A HERANÇA CONVENCIONALISTA EM NEURATH, CARNAP E QUINE
ARRUDA, R.M.S.
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
Bolsista: Renata Maria Santos Arruda - rena.mari@ig.com.br
Orientadora: Sofia Inês Albornoz Stein -
siastein@terra.com.br1. Resumo
A investigação sobre o tema - "A herança convencionalista em Neurath, Carnap e Quine" - exigiu a retomada do contexto original de sua problematização, o que nos remete à formação, em 1929, do "Círculo de Viena", um grupo de estudo e pesquisa, que tinha como objetivo não só aproximar ciência e filosofia através do empirismo, mas também renovar os problemas filosóficos por meio do aspecto formal do conhecimento. Neste contexto teórico, se encontra e se desenvolve a corrente convencionalista, onde a principal contribuição é a tese da possibilidade de explicação dos fenômenos do mundo através de diferentes teorias, sob diferentes pontos de vista, e não através de uma única teoria. Cada sistema teórico se baseia em axiomas específicos e elege a linguagem que melhor represente os elementos da teoria. No entanto, esse procedimento deve se pautar pela devida aprovação em uma determinada comunidade cientifica. Os mais importantes pensadores aqui inseridos e pesquisados foram Poincaré, Duhem, Carnap, Quine, Neurath, Popper, entre outros.
2. Palavras-chave
Convencionalismo, filosofia, lógica, ciência.
3. Introdução
Dos pensadores do Círculo de Viena, os trabalhos de Rudolf Carnap (1891 – 1970), fizeram-se de maior importância para a composição do presente estudo.
Uma importante contribuição das teorias de Carnap diz respeito à aceitação de teorias científicas, à investigação sobre os critérios de verdade do conhecimento científico. As dificuldades encontradas na escolha de métodos que possam relacionar teoria e experiência passam pelas investigações acerca da linguagem da ciência e conseqüente determinação de regras gramaticais e lógicas que permitam a construção de enunciados significativos, os únicos aceitos no corpo da linguagem cientifica.
Na discussão acerca da escolha de sentenças protocolares, o autor afirma a possibilidade e a necessidade da escolha, em algum momento da pesquisa, de se tomar alguma sentença como protocolar, isto é, uma sentença que pode avaliar, confirmar as outras sentenças.
Com a influência da teoria fenomenalista e a partir da análise dos conceitos da linguagem comum, Carnap dá início à sua construção do mundo. O sistema de constituição, através da derivação (constituição) de diferentes conceitos a partir de uma mesma base empírica, permite que de diferentes sistemas teóricos se possa fazer o mesmo tipo de descrições essencialmente estruturais e unificáveis intersubjetivamente do ponto de vista cientifico.
2. Material e métodos
A composição do presente relatório deveu-se à leituras, fichamento e redação de textos filosóficos de importante contribuição para o desenvolvimento do projeto.
3. Resultados e discussão
A atitude reducionista, a partir do critério de significado baseado na verificabilidade, elimina vários enunciados do corpo da ciência, trazendo problemas como o da impossibilidade de se fazer infinitos testes. No sistema de constituição, as dificuldades dizem respeito em maior grau à sua forma, ou seja, aos níveis do sistema. Os problemas e as soluções são interdependentes entre si por fazerem parte de um mesmo conjunto.
Acerca da teoria convencionalista, um dos principais problemas consiste em delimitar até que ponto se pode afirmar a convencionalidade de um sistema teórico e até que ponto há determinações empíricas que estabelecem o que diz uma teoria. O resultado mais notável de toda a obra carnapiana consiste na tese de que todos os enunciados científicos são controláveis a partir da experiência. Devido à exclusão dos enunciados que não podem ser verificados (como leis, teorias), Carnap passou a considerar melhor as questões metodológicas afirmando a importância pragmática destas pelos cientistas. O critério de significatividade passou a ser não a verificação, mas a confirmabilidade dos enunciados. O problema da aceitação de leis ou teorias acaba por não ser satisfatoriamente desenvolvida por Carnap, pois fica evidente que não é possível nem verificar nem confirmar hipóteses cientificas.
4. Conclusões
A teoria da constituição de Carnap permite a ciência e a filosofia libertar-se de proposições sem significado e de pseudoproblemas, e, em decorrência dessa perspectiva, pode alcançar respostas afirmativas ou negativas a questões aparentemente insolúveis devido à ausência de significado das mesmas.
O convencionalismo, retratado por diversos autores do empirismo lógico, mas especialmente por Carnap, através da estruturação de fatos empíricos para a construção de teorias, surge como uma importante contribuição da filosofia ao desenvolvimento da ciência natural.
5. Referências bibliográficas
CARNAP, Rudolf. La construcción lógica del mundo. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 1988.
DUHEM, P. Algumas reflexões acerca da física experimental. In: Ciência e Filosofia, São Paulo, (4); 87-118,1989.
DUTRA, Luiz Henrique de A. Introdução à teoria da ciência. Florianópolis: Editora da UFSC, 1998.
HAHN, Hans & NEURATH, Otto & CARNAP, Rudolf. A Concepção Científica do Mundo "O Círculo de Viena". Cadernos de História e Filosofia da Ciência, vol.10, 1986, p.5-20.
PASQUINELL, Alberto. Carnap e o Positivismo Logico. Lisboa: Edições 70
POINCARÉ, Henri. A Ciência e a Hipótese. Brasília: Editora UNB, 1984.
STEIN, Sofia Inês Albornoz. Aspectos convencionalistas da filosofia de Willard Quine, in: Principia 7(1-2) 2003, pp185-203.
Fonte de financiamento:
CNPq