MULHER BRASILEIRA, PROFESSORA: MUDANÇAS NO SEU PAPEL E AS TRANSFORMAÇÕES EM SUA AÇÃO SOCIALIZADORA.

Autores: Prof. Dra. Ivone Garcia Barbosa

Prof. Dra. Solange M. O. Magalhães

Rute de Oliveira Mendes (Bolsista Pibic/CNPq)

Unidade Acadêmica: Faculdade de Educação - UFG

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Resumo: O objetivo principal desta pesquisa foi de analisar as representações de "mulher moderna", entrelaçando-as à questão da historicidade e (re)significação da identidade e do papel da "mulher-professora-moderna". Constituída com base em uma abordagem sócio-histórica-dialética, desenvolvemos a investigação empírica com 25 mulheres, professoras da Rede Municipal de Goiânia/Go, que responderam a um inventário sobre representação e identidade de "mulher moderna". De modo geral, as professoras-colaboradoras afirmam que ser uma "mulher moderna" implica ser emancipada, inteligente, criativa, responsável, atarefada, participativa, informada e transformadora, aspectos que denotam o modo como pensam sobre si mesmas e suas práticas.Tendo como referência as relações de gênero, observamos que a trajetória profissional, o cotidiano e a prática docente encontram-se impregnados de representações sociais sobre o que é "ser mulher" e "ser mulher-professora" nos dias de hoje na sociedade brasileira, apesar das professoras não terem acesso sistematizado sobre o debate dessa temática. Ao atribuir funções e características distintas à mulher e ao homem, os diferentes grupos sócio-culturais contribuem para que, nas relações estabelecidas pela mulher e em sua prática profissional como professora, ressoem suas experiências pessoais – história de vida e história profissional e de formação – articuladas organicamente à história sócio-política das disputas e relações de gênero.

Palavras-chave: mulher-moderna, representação da mulher-professora, socialização da infância

Introdução: Compreender as transformações da instituição familiar, destacando a importância daquelas no processo de educação/socialização da infância, é parte das preocupações de nosso grupo de pesquisa sobre a Educação da Infância da FE/UFG, o qual desenvolve a pesquisa Políticas Públicas e Educação da Infância em Goiás: histórias, concepções, projetos e práticas, a qual incorpora vários subprojetos. A problemática da educação da infância em diversos contextos educativos exige-nos um conhecimento sobre os diferentes sujeitos que deles fazem parte. Por ora, apresentamos reflexões provocadas por uma investigação sobre o sujeito-mulher, buscando compreender como seu papel vem sendo representado por mulheres-professoras. Nosso estudo analisa, de uma perspectiva sócio-histórico-dialética, como a mulher, e mais especificamente a mulher-professora, representa ou significa o papel da "mulher moderna". Pressupomos que o modo como cada mulher (re)significa seu papel e se identifica à características de seu grupo social frente às transformações da nossa sociedade e às exigências que a ela são feitas, influencia na educação da infância durante as práticas educacionais familiares ou pedagógicas. Desse modo, nossa pesquisa trata de um particular, mas sempre referenciado na idéia de totalidade, cuidado esse expresso em algumas questões orientadoras ao longo de nossa análise: como as mulheres-professoras pensam o papel da mulher e o processo de socialização da infância? Que concepção têm sobre a sociedade e qual sociedade pretendem ajudar a construir? Qual a influência no processo de formação acadêmico-profissional nas suas concepções? Material e Método: A partir de uma postura qualitativa e um olhar no campo da dialeticidade dos fenômenos, realizamos a investigação com 25 professoras da Rede Pública, graduandas do curso de Pedagogia da FE/UFG, que concordaram em responder nossas questões e assinar um Termo de Livre Consentimento. Utilizamos questões, abrangendo os temas: modo como identificavam a "mulher moderna"; principais características frente a expressão "mulher moderna"; mudanças históricas do papel feminino na sociedade; suas opiniões frente a tais mudanças; o que significa para cada uma delas ser "Mulher/Moderna/Professora". Além disso, perguntamos à cada professora se considerava-se uma "mulher-moderna" e sua posição frente às discussões de gênero apresentadas em nossa sociedade. A análise baseou-se, principalmente, em aspectos qualitativos das falas das professoras, considerando-se a pesquisa bibliográfica que compôs parte inicial do estudo (Barbosa, Magalhães, Alves e Mendes, 2004). Resultados e Discussão: O conceito de "mulher moderna" refere-se (35% das respostas) a características da subjetividade da mulher: representa, principalmente, ser emancipada, inteligente e criativa, aspectos que denotam o modo como pensam sobre si mesmas e suas práticas. Quanto às mudanças históricas do papel da mulher, identificamos outras categorias, agora representadas pela categoria social (35%). Nota-se significativa mudança de valores, as mães-professoras retomam suas histórias e citam o fato de terem saído do âmbito doméstico para atuarem no âmbito profissional. Em relação à definição de "Mulher-Moderna-Professora", em sua maioria, afirmaram que características como responsabilidade, atarefada, participativa, informada e transformadora são essenciais a tais mulheres. Apesar de admitirem mudanças no papel da mulher-moderna-professora e de atuantes no campo profissional, apenas 48% afirmam-se como mulher moderna; 40% responderam que nem tanto, ou mais ou menos e 2% responderam que não se consideram mulheres modernas; 60% não responderam ou declararam que nada sabem a respeito da discussão política sobre a temática "gênero", 24% criticaram a discussão teórica.Conclusão: Embora os estudos e pesquisas venham afirmando que em nossa sociedade existe uma representação de "mulher moderna", com preceitos conquistados por movimentos feministas e de mulheres em geral, nossa pesquisa demonstra que, da mesma forma que nas sociedades patriarcais, as noções de "homem" e "mulher" continuam separadas e opostas, implicando numa falta de debate e compreensão da diversidade e da importância da interrelação desse papéis na sua historicidade. Inquieta-nos pensar que tal noção possa influenciar crianças em seu processo de socialização e que pouco se discuta o tema em cursos de formação de professores.

Referência Bibliográfica:

BARBOSA, I. G. & MAGALHÃES, S. M. O. & ALVES, N. N. L. & MENDES, R. de O. A mudança do papel da mulher na sociedade moderna e suas implicações nas práticas maternas no século XXI. 56ª SBPC – Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciênica (SBPC). Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 2004.