Título: COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, NOVAS TECNOLOGIAS E CIDADANIA. A formação dos futuros cidadãos da era informacional.

Autores: RAIZAMA, F. A.; MEDEIROS, M.; VIDAL, M. G. G.

Universidade Federal de Goiás / Facomb Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia

Endereço eletrônico: fernandaraizama@hotmail.com e magnomedeiros@uol.com.br

Resumo:

O presente texto expõe a interface comunicação/ educação/ cidadania com o objetivo geral de Investigar os usos, práticas e produtos que a escola faz das tecnologias educacional e comunicacional a serviço de uma formação crítica e cidadã de professores e estudantes. Para tanto, optou-se pela amostragem de duas Instituições de Ensino Público do Estado de Goiás: Colégio Estadual Presidente Castello Branco e o Centro de Ensino e Pesquisas Aplicadas à Educação. Abordagens quantitativa e qualitativa de coleta de dados foram aplicadas através de questionários, planilhas, entrevistas e dinâmicas de observação participante aos atores envolvidos no processo da inclusão das novas tecnologias nas escolas de Goiânia. Na análise dos resultados constatou-se a falta de interesse por parte dos professores para lidar com as novas tecnologias e participar dos cursos gratuitos oferecidos pelo NTE. Observou-se ainda, que eles possuem pouco contato com as mais diversas mídias, o que gera insegurança e dificuldades básicas na apropriação das mesmas, fazendo com que raramente utilizam-nas para o enriquecimento das aulas. No entanto, não podemos atribuir essa realidade somente aos professores, uma vez que, em nenhuma etapa do processo de implantação das novas tecnologias eles foram convidados a pensar os usos e atributos das novas mídias.

Palavras-chave: comunicação, educação e novas tecnologias.

Introdução:

O uso de tecnologias da comunicação na educação é uma questão pertinente a vários momentos da história da humanidade. Desde os estudos das pinturas rupestres, já eram questionadas as potencialidades dos atributos dos recursos audiovisuais para a transmissão de conhecimentos. O problema agora, e aqui se concentra o foco desta pesquisa, é justamente investigar se a maneira com que as novas tecnologias estão sendo inseridas no contexto educacional contribui para a formação de cidadãos mais críticos e preparados para a era informacional em que vivemos.

É inquestionável a inserção dos recursos midiáticos nas diversas relações e atividades que desenvolvemos neste novo milênio. As novas tecnologias estão transformando radicalmente o nosso cotidiano, seja na empresa, em casa, no trânsito, nos hospitais, nos shoppings, nos bancos e nas instituições burocráticas. E, por conta disso, os estudantes de hoje foram transformados por esse contexto social no qual nasceram e estão crescendo. Eles têm hábitos perceptivos mais ligados a mensagens visuais, estão acostumados a hiperestimulação sensorial, sentem dificuldades de lidar com mundos abstratos e realizarem reflexões sobre os mesmos, desenvolvem processos mentais do tipo intuitivo e associativo, têm problemas com a lógica e análise e, acima de tudo, são facilmente atraídos pela espetacularização das coisas. Em síntese, estudantes assim não podem continuar sendo educados somente com lápis e papel. Estamos diante de uma geração que está sendo formada através de ícones.

Consciente de que a escola não pode de forma alguma privar-se das vantagens pedagógicas suscitadas a partir das tecnologias educacionais e comunicacional selecionamos como objetivo principal desta pesquisa, a análise dos usos, práticas e produtos que a escola faz das tecnologias educacional e comunicacional a serviço de uma formação crítica e cidadã de professores e estudantes.

Material e Métodos:

Apesar de se tratar de uma pesquisa integrada em que outra bolsista investiga as práticas de mais duas escolas, cada orientanda executou seu plano de trabalho específico. Assim, a coleta de dados em questão foi realizada em quatro etapas:

1º) Deu-se através de questionários e formulários, destinados aos funcionários dos laboratórios das escolas, que checavam as quantidades e condições de funcionamento dos equipamentos encontrados nas escolas, as condições e práticas de uso das tecnologias disponíveis aos alunos e o apoio técnico fornecido pelas escolas aos estudantes.

2º) Desenvolveram-se formulários e dinâmicas de observação participante a 30 estudantes, entre 14 e 18 anos, do ensino médio. O formulário continha questões fechadas sobre o acesso e freqüência de uso das novas mídias.

3º) Aplicaram-se um questionário e entrevistas direcionadas a 08 professores (04 professores de cada escola, o que representa 10% de cada corpo docente) das escolas. Os primeiros continham questões abertas que abordavam assuntos referentes à relação que eles mantinham com os meios no contexto não escolar, estratégias metodológicas utilizadas em sala de aula e conhecimentos midiáticos que possuíam. As entrevistas analisavam através de perguntas abertas, o interesse e dos professores na utilização dos meios como potencializadores do processo de ensino-aprendizagem e o incentivo que recebiam das escolas em que trabalhavam para que as mídias fossem empregadas.

4º) Coletaram-se informações referentes à atuação e diretrizes do NTE através de duas listas de perguntas distintas, uma destinada à entrevista com a responsável Sra. Denise Cristina Bueno e outra direcionada ao diretor da Secretaria Especial de Educação a Distancia, Sr. Paulo Dantas.

Resultados e Discussão:

Na análise das informações coletadas pôde se constatar que os estudantes evidenciaram um incontestável interesse em utilizar as tecnologias em sala de aula e os educadores entrevistados demonstraram ter uma clara noção sobre a importância de se conhecer melhor as possibilidades que as mídias oferecem e estarem conectados à realidade que os cerca. Estes afirmaram realizar leituras de revistas, livros e jornais; assinarem múltiplos canais de televisão e acessarem a Internet. Porém, os mesmos tiveram dificuldades de indicar as últimas obras que leram, não souberam enunciar as últimas manchetes ou notícias veiculadas nos jornais que afirmaram ler com freqüência e evidenciaram ainda desconhecer softwares e programas educativos. Em suma, os docentes têm consciência da importância de não estarem alheios às evoluções tecnológicas que invadem as instituições de ensino, mas, ao mesmo tempo, comprovam insegurança e dificuldades básicas na apropriação dos mesmos. São educadores que se dispõem a possibilitar o contato de seu alunos com as novas mídias, mas, que por falta de métodos e incentivo real acabam por subutilizarem as mesmas.

Conclusões:

Desta forma, pode se aferir que a presença dos recursos tecnológicos nos ambientes educacionais em questão não resultou na criação de uma cultura midiática. Pelo contrário, os signos, ícones, razão imagética e linguagem das novas mídias formam simplesmente adequados à didática dos discursos oral e escritos do sistema formal de educação. No entanto, não podemos atribuir somente aos professores, profissionais educados e formados sob a égide de Gutenberg, a responsabilidade de formar cidadãos críticos e ativos deste novo milênio. Uma vez que, em nenhuma etapa do processo de implantação das novas tecnologias os mesmos foram convidados a pensar os usos, atributos e ideologias das novas mídias.

Referências Bibliográficas

Fonte de financiamento: CNPq