e Brachiaria decumbens têm sido descritas como causadoras de fotossensibilização hepatógena em ruminantes. Inicialmente a enfermidade foi atribuída ao fungo Pithomyces chartarum, mas estudos recentes sugerem ser as saponinas esteroidais contidas nas forrageiras os princípios tóxicos responsáveis pela fotossensibilização (MEAGHER et al., 1996; CRUZ et al., 2000; CRUZ et al., 2001). Recentemente, HARAGUCHI et al. (2003) identificaram protodioscina, uma saponina de natureza esteroidal, nas folhas de B. decumbens.

Objetivo

O presente trabalho tem por objetivo apresentar os teores da saponina esteroidal protodioscina em B. brizantha e B. decumbens durante as fases do ciclo vegetativo.

Material e Métodos

As colheitas das partes aéreas de B. brizantha e B. decumbens foram realizadas nas fases de crescimento, floração, frutificação e queda da semente, em seguida, secadas e moídas. O pó das plantas de cada fase (10g) foi extraído em etanol e fracionado por partição butanol/água (2:1). A fração butanólica, onde se encontra a saponina, foi submetida à cromatografia de camada delgada (CCD) em sílicagel, desenvolvida em clorofórmio, metanol e água (64:36:8) e as manchas foram visualizadas através de revelação com solução de ácido sulfúrico e reativo de Ehrlich. A curva analítica e os níveis de protodioscina nas braquiárias foram obtidos pelo método espectrofotométrico descrito, usando reagente de Ehrlich em 515nm (GJULEMETOWA et al., l982).

Resultados e discussão

Os cromatogramas em CCD da fração butanólica de B. brizantha e B. decumbens de cada fase do ciclo vegetativo apresentaram manchas similares ao padrão de protodioscina (Rf 0,35), através da revelação com reativo de Ehrlich. A absorbância medida foi linearmente proporcional à concentração da saponina, no intervalo de 0,1 a 0,4 mg/ml, conforme a expressão A=0,3914c+0,006, r2= 0,9952, onde A é a absorbância e c a concentração de protodioscina. Assim, o teor estimado de protodioscina em B. brizantha e B. decumbens nas fases de crescimento foi de 0,53% e 0,92%, de floração de 1,03% e 0,95%, de frutificação de 0,82% e 0,82%; e finalmente na fase de queda da semente de 2,09% e 1,94%, respectivamente (Figura 1).

O resultado da cromatografia da fração butanólica de B. brizantha e B. decumbens de cada fase do ciclo vegetativo indicam tratar-se de saponina esteroidal do tipo furostanólico, identificada recentemente (HARAGUCHI et al., 2003).

Conclusão

Devido à presença de elevado teor de saponina esteroidal na fase final da reprodução do ciclo vegetativo de B. brizantha e B. decumbens em relação às outras fases, pode-se sugerir que, possivelmente, essa é a fase das plantas onde seria mais provável a ocorrência da intoxicação em ruminantes, nessas pastagens estudadas.

Referências Bibliográficas

CRUZ, C.; DRIEMEIER, D.; PIRES, V. S.; COLODEL, E. M.; TAKETA, A. T. C.; SCHENKEL E. P. Isolation of steroidal sapogenins implicated in experimentally induced cholangiopathy of sheep grazing Brachiaria decumbens in Brazil. Veterinary and Human Toxicology, Manhattan, v. 42, n. 3, p. 142-145. 2000.

CRUZ, C.; DRIEMEIER, D.; PIRES, V. S.; SCHENKEL E. P. Experimentally induced cholangiopathy by dosing sheep with fractionated extracts from Brachiaria decumbens. Veterinary Diagnostic Investigation, Columbia, n. 13, p. 170-172. 2001.

GJULEMETOWA, R.; TOMOWA, M.; SIMOWA, M.; PANGAROWA, T.; PEEWA, S. Űber die Bestimmung von Furostanolsaponinen im Präparat Tribestan®. Pharmazie, Aulendorf, v. 37, p. 296. 1982.

HARAGUCHI, M.; CUNHA, H.A.; MIMAKI, Y.; BRUM, K.B.; LEMOS, R.A.A; YOKOSUKA, A.; SASHIDA, Y. Furostanol glicosídicos nas folhas de Brachiaria decumbens. 26ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Poços de Caldas. 2003.

MEAGHER, L.P.; MILES, C.O.; FAGLIARI, J.J. Hepatogenous photosensitization of ruminants by Brachiaria decumbens and Panicum dichotomiflorum in the absence of sporidesmin: lithogenic saponins may be responsible. Veterinary and Human Toxicology, Manhattan, v. 38, n. 4, p. 271-274. 1996.

Agradecimentos: À CAPES e CNPq pelas bolsas concedidas.