Diagnósticos de Potencialidades para o Turismo Rural em Propriedades do Entorno do Lago da UHE de Serra da Mesa-Município de Barro Alto
CERQUEIRA, A.T.
Instituto de Estudos Sócio- Ambientais
santece@pop.com.br
galmeida@iesa.ufg.com.br
Palavras chave: desenvolvimento local e turismo rural
Resumo expandido
O turismo não é um fenômeno novo, mas foi a partir da segunda metade do século XX que ganhou maior impulso. O turismo atualmente tem alcançado grande expressão mundial sendo responsável por um grande número de empregos e divisas. Segundo Moretti "é com o avanço da tecnologia de informação, de comunicações e transporte que esta atividade atinge praticamente todos os lugares do mundo e tem significativa importância no comércio internacional" (2000, p.143). Embora o turismo não seja economicamente acessível a todos, ele envolve todas as classes sociais, de acordo com Barreto, "esta atividade abrange todas as camadas e grupos sociais, não porque todos sejam turistas, mas porque tal fenômeno atinge, de alguma maneira, também aqueles que não o praticam" (2001, p. 18). O turismo tem sido apontado por estudiosos e planejadores públicos como um vetor para o desenvolvimento econômico. Dentre as modalidades de turismo que atualmente mais tem se destacado está o turismo rural. Esta modalidade de turismo está voltada para espaços não urbanos, valoriza a cultura local e é capaz de gerar renda por meio da agregação de valor a produtos e serviços além de promover o lugar. Os principais produtos do turismo rural são as atividades praticadas no cotidiano da vida rural. Entre essas atividades pode-se citar a lida com o gado e outras criações, o trabalho nas plantações, as formas de lazer rurais como a pesca e a cavalgada, a produção de doces de maneira artesanal, tecelagem, bordados, crochês ou qualquer outra atividade típica do meio rural. O turismo rural pode também estar aliado ao ecoturismo com visitas a atrativos naturais e ou atividades ao ar livre. Essa aliança é de grande interesse para os proprietários que podem contornar a falta de infra-estrutura oferecendo serviços complementares. É através do aproveitamento dessas atividades que o turismo pode promover um desenvolvimento de áreas economicamente estagnadas sem que as atividades locais sejam substituídas e sim aproveitadas e até incrementadas com o aumento de demanda por produtos rurais. As características fisico-econômicas de Goiás lhes dão um grande potencial para o turismo rural já que esse estado é um dos grandes produtores agropecuários do Brasil, sendo então um estado eminentemente rural além de possuir muitas áreas naturais. Apesar de toda vocação agrícola desse Estado, vários municípios do Nordeste Goiano sofrem com a estagnação da agricultura e possuem baixa arrecadação de ICMS, fato este, que demonstra a necessidade de fomentadores da economia local. O turismo rural que já vem sendo desenvolvido em outros locais, principalmente na Europa, apresenta-se como uma alternativa para esta situação, já que tem a capacidade de gerar rendas para a população e para o poder público. O município de Barro Alto que fica na região Nordeste de Goiás, tem como principal atividade econômica a agropecuária, porém esta atividade não é suficiente para suprir as necessidades locais. Um dos problemas que a baixa produção econômica tem provocado é a evasão populacional que chegou m a alcançar índices de crescimento geométrico populacional negativo nos últimos anos. De acordo com entrevistas vários proprietários venderam suas terras por não terem como pagar dívidas, devido a empréstimos bancários. Estes problemas econômicos e a relevante construção da Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa, que inundou parte do território do município acrescentando um novo potencial turístico à região, foram os motivos que nos inspiraram a fazer a presente pesquisa. O presente trabalho utilizou-se de várias fontes bibliográficas, trabalhos de campo neste e em outros municípios da região além de entrevistas. Fotografias e filmagens foram feitas com o objetivo de melhor registrar todo o potencial do local. O resultado da pesquisa mostrou-se promissor tanto para turismo rural quanto para outras modalidades de turismo como o ecoturismo, o turismo cultural histórico religioso e também para o turismo em unidades de agricultura familiar. O município possui grandes, médios, pequenos agricultores e os que vivem apenas da agricultura familiar. Os grandes e médios proprietários ocupam-se com a cana, com a seringueira e com o gado de corte. Já os pequenos proprietários e agricultores familiares se ocupam de pequenas lavouras de subsistência que têm como principais produtos a mandioca, o milho e hortaliças. Possui várias fazendas com construções típicas de madeira, de pau a pique e adobe. As produções artesanais de queijo, farinha e rapadura além tecedeiras, bordadeiras e crocheteiras são comuns no local. Esses produtos são de grande importância para o turismo rural, pois ajudam a agregar valor e a divulgar o lugar. Embora vários proprietários possuam gado leiteiro o leite não é vendido, pois os proprietários não têm condição de comprar um resfriador que é uma exigência da Agência rural para a comercialização do leite. Barro Alto mostrou-se também rico em paisagens naturais e em animais nativos. A riqueza natural do lugar propicia uma aliança entre o turismo rural e o ecoturismo o que pode otimizar o potencial turístico além de possibilitar a aliança entre proprietários com atrativos e estruturas diferenciados, ajudando assim a superar as deficiências de atendimento. O resultado da pesquisa nos leva a conclusão de que o município realmente precisa de um novo fomento para a sua economia e que turismo rural pode vir ajudar a esta população a encontrar no seu próprio lugar uma oportunidade de vida. Porém fazem-se necessárias adequações à clientela turística. Os principais problemas encontrados no município são a falta de informação sobre a localização dos atrativos, a falta de sinalização, algumas vias são de difícil passagem e os atrativos não estão preparados para receber adequadamente a exigente clientela turística. Porém esses problemas não inviabilizam a implantação imediata da visitação aos atrativos já que alguns já recebem turistas. A adequação não demandará grandes investimentos, mas que exigirá um envolvimento tanto dos empreendedores quanto da autoridade local.
Órgão financiador: SECTEC
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