MORFOMETRIA E ANÁLISE TEXTURAL DOS SISTEMAS LACUSTRES DA PLANÍCIE ALUVIAL DO RIO ARAGUAIA.

MATA, C.L.

LATRUBESSE, E.M.

Instituto de Estudos Sócio-Ambientais

Clarisse_Lacerda@hotmail.com

latrubes@terra.com.br

 

A pesquisa se localiza na bacia hidrográfica do rio Araguaia entre as cidades de Aruanã e Luiz Alves. A importância do projeto está na propriedade que os lagos têm de estar em contínua mudança, por não serem fixos, e por conterem grande parte da água potável do planeta. O objetivo principal foi esquematizar por meio de gráficos e tabelas a granulometria, os parâmetros morfométricos e suas variações durante períodos de seca e cheia de determinados lagos. A metodologia baseou-se em trabalho de campo para coleta de material de fundo de lagos e medição de parâmetros químicos, processamento das amostras e análise de imagens de satélite e fotografias aéreas para cálculo da morfometria dos lagos, área, comprimento e largura máxima. Pôde-se notar que a mudança morfométrica entre períodos de chuva e de estiagem são muito relevantes e que a distribuição granulométrica apresenta, em geral, um bom grau de seleção, a granulometria concentra-se bem em uma, ou no máximo duas classes com poucos percentuais de sedimentos nas classes secundárias.

Palavras-Chave: Rio Araguaia, Lagos, Sedimentos, Granulometria.

Introdução

O objeto de estudo centraliza-se no sistema lacustre da planície aluvial do médio rio Araguaia. O objetivo principal foi caracterizar a morfometria dos lagos e a granulometria dos sedimentos do leito dos mesmos, além de fazer uma análise dos dados gerados. Este estudo é parte de um grupo maior coordenado pelo Dr. Edgardo Manuel Latrubesse que estuda a bacia em sua totalidade, juntamente com a equipe do Laboratório de Geologia e Geografia Física.

A importância deste trabalho fundamenta-se no fato de que os lagos representam grande parte das águas que cobrem a superfície terrestre e por serem elementos não estáveis da paisagem, possuem uma dinâmica muito peculiar sofrendo mudanças significativas ao decorrer do ano. A relevância está também explicitada por SUGUIO (1973), que relata que a distribuição granulométrica é importante por permitir caracterizar e classificar os sedimentos, correlacionar sedimentos de áreas diferentes por meio de tratamentos estatísticos adequados, possibilitando quantificar os diferentes valores de permeabilidade e porosidade dos sedimentos assim como inferir idéias relativas à gênese dos sedimentos no que diz respeito ao modo de transporte. Dessa forma, esse estudo servirá como base para outras pesquisas que sucederão a esta em ambientes fluviais e lacustres.

 

Materiais e métodos

A metodologia consistiu primeiramente em trabalho de campo, feito pela equipe do Laboratório de Geologia e Geografia Física, realizado em março de 2003, quando foram coletadas amostras de fundo de lagos com uma draga de Petterson modificada.

Após serem coletadas, as amostras em laboratório, foram secas em estufa a 90º C e posteriormente colocadas na mufla, a 550º C durante 4 horas, com o fim de excluir a matéria orgânica encontrada. Foi adicionado às amostras Peróxido de Hidrogênio para completar a queima de matéria. As amostras foram colocadas em um dispersor para separação dos sedimentos que, devido às suas propriedades podem se apresentar muito coesos, e depositadas em peneiras superpostas de diferentes graduações de malhas para distribuição granulométrica. Foi adicionado água destilada ao peneiramento evitando que os sedimentos fiquem presos entre as grades das peneiras. A porção sedimentar retida em cada peneira é depositada em um béquer, e colocado na estufa para secar. O material resultante do peneiramento final, constituiu o material fino, silte e argila. Os sedimentos com granulometria inferior a 0,063mm são separados no tubo de Appiani, onde ficam decantando por 8hs, adiciona-se 3 gotas de amônia para ajudar na separação do silte e da argila. Após 8hs de completa ausência de movimentação, o silte e a argila são armazenados, cada um em um béquer para serem levados a estufa e por fim pesados.

A partir dos dados obtidos por meio de várias pesagens, antes de ir a mufla e depois da amostra processada pôde-se estabelecer uma relação entre material clástico e material orgânico, esses dados foram lançados em gráficos e tabelas de percentuais que expressam o grau de seleção das amostras e a perda de material orgânico.

Para o cálculo dos parâmetros morfométricos foi feita a análise de imagens de satélite e fotografias aéreas que possibilitaram, com o auxílio do programa ENVI o cálculo da variação entre largura, área e comprimento durante períodos de seca e cheia.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos foram: caracterização morfométrica dos lagos para períodos de cheias e estiagem, cujas variáveis foram área, largura e comprimento máximo efetivo, estes, expressos na forma de tabelas; e distribuiç\ao granulométrica, expressa na forma de tabelas, gráficos de freqüência acumulada e histogramas.

Conclusões

A grande quantidade de matéria orgânica encontrada pode ser explicada pelo fato dos lagos, ambientes lênticos produzirem muito mais oxigênio que em ambientes lóticos, como os rios, e por estes lagos em estudo estarem localizados em uma região de elevadas temperaturas, o que favorece a decomposição de matéria orgânica.

O grau de seleção granulométrica é muito acentuado nas amostras de lagos, isso porque em geral os sedimentos sofrem grande grau de abrasão até serem depositados nos lagos e por grande parte dos sedimentos se depositar ao longo do canal principal do rio.

As variações morfométricas dos lagos em estudo é bem acentuada quando comparados períodos de seca e de cheia, em geral a largura e o comprimento aumentam consideravelmente.

Referências Bibliográficas

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SUGUIO, K. (2003); Geologia Sedimentar. São Paulo-SP. Ed.: Edgard Blucher.

SUGUIO, K. (1973); Introdução à Sedimentologia. São Paulo, Ed.: Edgard Blucher, Universidade de São Paulo.

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Fonte de Financiamento

Fundação Estadual do Maio Ambiente – FEMA Controles Abioticos de la Vegetacion em areas de humedales: comparacion y diagnostico de la aplicacion de metodos y tecnicas de espacializacion y monitoreamiento de unidades vegetacionales – CABAH.