COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DO CAPIM MOMBAÇA Panicum maximum Jacq. SUBMETIDO A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO
KARINA ROCHA FREITAS 1, BENEVAL ROSA 2 , JULIANA AZEVEDO RUGGIERO 3, JORGE LUIZ DO NASCIMENTO 4 , ALEXANDRE BRYAN HEINEMANN 5 , RAFAELA FERREIRA DE MACEDO 6 , PAULO HENRIQUE FERREIRA 7, MARLOS CASTANHEIRA 8
1 Zootecnista Doutoranda em Ciência Animal - EV/UFG (karinarfz@hotmail.com)
2 Prof. Titular, Dr. Bolsista CNPq (beneval@vet.ufg.br) - DPA/EV/UFG
3 Engenheira Agronôma mestre em Produçao Vegetal - EA/UFG
4 Pesq., Dr. EA-UFG (jln@agro.ufg.br)
5 Pesq., Dr. CNPGL (alexbh@cnpaf.embrapa.br)
6 Graduanda em Medicina Veterinária - UFG
7 Graduando em Agronomia - UFG
8 Zootecnista mestre em Ciência Animal - EV/UFG
Departamento de Produção Animal - Escola de Veterinária / UFG
Palavras - chaves: FDA, FDN, hemicelulose e proteína bruta
1. INTRODUÇÃO
O cerrado brasileiro apresenta condições muito favoráveis para a produção e exploração da pecuária em sistemas de pastagem. Um dos principais problemas na produtividade das pastagens tropicais é a deficiência do nitrogênio, o que resulta em queda acentuada da capacidade de suporte e do ganho animal. O N é um dos elementos mais exigidos pelas plantas forrageiras e a sua utilização influencia a composição bromatológica da forragem. O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição bromatológica do capim Mombaça submetido a diferentes doses de N.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, em um solo classificado como Latossolo Vermelho Distrófico Argissólico de textura média. Iniciou-se em novembro de 2002, em área de pastagem de capim Mombaça já implantada. Fez-se a coleta de amostras de solo, na profundidade de 0-20 cm, resultando em : pH (CaCl2) = 4,7; Ca = 2,2, Mg = 0,6, Al = 0, H + Al = 4,1, CTC = 7,0 cmolc /dm3 ; P = 6,5, K = 59 mg/dm3 ; MO = 3,1 e V = 33,2%. Fez-se calagem utilizando 1 t/ha de calcário dolomítico calcinado, a fim de elevar a saturação por bases para 60%. Foram aplicados 15 kg/ha de K2O e 65 kg/ha de P2O5 . O período de avaliação da forrageira foi de novembro de 2002 a abril de 2003. Os cortes foram realizados a cada 28 dias, a uma altura de 30 cm do solo. A forragem colhida no campo foi pesada e enviada ao laboratório, onde foi seca em estufa de ventilação de ar forçada, com temperaturas de 58 a 65ºC por 48 horas. Após a secagem, as amostras foram moídas e em seguida foram realizadas as análises bromatológicas, para determinação dos teores de PB, de FDN e de FDA. Os teores de HEM foram estimados, através da subtração da FDA pela FDN. Foram utilizadas quatro doses de adubação nitrogenada (70, 140, 210 e 280 kg de nitrogênio/ha/ano), na forma de uréia. As doses foram divididas pelos 6 cortes e as adubações ocorreram logo após cada corte, sendo que cada corte constituiu uma época de corte. O delineamento experimental empregado foi o de blocos casualizados com esquema de parcelas subdivididas no tempo ("Split Plot on Time"), com oito repetições. Os dados foram analisados utilizando o programa de estatística SISVAR (v - 4.3). As médias foram comparadas por meio da utilização do teste de Scott e Knott, com nível de significância de 5%. Para a variável PB, as análises foram feitas em cada época de corte. Para as variáveis FDN, FDA e HEM foi feita uma amostra composta da forragem colhida nas seis épocas de corte em função das doses de adubação nitrogenada.