CONTROLE DE CARUNCHO EM GRÃOS DE FEIJAO ARMAZENADO USANDO AÇAFRÃO

ROCHA, A.C1; FERREIRA, V.M.2; ANDRADE,J.W.S.1 ; XIMENES, P.A.3; LEANDRO, W.M.3

1 Pos-Graduando – Doutorado- Universidade Federal de Goiás, End. Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Verde – Go, Rod. Sul Goiana, Km 01, CP 55, anisiorocha@yahoo.com.br.

2 Graduanda – Tecnologia em Produção de Grãos – CEFET – R.V. vanderleiamf@hotmail.com.br.

3 Professor Titular- E.A da Universidade Federal de Goiás.

Palavras-Chave: grãos armazenados, Phaseolus, Curcuma longa.

INTRODUÇÃO

Os danos causados pelo caruncho do feijão são consideráveis, depreciando qualitativa e quantitativamente. Os prejuízos são apreciados pela redução no peso, na qualidade do alimento, na queda do poder germinativo das sementes, além da depreciação comercial, devido à presença dos insetos, ovos e excrementos. Estimativas de perdas da produção total de feijão no Brasil, por causa do ataque de insetos no armazenamento, giram em torno de 20 a 30%. (Embrapa, 1993)

Dos insetos que prejudicam os feijões armazenados, sobressaem dois besourinhos da família bruchidae, conhecidos por gorgulho, caruncho ou bicho - do – feijão: Acanthocelides obtectus e Zabrotes subfaciatus (Vieira 1983).

Acanthocelides obtectus é considerado a principal espécie de caruncho que infesta feijão na América Latina. Apresenta infestação cruzada, ou seja, pode infestar os grãos no campo ou entre o armazenamento.

A origem dos Zabrotes subfasciatus é atribuída ao novo mundo, sendo particularmente importante nas Américas Central e do Sul. È encontrado também em muitas regiões tropicais e subtropicais especialmente na África Central e no Leste da África em Madagascar, no mediterrâneo e na Índia (Gallo et al,. 1970).

Para o controle de carunchos na armazenagem em larga escala, deve ser feita, inicialmente uma desinfestação dos grãos através de fumigação com fosfina, a mistura direta dos grãos com inseticidas de curto poder residual, como Malation 2% à razão de 1g/kg de grãos.

Os agricultores desenvolveram métodos próprios para o controle do caruncho em pequenas quantidades de feijão, como a mistura dos grãos com cinza de madeira, pimenta-do-reino, pó de batedura do feijão ou areia, o tratamento com substâncias oleosas ou terra de formigueiro, ou ainda, as sementes podem ser protegidas dentro das próprias vagens ou em garrafões bem fechados. Alguns desses métodos foram testados pelos entomologistas e revelaram-se eficazes (Vieira, 1983).

Os carunchos, também podem ser controlados pela mistura dos grãos com material inerte numa proporção de uma parte de material inerte para quatro de feijão, pela adição de óleos vegetais como soja, milho, algodão, à base de 3 a 5 ml/kg de grãos, devendo-se realizar boa distribuição e se possível, a secagem antes do armazenamento; pela adição de gordura animal aos grãos na proporção de 1cm3 de banha derretida por quilograma de feijão (Vieira, 1983).

Óleos essenciais extraídos das folhas de Curcuma longa L. têm sido utilizados para o controle dos carunchos (Sitiphilus oryzae e Tribolium casteneum) com efeitos satisfatório como demonstra Tripahthi et al. (2002).

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi realizado no laboratório de sementes do Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Verde (CEFET-RV), sem o controle de temperatura, umidade e fotoperíodo usando um delineamento experimental inteiramente casualisado com cinco tratamentos e quatro repetições. Em cada tratamento foi utilizado 50g de grãos de feijão previamente expurgado com fosfina. Os tratamentos foram: óleo de açafrão, 1ml/50g (extraído com éter); extrato de açafrão (ferveu-se por cinco minutos 100g de açafrão em pó em meio litro de água, logo após a mistura foi coada), 1,5 ml/50g; pó de açafrão (rizomas secos ao sol e moídos), 2,5g/50g; Deltametrina (produto químico), 0,5g/50g e testemunha (sem tratamento).Os tratamentos foram acondicionados em embalagens plásticas cobertas com filó, os quais foram infestados com quinze insetos adultos, que permaneceram nas embalagens por doze dias.

