Subprojeto: "Ser Homem": Um estudo sobre a concepção e a construção social do gênero masculino em Goiás.

Professor responsável: Dr. Luiz Mello de Almeida Neto luizman@fchf.ufg.br

Aluno bolsista: José Seronni Neto jsneto18@hotmail.com Telefone: (62) 215 2523

Resumo:

Este projeto tem como objetivo geral contribuir para a realização da pesquisa "Sexualidades de estudantes universitários - um estudo sobre valores, crenças e práticas sociais", especialmente no âmbito das questões relativas à construção social do gênero masculino. Propõe-se identificar, analisar e interpretar o conjunto de valores, crenças e práticas sociais relativas à construção social do que significa "ser homem" para os estudantes universitários de Goiás. Assim como compreender os significados das diferenças entre as distintas representações sociais do "ser homem", a partir, especialmente, das variáveis sexo (homens e mulheres), local de moradia (capital e interior) e área de formação acadêmica (humanas, biológicas e exatas). Por fim, também se pretende refletir acerca dos potenciais conflitos decorrentes das transformações sociais relacionados aos modelos de masculinidades, numa sociedade fortemente marcada por valores patriarcais e rurais como a goiana, discutindo a "masculinidade hegemônica" e seus contrapontos.

Palvras-chave: gênero, sexualidades, masculinidades

 

Este subprojeto busca compreender os significados socialmente construídos do "ser homem", no âmbito do Estado de Goiás, mais especificamente no que diz respeito ao universo dos estudantes universitários. Pretende-se identificar, analisar e interpretar o conjunto de valores, crenças e praticas sociais definidores das masculinidades.

Mesmo com todas as transformações econômicas, sociais, culturais e políticas dos últimos anos, inclusive na esfera da sexualidade, o sistema de gênero em geral, e as concepções sobre o gênero masculino, em particular, ainda são, muitas vezes, conservadoras e machistas (GIDDENS, 1993). Para a maioria das pessoas, o "ser homem" constrói-se por meio de uma atividade sexual intensa, a qual se constitui no coroamento de um processo de socialização voltado para a formação de indivíduos viris, racionais, agressivos, autoritários e dominadores (NOLASCO, 1993). Os detentores de tais características seriam, em nossa sociedade, os "legítimos representantes" do sexo masculino, funcionando como modelos identitários para seus filhos (PARKER, 1991).

Não se pode esquecer, porém, que "sexo" refere-se aos atributos genéticos, gonodais, hormonais e anatômicos que determinam as diferenças biológicas entre machos e fêmeas (ALMEIDA NETO, 1999). Por sua vez, gênero é uma categoria que diz respeito às formas como cada agrupamento social demarca os atributos culturais definidores dos sexos masculino e feminino. Gênero é, portanto, a organização social da diferença sexual (BADINTER, 1993). Parafraseando Simone de Beauvoir (1980), pode-se, então, dizer: Não se nasce homem. Torna-se.

Assim, pretende-se verificar se os valores, as crenças e as práticas sociais dos estudantes universitários de Goiás, relativas ao "ser homem", coincidem ou não com a representação machista e patriarcal muitas vezes prevalecente no senso comum. Qual o limite entre a conservação e a transformação para estes estudantes? E quais são as concepções que eles/elas têm do que é "ser homem"? Busca-se, desta forma, compreender as singularidades e as características do universo masculino, na perspectiva de homens e mulheres, valorizando, também, outras duas variáveis principais na determinação dessas representações: local de moradia e área de formação acadêmica dos sujeitos pesquisados.

O estágio de desenvolvimento no qual esta pesquisa se encontra não nos permite ainda apontar resultados ou conclusões específicos sobre as concepções e a construção social do gênero masculino em Goiás. Neste último meses nos dedicamos a elaboração do questionário que será aplicado neste segundo ano de pesquisa. Mas após um ano de dedicação é possível apresentar os resultados obtidos através dos diversos textos, fichamentos, discussões realizadas e do trabalho feito entre orientador-orientando.

Este trabalho está fundamentado em obras que desconstroem uma visão patriarcal, essencialista e machista e que busca demonstrar como este conhecimento teórico é de extrema importância para a atual sociedade. Temas como a sexualidades, gênero e masculinidades, muitas vezes, são considerados tabus em nossa sociedade, mas devem ser abordados urgentemente, pois não se trata apenas da individualidade e personalidade de cada um; trata-se de saúde pública, vidas, liberdades e de um futuro mais humano para nossas sociedades; é esta discussão que esta presente em nosso relatório.

Referencias Bibliográficas:

ALMEIDA NETO, Luiz Mello de (1999). Família no Brasil dos anos 90: um estudo sobre a construção social da conjugalidade homossexual. Tese de Doutourado. Programa de Pós-Graduaçao em Sociologia da Universidade de Brasília, mímeo.

BADINTER, Elizabeth. XY: sobre a identidade masculina. Tradução de Maria Inez Duque Estrada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

GIDDENS, Antony. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Editora da USP, 1993.

NOLASCO, Sócrates (Org.) (1993). O Mito da Masculinidade. Rio de Janeiro: Rocco.

PARKER, Richard (1991). Corpos, Prazeres e Paixões - A Cultura Sexual no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: Bestseller