AVALIAÇÃO DE CINCO GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS SOB DUAS DOSES DE NITROGÊNIO

 

Autores: AMARAl, G.A.2 ;ROSA, B.3 ; PACIULLO, D. S.C. 4,;HEINEMANN, B.A.5; LINO, C.L.6; BARBOSA, J. J.7; MACHADO, O. R.8

Fonte Financiadora: SECTEC (Secretaria de Ciência e Tecnologia), e realizado pela UFG, Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo Centro-Oeste e Agência Rural de Anápolis, em parceria.

2 Mestranda do curso de Ciência Animal (allinyamaral@yahoo.com.br)

3 Professor Dr. do Departamento de Produção Animal (beneval@vet.ufg.br)

4 Bolsista DCR/CNPq – Embrapa Gado de Leite/Núcleo Centro-Oeste (dscp@terra.com.br)

5 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite/Núcleo Centro-Oeste. (alexbh@cnpaf.embrapa.br)

6 Bolsista de Apoio Técnico Cnpq/SECTEC (luanalino@ibest.com.br)

7 Bolsista de Iniciação Cientifica Cnpq/SECTEC (jeremiah83@bol.com.br)

8 Bolsista da Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo Centro-Oeste de Gado de Leite

Palavra chave: adubação nitrogenada, avaliação, densidade populacional de perfilhos, forrageiras tropicais.

Introdução

No Brasil, a pecuária é uma das principais atividades econômicas e se baseia no uso das pastagens como fonte de alimento para a produção animal. O uso de espécies forrageiras de alto potencial de produção e bom valor nutritivo, adaptadas ao local de plantio e cultivadas sob adequada estratégia de aplicação de fertilizantes contribui para maximizar a produtividade de animais mantidos em regime de pastejo.

Ainda é incipiente o conhecimento sobre a adaptação de algumas espécies forrageiras de alto potencial produtivo a diferentes condições edafoclimáticas do País. Entre as gramíneas, as dos gêneros Cynodon, Panicum e Brachiaria, têm se destacado, pois possuem cultivares com elevado potencial de produção e bom valor nutritivo (Heinemann et al., 2004).

Estratégias apropriadas de fertilização são necessárias para que tais gramíneas possam expressar seus potenciais produtivos e qualitativos. Geralmente, o uso de fertilizantes em pastagens aumenta o rendimento forrageiro, possibilitando o aumento da capacidade de suporte e da produção animal por área. O nitrogênio é considerado um dos elementos mais importantes para as pastagens já estabelecidas devido sua essencialidade nos processos de formação das proteínas e crescimento vegetal; resultando em maior disponibilidade de forragem e quantidade de proteína por hectare.

O objetivo desse trabalho foi avaliar a resposta de cinco forrageiras tropicais à fertilização nitrogenada.

Material e Métodos

O experimento foi realizado na Estação Experimental da Agência Rural, em Anápolis – GO, numa área de 15.000 m2, formada com as gramíneas Cynodon dactylon L. (Pers.) cv. Florakirk; Cynodon nlemfuensis Vanderyst cv. Florona, Panicum maximum (Jacq.) cvs. Mombaça e Tanzânia e Brachiaria brizantha cv. Marandu.

Os tratamentos consistiram das cinco gramíneas forrageiras cultivadas sob duas doses de nitrogênio (150 e 300 kg de N/ha), divididas em quatro aplicações durante o período experimental (fevereiro, março, abril e maio). Juntamente com a adubação nitrogenada, foi aplicado cloreto de potássio na relação 1:0,8 (N:K2O). Foi usado o delineamento experimental de blocos casualizados, em esquema de parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas foram constituídas pelas cinco gramíneas e as subparcelas, pelas doses de N.

As forrageiras foram avaliadas sob condição de corte e pastejo, conforme metodologia de GARDNER (1983), a qual permite avaliar o efeito do animal sobre a planta. As amostras foram coletadas rente ao solo, usando um quadrado de 1 m2 para Tanzânia e Mombaça e um retângulo de 1,00 x 0,50 m2 para Florona, Florakirk e Marandu. Depois de colhidas, as amostras foram pesadas e separadas em material morto e vivo; a parte viva foi separada em lâmina foliar e colmo + bainha foliar, além de ter seus perfilhos contados. Foram estimadas a massa de forragem, a relação lâmina/colmo e a densidade populacional de perfilhos. O teor de matéria seca das amostras foi determinado em estufa por 72 horas, à temperatura de 65°C.

Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott & Knott, a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

As variáveis, densidade de perfilhos e peso por perfilho variaram (P<0,01) com a interação gramínea x dose de nitrogênio. As gramíneas do gênero Cynodon apresentaram maiores (P<0,01) densidades de perfilhos, enquanto as do Gênero Panicum, os menores valores, independentemente da dose de nitrogênio (Tabela 1). Os valores de peso por perfilho tiveram comportamento inverso, ou seja, as gramíneas do gênero Panicum apresentaram perfilhos mais pesados (P<0,01) e as do gênero Cynodon, mais leves. Densidade e peso de perfilhos são características geneticamente definidas, sendo esperada, portanto, acentuada variação entre as gramíneas, embora se reconheça a possibilidade de variação dessas variáveis com os fatores climáticos e de manejo. Os resultados demonstraram o mecanismo de compensação tamanho/densidade de perfilhos, em que densidade de perfilhos e peso de perfilhos são inversamente correlacionados.

Aumento na dose de nitrogênio promoveu incremento (P<0,01) na população de perfilhos para as cultivares Florakirk e Florona, em 30,5% e 51,9%. Porém não se verificou efeito do nitrogênio na densidade de perfilhos, para as demais gramíneas.

A massa seca de forragem verde (MSFV) variou (P<0,01) entre as gramíneas de 2.898 a 3.718 kg/ha (Tabela 2). A cultivar Florakirk foi a menos produtiva, enquanto as demais não apresentaram diferenças entre si. A massa seca total (MST) foi maior (P<0,01) para as cultivares Florona e Marandu, em relação às demais. Os valores de massa seca do material morto obtidos pela diferença entre MST e MSFV, foram de 1.224, 1.462, 1.445, 603, 735 kg/ha, respectivamente para as cultivares Florakirk, Florona, Marandu, Tanzânia e Mombaça. Os valores médios dos cultivares de Panicum foram 51,4% menor que a média das demais gramíneas, sugerindo que o Tanzânia e o Mombaça apresentaram menores taxas de senescência e/ou que o pastejo foi mais eficiente nessas gramíneas (maior ingestão da forragem produzida), o que resultaria em menores perdas de forragem pelo processo de senescência.

 

 

Conclusão

O aumento das doses de N promoveu aumento da população de perfilhos para as cultivares Florakirk e Florona.

A aplicação de nitrogênio promoveu aumento médio de 33,8% na produção de massa seca das forrageiras.

Os cultivares Marandu e Florona tiveram as menores respostas à aplicação de nitrogênio.

Referências Bibliográficas

  1. GARDNER, A. L. Evaluación por corte e por pastoreo en parcelas pequeñas: Comparación de resultados. In: PALADINES, O; LASCANO, C. Germoplasma Forrajero Bajo Pastoreo en Pequeñas Parcelas. CIAT, Cali, p. 107-120, 1983.
  2. HEINEMANN, B.A.; FONTES,A.J.;PACIULLO,D.S.C. Potencial Forrageiro de Gramíneas do Gênero Cynodon sob duas doses de Nitrogênio e Potássio.In. REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004,Campo Grande. Anais eletrônicos...[CD-ROM],Campo Grande, 2004.

Tabela 1. Densidade populacional de perfilhos (DPP) e peso por perfilho (PP) de gramíneas forrageiras, em função de doses de nitrogênio.

Gramínea

Dose de nitrogênio (kg/ha/ano)

150

300

 

150

300

DPP (m2)

 

PP (g)

Cynodon dactylon cv.Florakirk

1.681 Bb

2.555 Aa

 

0,150 Ac

0,130 Ad

Cynodon nlemfuensis cv.Florona

2.177 Ba

2.841 Aa

 

0,180 Ac

0,150 Ad

Brachiaria brizantha cv. Marandu

713 Ac

810 Ab

 

0,430 Ab

0,490 Ac

Panicum maximum cv. Tanzânia

365 Ad

390 Ac

 

0,940 Aa

1,020 Ab

Panicum maximum cv. Mombaça

316 Ad

392 Ac

 

0,980 Ba

1,340 Aa

Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na horizontal e minúscula na vertical, não diferem entre si, pelo teste de agrupamento de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

Tabela 2. Massa seca de forragem verde (MSFV) e massa seca total (MST) de gramíneas forrageiras.

Gramínea

MSFV

MST

kg/ha

Cynodon dactylon cv.Florakirk

2.898 b

4.122 b

Cynodon nlemfuensis cv.Florona

3.718 a

5.180 a

Brachiaria brizantha cv. Marandu

3.503 a

4.948 a

Panicum maximum cv. Tanzânia

3.422 a

4.025 b

Panicum maximum cv. Mombaça

3.705 a

4.440 b

Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.