Diagnóstico ambiental dos municípios de Terezópolis e Goianápolis - microbacia do ribeirão João Leite

Autor: Gervásio Barbosa Soares Neto

Unidade Acadêmica: IESA

E-mail : legeographe@pop.com.br e claudia@iesa.ufg.br

 

A microbacia do ribeirão João Leite localizada entre os paralelos de 16o13’ e 16o39’S e os meridianos 48o57’ e 49o11’W ocupa uma área de 751,51 km2. Na referida microbacia localizam-se as duas maiores cidades do estado de Goiás: Anápolis e Goiânia, além de abranger parcialmente sete municípios. Abriga ainda a mais importante captação de água para abastecimento da cidade de Goiânia. Devido à expansão da metrópole tem-se elevado a níveis críticos os problemas relativos à infra-estrutura urbana, notadamente no que diz respeito ao abastecimento, indicando que cerca de 26% da população não é servida pela rede de fornecimento d’água (SANEAGO, 2002). Desta forma os dois subsistemas de abastecimento da área metropolitana, ribeirão João Leite e Meia Ponte, não têm mais capacidade para atender esse déficit. Por esse motivo encontra-se em construção um reservatório de 14 km2 na microbacia do ribeirão João Leite que substituirá o atual para o atendimento da demanda d’água exigida pela região. O reservatório do ribeirão João Leite será implantado à montante da região metropolitana de Goiânia. A bacia comporta o reservatório mas, sua vida útil poderá ser comprometida, caso o ordenamento de uso e ocupação das terras na suas áreas de influência não sejam corretamente planejados, pois que os impactos negativos decorrentes podem ser de natureza variada, sobretudo de reativação de cabeceiras de drenagens dada a elevação do nível de base, erosão, assoreamento e comprometimento da qualidade da água, ainda mais em se tratando de reservatório de pequeno porte, mas que ocupará fundos de vales encaixados com um volume de água considerável (1.990.325 m3) (Nascimento, 1998; Maciel e Luiz, 1993; EIA/RIMA, 2002; IBGE, 1994). O projeto teve por objetivos fazer a caracterização da microbacia do ribeirão João Leite na escala de 1/100.000 com vistas à elaboração de diagnóstico da suscetibilidade a impactos negativos decorrentes do uso atual e previsto após a implantação do reservatório do ribeirão João Leite. Para a realização da pesquisa foram utilizados, sobretudo, técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, equipamentos e softwares disponíveis nos laboratórios do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (IESA) em especial no Laboratório de Geografia Física (LABOGEF) e Laboratório de Geoprocessamento. Igualmente foram utilizadas as cartas planialtimétricas do IBGE/DSG, na escala 1:100.000 que abrangem a área dos municípios; as fotos aéreas na escala de 1:60.000 de 1965 da USAF ou mais recentes, imagens de satélite LANDSAT 7 TM (Órbita-ponto 222-71 e 222-72) nas bandas 3, 4 e 5 em formato digital todas disponíveis nos laboratórios citados. E a utilização de fotografias, feitas em campo, para detectar e pontuar algumas áreas de degradação ao longo do ribeirão João Leite. Inicialmente foi realizada a revisão bibliográfica, que persistiu por quase todo o período do projeto, sobre os temas e área envolvidos que teve como objetivo melhorar o embasamento teórico do bolsista sobre o assunto através de leituras específicas. Em uma segunda fase do trabalho, fez-se a compilação de documentações cartográficas existentes (digital e analógica). Os resultados obtidos foram: cartas topográficas na escala de 1:100.000 de toda a área da bacia, fotos aéreas da USAF do ano 1965 na escala de 1:60.000 e mapas temáticos da área (geologia e solos).Tendo como base as cartas topográficas, as fotos áreas e os mapas temáticos, iniciou-se mais uma fase do projeto que correspondente a obtenção de produtos cartográficos. Esta fase foi dividida em cinco etapas; A primeira etapa teve como objetivo a confecção de overlays da rede de drenagem na escala 1:60.000 a partir da fotointerpretação das fotos aéreas. A segunda etapa iniciou-se a elaboração da carta-base de drenagem de toda a bacia do ribeirão João Leite. Essa carta foi confeccionada a partir da digitalização da rede de drenagem das cartas topográficas na escala 1:100.000, tendo como ferramenta uma mesa digitalizadora e o softwares Sprig . Após esse procedimento, foi realizada a correção e detalhamento da drenagem utilizando os overlays obtidos na etapa anterior. Dessa maneira obteve-se a carta-base de drenagem na escala de 1:60.000.Tendo a carta-base de drenagem já elaborada, esta etapa teve como objetivo hierarquizar a rede de drenagem utilizando a metodologia proposta por Sthraler. Utilizando-se deste método chegou-se ao resultado que a bacia é de 6ª ordem. A partir de então foram elaboraradas cartas temáticas do meio físico por compilação e digitalização e tratamento com utilização de SIG’s. As cartas temáticas de pedologia e geologia foram obtidas a partir do levantamento do SIG-Goiás individualizando-se apenas a área da bacia do João Leite. Já a quinta e ultima etapa teve como finalidade a digitalização do mapa de uso do ano de 2003. Na terceira fase do trabalho, se deu a visita a campo, podendo assim detectar algumas áreas de impactos, que futuramente poderão comprometer a vida útil do reservatório. Observou-se que com o uso inadequado do solo, através da exploração imprópria de áreas inadequadas (cabeceiras) para moradia ou para atividades comerciais da região (agropecuária e frigoríficos) ocasionou um processo erosivo e conseqüentemente um deslocamento de partículas para o curso d’água, assoreando os rios. Um outro impacto detectado é ocasionado pelas principais atividades comerciais da área do ribeirão (agropecuária e indústrias frigoríficas) que são responsáveis pela poluição de suas águas, decorrente da eliminação de dejetos de animais ou agrotóxico. Esta poluição se dá pelo fato destas atividades se localizarem as margens de afluentes ou no próprio ribeirão. Com estes resultados, pode-se concluir que, caso não haja um planejamento e ordenamento de uso e ocupação das terras, ao longo do ribeirão João Leite, a vida útil do reservatório será comprometida.

 

Palavras-chave: diagnostico ambiental, João Leite

 

 

 

 

 

 

Referências Bibliográficas

 

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Fonte de financiamento: PIVIC