DIREITOS REPRODUTIVOS E SAÚDE REPRODUTIVA: PRÁTICAS E UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS.

MARQUES, T. M. A.

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

tamarques@pop.com.br

Sexualidade; gênero; direitos reprodutivos; saúde reprodutiva.

 

RESUMO EXPANDIDO

INTRODUÇÃO

Este subprojeto faz parte da pesquisa intitulada: "Sexualidades de estudantes universitários – um estudo sobre valores, crenças e práticas sociais.", de instituições de ensino público e privado, na capital do Estado de Goiás.

Visto que é a partir dos sistemas de sexo/gênero, da socialização dos indivíduos, do sistema de ação (entendido como experiências sociais), que poderemos compreender a ação em relação à sexualidade e a reprodução, bem como a relação entre homens e mulheres. É através do discurso dos indivíduos envoltos, das distintas formas de vivenciar a sexualidade, seja reproduzindo comportamentos socialmente aceitos ou propondo formas de relações diferenciadas, que há de se buscar a compreensão sobre as práticas sexuais e utilização de métodos contraceptivos entre estudantes universitários, de instituições de ensino público e privado em Goiânia. Bem como as distintas representações sociais relativas à utilização de métodos contraceptivos e preventivos de mulheres e homens; o papel desempenhado pela gravidez e os impactos e repercussões dos discursos e das práticas sexuais sobre a qualidade de vida dos universitários.

MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa abarca técnicas quali-quantitativa, que possui como instrumento para a coleta de dados, a aplicação de questionários e entrevistas. Desta forma, na construção dos questionários optamos por perguntas fechadas, bem como estruturas diferenciadas tanto para homens quanto para mulheres, visando captar as especificidades dos gêneros, com suas nuances e singularidades (SELLTIZ et al,1975).

Como previsto no cronograma de pesquisa foram realizadas leituras direcionadas para confecção dos questionários visando, através de outras pesquisas e bibliografias metodológicas, a qualidade na elaboração das questões e, portanto, uma boa elaboração dos questionários. Para tanto, nos orientamos para construção dos questionários as indicações de Selltz (1975), que ressalta seis etapas para a construção de um questionário. São estas: 1) decidir que informação deve ser procurada, 2) decidir que tipo de questionário deve ser usado, 3) redação de um primeiro rascunho, 4) reexame e revisão das perguntas, 5) pré-teste, 6) revisão do questionário, especificação dos processos para seu uso. Dentre estas indicações estamos na sexta indicação, na revisão do questionário, especificação dos seus processos para seu uso.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O século XX traz em seu cerne características de um processo de modernização que em virtude de suas revoluções trouxe uma rápida urbanização, abrindo espaço aos discursos morais da higiene social e da medicina moderna enfocando a sexualidade (ARILHA e CALAZANS, 1998). Esta é vista como domínio da verdade e seu seio é a família, sendo esta o principal dispositivo da sexualidade, núcleo onde se normatiza e se refrata costumes (FOUCAULT, 1977).

Com a regulação das populações (pelo alto crescimento demográfico) e suas técnicas de higiene social tem se em conseqüência a introdução de métodos contraceptivos modernos. Em decorrência as transformações ocorreram no âmbito da sexualidade, como a dissociação entre conjugalidade e reprodução, fazendo com que homens e mulheres sejam levados a pensar seus pontos de vista e comportamentos um em relação ao outro (GIDDENS, 1993). Assim, demonstram uma aproximação das experiências de homens e mulheres – como a ampliação da sexualidade juvenil entre mulheres – mas torna assimetria de gênero mais evidente nos usos da sexualidade(BOZON, 2003).

Esta divisão, distinta, é vista na utilização de métodos contraceptivos, que na maior parte das vezes é um dever da mulher. Visto que à mulher cabe, em nossa sociedade, o dever a reprodução e a saúde reprodutiva, mesmo que o conceito de saúde reprodutiva abranja a saúde do casal e não a saúde da mulher. O aparecimento de novas tecnologias reprodutivas sugere a difusão e imposição da medicalização, que através de medidas de controle populacionais estabeleceram nos corpos (SCAVONE,1998).

Em busca de respostas a este modelo ambíguo de dominação medicalizada, se estabelece a luta feminista que na década de 80 traz o conceito de saúde da mulher como uma estratégia para debate público e propostas políticas com o lema nosso corpo nos pertence. Mas só em 1994/95 o conceito de direito reprodutivo ganha efeito, em decorrência da Conferências no Cairo e em Beijing (ÁVILA, 2002). São direitos que implicam mais do que simples acesso aos serviços e qualidade da saúde, requer também um estímulo permanente à auto-reflexão dos profissionais de saúde e sua relação com os aspectos coercitivos do modelo de medicalização e a percepção que homens e mulheres fazem dos seus corpos em virtude de tecnologias que são direcionadas quase que exclusivamente para as mulheres(PITANGUY, 2002).

Percebe-se, portanto, que a noção de sexualidade perpassa um leque de significados, que englobam comportamentos e práticas que através da vivência, experimentação de relações "concretas" lhes dão suporte (VILLELA, 1999).

CONCLUSÕES

Projeto em andamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARILHA, Margareth e CALAZANS, Gabriela (1998). Sexualidade na adolescência. O que há de novo? In.: Jovens acontecendo na trilha das políticas públicas. Brasília: CNPD.

ÁVILA, Maria Betânia (2002). Cidadania, direitos humanos e direitos das mulheres. In.: Gênero, democracia e sociedade brasileira. São Paulo: FCC: Ed. 34, pp. 121-142.

BOZON, Michel. "Sexualidade e conjugalidade. As reformulações das relações de gênero na França contemporânea". Cadernos Pagu – Erotismo, prazer, perigo. Campinas, n° 20, primeiro semestre de 2003.

FOUCAULT, Michel (1977). História da sexualidade I - a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal.

GIDDENS, Anthoy (1993). A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Editora da USP.

PITANGUY, Jacqueline (2002). Gênero, cidadania e direitos humanos. In.: Gênero, democracia e sociedade brasileira. São Paulo: FCC: Ed. 34, pp. 109-119.

SCAVONE, Lucila. "Tecnologias reprodutivas: novas escolhas, antigos conflitos". Cadernos Pagu – Gênero, tecnologia e ciência. Campinas, (10) 1998.

SELLTIZ, et all. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Heder/EDUSP, 1967.

VILLELA, Wilza Vieira. Num país tropical, do sexo que se faz ao sexo do qual se fala. In.: Saúde sexual e reprodutiva no Brasil: dilemas e desafios. São Paulo: Hucitec; Population Council, 1999.

PIVIC/CNPq – 2003/2004