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Vê - se pelos dados da Tabela 1 que as doses de N, as épocas de corte e a interação doses de N e épocas de corte influíram significativamente (P<0,05) nos teores de PB. Depreende-se pelos dados da Tabela 1 que os teores médios de PB cresceram com o aumento das doses de N. Sabe-se que teores de PB inferiores a 7% são limitantes à produção animal, causando menor consumo voluntário, redução na digestibilidade e balanço nitrogenado negativo (Machado et al., 1998). Com base nessa afirmação, pode-se constatar que o capim Mombaça atenderia satisfatoriamente aos requerimentos mínimos dos ruminantes com qualquer uma das doses de N utilizadas. Visualiza-se pelos dados da Tabela 2 que não houve efeito significativo (P>0,05) entre os tratamentos estudados para os teores médios de FDN. Independente da dose de N utilizada, os valores de FDN estiveram em torno de 73%. Os resultados encontrados neste trabalho confirmam os encontrados por Ruggiero (2003), que, avaliando a mesma área experimental e utilizando as doses de 100, 200, 300 e 400 kg de N/ha/ano não observou efeitos significativos (P>0,05) das doses de adubação nitrogenada sobre os teores de FDN. A mesma autora, obteve no mês de abril, respectivamente, os seguintes teores de FDN: 75,22%; 76,43%; 75,06% e 75,29%. Detecta-se pelos dados da Tabela 2 que não foi observado efeito significativo (P>0,05) das doses de N para os teores médios de FDA. Os resultados encontrados na Tabela 2 sugerem que o intervalo de cortes utilizado na pesquisa, de 28 dias, não permitiu um aumento na concentração de fibra. COSTA (2003) não observou efeitos significativos da adubação nitrogenada (150, 300 e 450 kg de N/ha) sob os teores de FDA para o capim Tanzânia, ficando estes, no período das águas, em torno de 38%. Vê-se pelos dados da Tabela 2 que as diferentes doses de N não tiveram influência sobre os teores de HEM (P>0,05).
4. CONCLUSÃO
Os maiores teores de PB ocorreram na dose de 280 kg de N/ha/ano. Os teores de FDN, FDA e HEM não foram influenciados pelas doses de nitrogênio utilizadas.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Tabela 1 - Teores médios de proteína bruta (PB) (% na MS) do capim Mombaça em função das doses de N e das épocas de corte. Goiânia, GO. 2003
Tratamentos |
|||||
Époc. Corte |
70 kg N/ha |
140 kg N/ha |
210 kg N/ha |
280 kg N/ha |
Média |
1ª |
9,40 C a |
10,02 C a |
11,98 B a |
13,28 A a |
11,17 |
2ª |
8,28 D b |
9,83 C a |
11,22 B a |
12,71 A a |
10,51 |
3ª |
8,78 B a |
9,25 B a |
9,74 A b |
9,83 A b |
9,40 |
4ª |
7,89 C b |
8,29 C b |
8,92 B c |
10,12 A b |
8,80 |
5ª |
9,43 B a |
9,75 B a |
10,22 B b |
11,18 A c |
10,14 |
6ª |
8,22 B b |
8,23 B b |
8,62 B c |
9,36 A b |
8,60 |
Média |
8,67 |
9,23 |
10,12 |
11,08 |
|
CV = 7,16% |
Médias seguidas de letras iguais maiúsculas (na horizontal) indicam que as mesmas não diferem entre si. Médias seguidas de letras iguais minúsculas (na vertical) indicam que as mesmas não diferem entre si pelo Teste de Scott-Knott (P>0,05).
Tabela 2 - Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN) (%), de fibra em detergente ácido (FDA) (%) e de hemicelulose (HEM) (%) do capim Mombaça em função das doses de N. Goiânia, GO. 2003
Doses de N |
FDN (% na MS) |
FDA (% na MS) |
HEM (% na MS) |
70 kg N/ha |
73,58 a |
43,91 a |
29,67 a |
140 kg N/ha |
73,57 a |
39,39 a |
34,28 a |
210 kg N/ha |
73,09 a |
40,19 a |
33,90 a |
280 kg N/ha |
73,76 a |
40,78 a |
32,97 a |
CV (%) |
1,01 |
12,89 |
16,44 |
Médias seguidas de letras iguais (na vertical) indicam que as mesmas não diferem entre si pelo Teste de Scott-Knott (P> 0,05).