No ensaio foram consideradas as seguintes variáveis: número de insetos vivos; número de insetos mortos; número de grãos furados e peso dos grãos.

As variáveis foram avaliadas 45 dias após a infestação. Sendo realizada Analise de Variância comparando-se as médias pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a variável número de grãos furados os grãos tratados com produto químico e com óleo de açafrão apresentaram a menor quantidade de furos (médias de 0,84 e 0,71 respectivamente), diferindo dos tratamentos com pó de açafrão e da testemunha. O tratamento com extrato de açafrão não diferiu dos tratamentos com óleo e produto químico, nem dos tratamentos com pó de açafrão e a testemunha (Tabela 1).

Tabela 1 – Resultados da analise de variância utilizando dados transformados pela raiz quadrada de X + 0,5

Tratamento

N° grãos furados

Peso de grãos

N° de carunchos vivos

N° de carunchos mortos

Óleo de açafrão

0,84 b

48,32 a

0,71 b

1,22 a

Extrato de açafrão

1,85 ab

48,19 ab

1,82 ab

2,14 a

Pó de açafrão

2,63 a

47,81 b

3,29 a

2,81 a

Deltametrina- pó

0,71 b

48,48 a

0,71 b

0,71 a

Testemunha

3,13 a

47,70 b

2,93 a

3,72 a

Teste Tukey 5% de probabilidade

Observou-se que os tratamentos com extrato de açafrão, pó de açafrão e testemunha apresentaram a maior quantidade de carunchos vivos. Os melhores resultados foram obtidos com o uso de produto químico e óleo de açafrão. Nestes tratamentos não foram observados carunchos vivos. O tratamento com extrato de açafrão superou a testemunha e o tratamento com o pó de açafrão, porém não diferiu do tratamento com óleo de açafrão e do tratamento com produto químico.

Do peso original medido (50 gramas), observou-se um maior decréscimo do peso da testemunha e do tratamento com pó de açafrão, isso se deveu à perfuração dos grãos de feijão pelos carunchos. Estes foram inferiores aos tratamentos com óleo de açafrão e com produto químico.

No presente trabalho observou-se um bom resultado com relação ao óleo de açafrão cabendo inclusive, futuras pesquisas para avaliar mais detalhadamente doses de óleo e comparação entre óleos vegetais para confirmar se realmente o controle é devido às substâncias existentes no óleo de açafrão ou ao controle físico proporcionado pelo óleo.

CONCLUSÃO

Conclui-se que entre os tratamentos a base de Curcuma longa L. o óleo de açafrão foi o mais eficiente no controle de Zabrotes, igualando-se em todas as variáveis estudas, ao tratamento químico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço de Produção de Informações (Brasília, DF). Recomendações técnicas para o cultivo do feijão; zona 61 a 83, Brasília. 1993. 93p.

GALLO, D.; NAKANO, O.; WIENDL, F.M.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L Manual de entomologia: pragas das plantas e seu controle. São Paulo: Agronômica Ceres. 1970. 858p.

MARANHAO, Z. C. Entomologia Geral. São Paulo: Nobel. 1977. 514p.

SARTORATO, A. RAVA, C.A.; YAKOYAMA, M. Principais doenças e pragas do feijoeiro comum no Brasil. 3ª. ed. Goiânia. Embrapa – CNPAT. 1987. 300p.

TRIPATHI, A.K.; PRAJAPATHI, V.;N.; VERMA, J.R.; BAHL, R.P.; BANSAL, R.P; KHANUJA S.P.S.; KUMAR, S. Bioactiveties of the leaf essential oil of Curcuma longa (Var. Ch-66) on three species of stored-product beetles (Coleoptera). 2002.

VIEIRA, C. Doenças e pragas do feijoeiro. Viçosa, UFV, Universidade. 1983. 231p.