A FILOSOFIA MORAL DE KANT

BOLSISTA: CHARLISTON PABLO DO NASCIMENTO - FCHF

Pablonascimento1@bol.com.br

ORIENTADOR: PROF. DR. ADRIANO NAVES DE BRITO

Adriano@fchf.ufg.br

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Palavras chave: moral, transcendente, razão, radicalidade.

 

Introdução

A obra filosófica de Immanuel Kant possui dois focos principais de discussão, encontrados nas obras Crítica da Razão Pura e Crítica da Razão Prática. Na primeira, dá-se a afirmação da existência de juízos sintéticos a priori, e dos limites de nossa razão especulativa, que se prova incapaz de afirmar ou negar quaisquer questões transcendentes; e na segunda, a afirmação de que nossa razão é também prática (ou moral), e o retorno às questões transcendentes como condições do objeto necessário de uma vontade determinada por uma lei moral. Uma tal lei se fundamenta no dever do indivíduo para com toda a humanidade, tratada como fim.

 

Material e Métodos

Este estudo da filosofia moral kantiana compreendeu o estudo e fichamento das obras Fundamentação da Metafísica dos Costumes e Crítica da Razão Prática, além de obras e artigos de outros autores tratando do mesmo tema.

 

Resultados e Discussões

O grande passo da filosofia moral de Kant se encontra no fato de que o bem agir deixa de se fundamentar em um objeto para se assentar na própria lei moral. Kant percebe que ao determinarmos o nosso agir, e também o de outros, através de nossa própria subjetividade, como defendiam os utilitaristas, tornamo-nos não somente tiranizadores sobre a vontade alheia, como também tiranizados pelos nossos próprios desejos. A determinação subjetiva do agir nos faz cair em desconfianças, impossibilitando qualquer regra para o bem agir. Afinal, como determinar o que é bom ou mau a partir de um critério maleável, e do qual poderei ter uma outra opinião no dia seguinte? O princípio da própria felicidade, ao ser transfigurado como determinador da vontade, produz não só uma contradição lógica como também prática; pois o conceito de moralidade só pode existir se ela tiver uma relação clara com a nossa vontade, e uma tal clareza só poderemos obter da razão, e jamais de um sentimento. Podemos afirmar, sob um prisma empírico, que a virtude, ligada ao contentamento e ao prazer, levam à felicidade; enquanto o vício leva à dor e à inquietação. Pois bem: podemos afirmar racionalmente que um viciado seja tratado como mau pelo vício e, anteriormente a este período, ser considerado bom, como se fosse os objetos que lhe definissem o caráter?

Há interiormente, em todos nós, uma consciência que nos afirma já de antemão o que é certo ou errado, mesmo que não tenhamos a clareza objetiva de uma lei moral, e que nos traz, quando agimos moralmente, um sentimento positivo de satisfação. A sensibilidade tiraniza a nossa vontade, imputando-lhe a prisão material. Nós, como animais racionais, sabemos que a razão é somente uma, ao passo que o sensitivo varia de uma pessoa para outra. Portanto, cabe à primeira ser a legisladora de uma vontade que se queira moral, válida pra todos da mesma forma. Temos conhecimento, ainda que desconhecedores de uma lei absoluta, quando agimos moralmente ou não. Um criminoso absolvido sabe, em seu íntimo, de sua culpa. E ainda que finja uma inocência para todos os outros, tem consciência de ter agido mal. Devemos encarar a razão como um fim, em-si, e dos que dela participam, também como um fim. O homem, vendo a si próprio como fim, como também a todos os outros homens, e não mais os objetos que nos atraem, torna o seu agir certo, bom, moral. Isto porque passa a agir em nome de um princípio e não de uma conseqüência. Possuímos regras para o agir que visam a alguma coisa, a qual Kant chama imperativo hipotético, e o imperativo categórico. O primeiro se realiza em nossa necessidade de obter algo para nosso proveito, e o segundo, quando se visa justamente o princípio moral. O imperativo categórico exige de nós, participantes de dois mundos, que nos tornemos participantes somente do mundo da razão, e que tratemos a toda a humanidade com o mesmo direito de ação que nos damos a nós. Devo, para Kant, agir sempre por dever e visando apenas o meu respeito à lei moral, mesmo que para isso venha sacrificar a minha própria felicidade. O bem agir ganha, em sua filosofia, o status de bem supremo, superior à felicidade e a qualquer outra necessidade humana – devendo ser querido sobre todas as outras. Kant afirma um progresso ao infinito, cujo alcance seria a possibilidade de alcançarmos a santidade – razão – passando a ter a idéia moral já em nós mesmos, e não como uma obrigação. Sua ação moral deixa de ser aquela moralidade do nosso dia a dia, que consiste em sermos o melhor que conseguimos ser, mas uma que nos obriga a sermos o melhor objetivamente, tendo sempre a humanidade em nós mesmos.

Conclusão

A filosofia moral kantiana foi responsável por inaugurar uma nova visão a respeito do fundamentador moral e da própria moral em si. Contrária a qualquer ideal empírico, a moral em Kant se fundamenta por inteiro em nossa razão pura, desprovida de qualquer influência sensível. Por conseguinte, sua teoria afirma que não devemos agir por qualquer interesse sobre os resultados, o que poderia implicar numa simples legalidade da ação, mas unicamente na própria intenção, que deve agir por respeito à lei.

 

 

Referências Bibliográficas

KANT, Immanuel

Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Edições 70.

Crítica da Razão Prática. Edições 70.

Textos Selectos. Ensaios. Editora Vozes. Petrópolis. 1974.

PASCAL, Georges

A Filosofia Moral de Kant. Editora Vozes. 1987.