A RECEPÇÃO CRÍTICA DE OSMAN LINS NOS MANUAIS DE LITERATURA BRASILEIRA PARA O ENSINO MÉDIO

NÓBREGA JÚNIOR, C. M.

FACULDADE DE LETRAS/UFG

E-MAIL: clovisufg@ibestvip.com.br

Orientadora: zenia@letras.ufg.br

Palavras-chave: Recepção crítica, Osman Lins, Manuais de literatura.

 

Introdução

A organização sistemática e delimitada das "escolas", "tendências" ou "movimentos" literários, bem como a classificação dos autores dentro dessas sistematizações nos manuais especializados, — destinados a estudantes do Ensino Médio e da História da literatura brasileira —, se por um lado constituem uma facilidade pedagógica, por outro, pecam por tratar a referida problemática com excessiva simplificação e generalização.

Tais manuais geralmente são concebidos a partir de perspectivas muito semelhantes e quase não diferem uns dos outros. O contato que tivemos com esses manuais, quer como aluno do Ensino Médio, quer como aluno de Graduação, levou-nos a alguns questionamentos acerca de como vem sendo abordada a problemática mencionada, no que diz respeito: 1) à inclusão, nestes manuais, de representantes da literatura brasileira contemporânea que publicaram suas obras na segunda metade do século XX; 2) a aspectos relacionados à vida e obra de Osman Lins que aparecem nesses manuais; 3) à inclusão deste autor em determinadas estéticas, tendências, escolas ou movimentos literários, quando citado nos manuais; 4) às razões pelas quais seu nome aparece ao lado de outros autores contemporâneos.

Material e método

Durante nossas buscas, o fato paradoxal a que nos referimos desde nosso projeto, parecia se confirmar de modo cada vez mais evidente. Aquilo que inicialmente considerávamos como fruto de observações eventuais e não sistemáticas, relativo à recepção crítica de Osman Lins nos manuais de literatura brasileira para o Ensino Médio, era agora algo concreto: citações a respeito da vida e obra de Lins quase nunca apareciam neste tipo de manual.

Inicialmente, nossa pesquisa seria desenvolvida tendo como objeto de análise os manuais de literatura publicados a partir da década de noventa. Este procedimento de modo algum foi aleatório. Como as primeiras obras de Lins datam do início da década de 1950, sendo A rainha dos cárceres da Grécia, seu último romance, publicado em 1976, achamos que não seria pertinente considerar os manuais publicados nas décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980. Isto porque, no referido período, Osman Lins ainda não era um autor canonizado pela crítica e pelos leitores, apesar do enorme sucesso de algumas de suas obras, que haviam sido, inclusive, traduzidas em vários países da Europa. Por esse motivo, nossa opção inicial foi a de considerar apenas os manuais publicados na década de 90.

Entretanto, a pesquisa compreendendo apenas os manuais da década de 90, a nosso ver, seria insuficiente, pois talvez não nos proporcionasse respostas suficientes para os questionamentos que estavam na gênese deste trabalho. Por esse motivo, ampliamos o nosso corpus, considerando todos os manuais por nós levantados, independente do ano de publicação e de serem ou não destinados a estudantes do Ensino Médio. Tal procedimento acarretou, como já exposto em nossa introdução, a alteração do título de nosso trabalho para A recepção crítica de Osman Lins nos manuais de literatura brasileira.

Resultados e discussão

Afirmar aqui, as qualidades e inovações acerca da produção literária de Osman Lins seria, nada mais, nada menos que repetir tudo aquilo que viemos salientando ao longo deste relatório. Durante todo o processo de desenvolvimento de nossa pesquisa, tivemos a oportunidade de ler e analisar as diferentes abordagens sobre este autor, propostas por cada um dos autores dos manuais de literatura brasileira.

Entretanto, parece que o conjunto das obras de Lins continua merecendo pouca atenção, não só por parte dos autores dos manuais de literatura brasileira, destinados a estudantes do ensino médio, como também por parte de críticos e historiadores da literatura brasileira, como é o caso de Afrânio Coutinho e Alfredo Bosi, cujas obras incluímos como parte de nosso corpus. Exatamente, pelo fato de muitas dessas abordagens serem bastante semelhante, achamos pertinente ressaltar aquelas que, a nosso ver, melhor apresentam e discutem aspectos relativos à vida e à produção osmaniana.

Apesar de termos confirmado, durante a execução de nossa pesquisa, aquilo que inicialmente apontávamos como fruto de observações impressionistas, nos surpreendemos com a ênfase que alguns raros manuais, fugindo à regra, dão à obra osmaniana. Nesse sentido, como já apontamos no corpo de nosso trabalho, merecem destaque os manuais de A. Medina Rodrigues e do professor Fernando Teixeira Andrade, ambos destinados a estudantes do ensino médio.

Tendo em vista todos os aspectos por nós levantados ao longo de nossa pesquisa e descritos neste relatório, acreditamos que o estudo que foi desenvolvido possa vir a ser uma contribuição para a revisão de conceitos e "pré-conceitos" que, nos manuais de literatura brasileira, envolvem a inclusão — e/ou o espaço que lhes é dedicado — de obras de ficcionistas contemporâneos, em particular aqueles cujas obras, como grande parte das de Osman Lins, são consideradas "difíceis" ou herméticas.

Referência

AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel. A estrutura do romance. Coimbra: Almedina, 1974.

COMPAGNON, Antoine. La seconde main ou le travail de la citation. Paris: Seuil, 1979.

LIMA, Luiz Costa. (Org.) A literatura e o leitor. Textos de estética da recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

GENETTE, Gerard. Discurso da narrativa. Lisboa: Vega, 1995.

Fonte de financiamento: CNPq.